Por Luiz Padilha
O Euronaval Press Tour foi intenso, com muitas informações referentes à indústria militar francesa. Neste artigo, vou abordar nossa visita à Base Naval de Toulon e as instalações do Naval Group em Lorient.
Os representantes da DGA fizeram uma rápida apresentação sobre o programa Barracuda, os submarinos de ataque de nova geração (classe SSN Suffren). O programa prevê 6 submarinos para assumir a atual classe Rubis, que foram encomendados em dezembro de 2006 por um contrato entre a DGA, a Naval Group e a Technic Atome. O Suffren, primeiro da classe foi qualificado e entregue em novembro de 2020 enquanto os próximos (FS Duguay-Trouin, FS Tourville, FS De Grasse, FS Rubis e FS Casabianca) serão entregues até 2030.
A Marinha francesa busca nesta nova classe de submarinos manter-se atualizada com a evolução dos sistemas de combate, armamento e de guerra eletrônica.
Características principais
- Peso: cerca de 5.000 toneladas
- Comprimento: 99 m
- Boca: 9 m
- Propulsão: 1 reator nuclear tipo K15
- Tripulação: 63 tripulantes, incluindo 12 oficiais passageiros adicionais, e até 12 de forças especiais
A classe Barracuda carrega 2 vezes mais armas e com o novo reator terá uma velocidade tática maior, além de poder ficar mais tempo on station. Seus armamentos de nova geração vão desde torpedos e mísseis de cruzeiro a mísseis anti-navio (MdCN, F21, SM39 B2M2), sendo 16 em tempo de paz e 24, no máximo, em caso de guerra.
O Suffren tem demonstrado alta mobilidade, resistência e grande autonomia, o que é fundamental para a cooperação com a força naval, através de links táticos e do satcom, fornecendo escolta segura para um Grupo Tarefa.
Fragata de Defesa e Intervenção (FDI) – Belh@ra
O Naval group proporcionou ao grupo de jornalistas do Euronaval Press Tour 2022 uma visita ao interior de sua mais nova fragata, a Amiral Ronarc’h (D 660). Eu já havia visitado o estaleiro do Naval Group em Lorient, quando pude entrar no prédio onde eram construídas duas fragatas FREMM, mas apenas externamente. Desta vez foi uma visita mais a fundo, para que pudéssemos conferir a alta qualidade dos serviços executados pelo Naval Group.
Passamos por diferentes prédios onde partes da FDI são construídas. Um prédio para a construção dos tubos, outro para o corte de chapas e uma enorme prensa hidráulica para fazer curvas em chapas com grande espessura.
A primeira fragata FDI Amiral Ronarc’h deverá ser lançada ao mar ainda em 2022 e comissionada pela Marinha Francesa em 2024. As seguintes serão: Amiral Louzeau (D 661), Amiral Castex (D 662), Amiral Nomy (D 663) e Amiral Cabanier (D 664).
A fragata FDI, quando foi apresentada, chamou a atenção pelo seu design inovador e por ser equipada com sensores de última geração. Seu radar Thales Sea Fire, com quatro antenas fixas, permitirá ao navio realizar uma ampla gama de missões, desde autodefesa até a defesa aérea prolongada. Para isso, a fragata conta com o míssil Aster 15 da MBDA.
Seu sistema de comunicação digital integrado, Thales Aquilon, garante a interoperabilidade do navio com a tripulação e um interrogador IFF Bluegate. Seu canhão de 76mm da Leonardo é controlado pelo radar de direção de tiro Stir 1.2 e o sistema Sentinel, um sistema de guerra eletrônico digital avançado construído em torno de uma arquitetura modular.
As fragatas possuem um convoo com capacidade para operar o helicóptero NH90 na Marinha Francesa e MH-60R na Marinha da Grécia, e contam com o sistema RAST (Recovery Assist Securing & Traversing).
FDI para a Grécia
Em setembro de 2021, a Grécia assinou um contrato com o Naval Group para a construção de três fragatas FDI com opção para mais uma, em um pacote de defesa de US $ 5 bilhões. Em paralelo a construção da primeira FDI para a Marinha Francesa, ocorre a construção da primeira fragata encomendada pela Marinha da Grécia que se encontra em estágio avançado de produção. Durante a visita vimos partes da primeira, a HN Kimon, em construção.
As fragatas FDI da Grécia e as Francesas terão configurações diferentes. A FDI da Marinha da Grécia terá lançador VLS Sylver capaz de transportar até 32 mísseis de defesa aérea ASTER-30 (4 A-50 ou 3 A-50 e 1 A-70 para 8 Mísseis MDCN).
Assim, na concepção grega, o navio poderá operar com mísseis de defesa aérea e mísseis de defesa de ponto, estando equipado com um lançador SeaRAM RIM-116 (Rolling Airframe Missile), com 21 células, 8 mísseis anti-navio Exocet Block 3, 2 lançadores duplos de torpedos MU90 e contramedidas anti-torpedo Canto.