Esquadrão HU-4: EVAM e Tiro real de Metralhadora

Evacuação Aeromédica (EVAM)

Por Guilherme Wiltgen e Luiz Padilha

No Pantanal, as distâncias são muito grandes e a infra-estrutura rodoviária muito precária. No caso de um acidente ou enfermidade grave, a população ribeirinha depende da agilidade dos “Gaviões” da Marinha.

Os acionamento até novembro, quando estivemos no Esquadrão, totalizava a expressiva marca de 14 Evacuações Aeromédicas, ou seja, 14 vidas foram salvas pela “Asas da Marinha no Pantanal”.

Uma grande responsabilidade para o 6º DN, que além das aeronaves, também dispõe para este tipo de missão o médico, o enfermeiro e a ambulância do Hospital Naval de Ladário, caso seja necessário. A transferência do resgatado também é feito em parceria com o SAMU – Serviço de Atendimento Movél de Urgência, que também disponibiliza a ambulância e equipe médica para a transferência desde o heliponto do Esquadrão até o hospital.

     

Para que estas missões possam ser cumpridas com sucesso e segurança, algumas medidas são tomadas previamente pela Marinha. Algumas ocorrências podem acontecer no limite da autonomia do UH-12. Para estes casos, são colocados em pontos previamente escolhidos, tanques de estocagem flexíveis de combustível, com capacidade para 200 litros, fabricados pela empresa S.A.T – Serviço Aéreo Técnico Ltda, sediada em Taubaté-SP.

     

Estes reservatórios podem ser transportados por veículos ou serem arremessados do helicóptero de até 6m de altura. É constituído por um tecido de poliamida, armado em tela aderente, revestido por duas camadas de elastômero sintético, resistentes aos hidrocarbonetos.

Estes também são utilizados com um conjunto motobomba portátil com motor elétrico, que atende as condições de operação no Pantanal, operando na faixa entre -20°C até 50°C de temperatura, e pesando em torno de 27 Kg.

Tiro de Metralhadora MAG 7,62mm

A nossa última missão com o HU-4 compreendia um exercício de tiro real com a metralhadora MAG 7,62mm, montada na porta lateral esquerda do “Gavião 53”.

O exercício seria realizado na Área de Adestramento do Rabicho (AAR) e para isso, a Marinha tomou antecipadamente todas as precauções necessárias. Foi emitido o “Aviso aos Navegantes” e enviadas três embarcações do 6º DN para interditaram os três acessos do rio Paraguai, para que nenhuma embarcação civil se aproximasse da área de realização do exercício.

     

Já ao HU-4, coube emitir o NOTAM (Notice to Airmen), que significa “Aviso aos Aeronavegantes”, para divulgar, antecipadamente, a informação aeronáutica da realização do exercício, visando à segurança da navegação aérea na região.

     

Prontos, os “Gaviões 53 e 57” nos esperavam sair do briefing para decolarem em direção ao nosso já conhecido “Rabicho”, para finalmente mostrarem as suas garras. Apesar do tempo nublado e com pouca chuva, não muito típico para o período, estávamos prontos para “largar o aço” com os aguerridos Esquilos.

     

Ao nos aproximarmos da AAR, conhecemos mais uma característica do Pantanal, a chuva. Quando ela vem, vem com muita força e acompanhada de muitas descargas elétricas. Diante do cenário nada favorável, optamos por adiar temporariamente, afinal, tínhamos a parte da manhã inteira para poder realizar o esperado exercício.

Retornamos ao Esquadrão para esperar uma melhora nas condições meteorológicas no Rabicho mas, infelizmente para nós, a notícia não foi boa. A previsão era de chuva forte para todo o período da metade da manhã até o dia seguinte, nos atingindo também com chuva forte ainda no final da manhã, finalizando nossos voos.

     

Como não tivemos a oportunidade de fotografar e filmar o tiro real de metralhadora, o Esquadrão gentilmente nos cedeu algumas fotos do UH-12 armado com metralhadora axial e o vídeo, que mostra um dos exercícios realizados recentemente no Rabicho com a metralhadora lateral.

Ao retornarmos ao heliponto do Esquadrão, seguimos as tradições das unidades aéreas e realizamos com o CC Dos Anjos a troca das bolachas, presenteando-o com a bolacha do DAN. Em retribuição, recebemos a bolacha da “Operações no Pantanal” e uma muito especial, a comemorativa dos 19 anos do HU-4, e que orgulhosamente foi colocada no meu macacão pelo “Gavião Líder”.

Da esq. para dir.: Guilherme Wiltgen, CT Feitosa, CT Gregório, CC Dos Anjos, Luiz Padilha, SG Roque e SG Aurélio.

Em nosso último dia a bordo, tivemos a companhia do CC Paraquett, Imediato do HU-4, que retornava de um curso na BAenSPA, quando aproveitamos para baixarmos a “bandeira de faina”, encerrando nossa passagem pelo Esquadrão.

NOTA do EDITOR: Com este capítulo, encerramos as matérias realizadas com o Esquadrão HU-4. Nosso objetivo foi mostrar um pouco do trabalho silencioso realizado pela nossa Aviação Naval, e pela Marinha do Brasil no âmbito do 6º Distrito Naval, em uma região inóspita, onde muitas vezes, a vida de um brasileiro, invisível a maioria dos olhos da sociedade, depende do incansável trabalho destes militares.

Aproveitamos para agradecer ao nosso amigo Comte. Dos Anjos, pela forma fraternal com que recebeu o Defesa Aérea & Naval, nos proporcionando conhecer as principais atividades do HU-4, que demonstrou proficiência e profissionalismo no emprego dos nossos meios aeronavais.

Agradecemos também ao CC Paraquett e aos CT Feitosa e Gregório, aos 1T Gurgel e Cavalcante e aos SG Alberto, Aurélio e Roque, que nos acompanharam em todos os voos.

Em especial, gostaríamos de agradecer a todos os tripulantes do HU-4, que direta ou indiretamente, contribuíram para que a nossa permanência fosse cercada pela boa camaradagem marinheira, que com os seus trabalhos, mantem as nossas aeronaves sempre “na marca” para cumprirem com as suas missões. Temos certeza que fizemos muitos amigos no “Ninho do Gavião”.

BRAVO ZULU “Gavião Pantaneiro”!

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