Corveta Tamandaré: Wilson, Sons o estaleiro do Consórcio Damen Saab

O Defesa Aérea & Naval visitou o Estaleiro do consórcio Damen Saab Tamandaré. Se selecionado, aqui serão construídas as quatro corvetas Sigma 10514 para a Marinha do Brasil.

Por Guilherme Wiltgen

Visando trazer mais informações sobre o programa das Corvetas Classe Tamandaré (CCT), visitamos as instalações do Wilson, Sons Estaleiros (WSE) no Guarujá/SP. O estaleiro é parceiro do consórcio Damen Saab Tamandaré, que está no short-list para construção de quatro corvetas anunciado nesta última segunda-feira (15) pela Marinha do Brasil.



Histórico do WSE

Fundada em Salvador (BA) em 1837, a Wilson Sons transformou-se em um grupo sólido, robusto e diversificado ao longo dos últimos 181 anos. Atualmente, o Grupo concentra suas atividades na prestação de serviços portuários e marítimos, sendo notadamente reconhecido como um dos maiores do país, com forte governança e ações listadas na Bolsa de Valores de São Paulo [B3].

O Grupo detém dois importantes Terminais de Contêineres, o Tecon Rio Grande e o Tecon Salvador, e é líder no mercado de rebocagem marítima e apoio marítimo, com uma frota de 75 rebocadores e 23 PSVs (Plataform Supply Vessel), sendo estas embarcações construídas em estaleiro próprio, localizado no Guarujá, em São Paulo.

Guarujá II (GII)

Durante a visita realizada, o DAN foi recebido pelo diretor executivo da Wilson, Sons Estaleiros, Adalberto Souza, pelo Gerente Comercial & Suprimentos, Eduardo Valença e pelo Diretor de Produção, Alexandre Canhetti.

Acompanhado pelo Engenheiro Naval Canhetti, que é Capitão de Mar e Guerra (EN) Reformado, realizamos a visita externa ao estaleiro Guarujá II onde serão construídas as quatro Corvetas SIGMA 10514, caso o consórcio Damen Saab venha a ser declarado vencedor do programa.

        

O Engº Canhetti mostrou toda a infraestrutura do estaleiro, desde a área de almoxarifado, pátio de armazenamento, o berço, o dique seco e a oficina de montagem de blocos, onde serão montados os módulos dos navios, seguindo o projeto modular da Damen, e depois transferidos para o dique seco para a integração de todos os módulos.

       

A WSE e a Damen são parceiras há mais de 20 anos, com mais de 90 projetos elaborados e executados em conjunto. Com o acordo firmado entre o estaleiro holandês e a Saab no programa CCT, o WSE se tornou naturalmente o estaleiro do consórcio, face a longa parceria já existente entre as empresas. Nesse período, já foram construídos 58 rebocadores e 22 embarcações de apoio offshore para clientes diversos, além de 12 lanchas balizadoras/patrulhas fornecidas para a Marinha do Brasil na década de 90. Além das construções, a cooperação entre as empresas nos últimos anos tornou possível o desenvolvimento em conjunto do Centro de Aperfeiçoamento Marítimo William Salomon, localizado dentro do Estaleiro e credenciado pela Marinha, utilizado pelo Grupo Wilson Sons para treinamento de sua tripulação de rebocadores, um pequeno exemplo de transferência de tecnologia.

Dentre os navios lançados pelo WSE, ressaltamos o ROVSV (Remotely Operated Vehicle Support Vessel) “Fugro Aquarius” por tratar-se do projeto mais complexo desenvolvido pelo estaleiro em parceria com a Damen. O “Fugro Aquarius” foi construído no mesmo estaleiro que visitamos, o Guarujá II, um Estaleiro moderno e de apenas 5 anos idade, tendo sido erguido com o intuito de elevar a capacidade de processamento de aço da companhia de 4,5 mil toneladas para 10 mil toneladas por ano, além de permitir a realização atividades de manutenção e reparo. O trabalho durou cerca de três anos. O ROVSV possui 83 metros de comprimento, 18 metros de boca, porte bruto de 1,9 mil toneladas e está equipado com dois ROV (Remotely operated underwater vehicle), que permitem a observação e montagem de estruturas submarinas offshore, e possui propulsão diesel-elétrica.

O “Fugro Aquarius” foi construído no mesmo estaleiro que visitamos, o Guarujá II, e esse projeto elevou a capacidade de processamento de aço da companhia de 4,5 mil toneladas para 10 mil toneladas por ano. A montagem durou um ano e quatro meses. O ROVSV possui 83 metros de comprimento, 18 metros de boca, porte bruto de 1,9 mil toneladas e está equipado com dois  ROV (Remotely operated underwater vehicle), que permitem a observação e montagem de estruturas submarinas offshore, e possui propulsão diesel-elétrica.

O “Fugro Aquarius”, face a sua capacidade de monitoramento e escavação em águas profundas, utilizando seus veículos submarinos operado remotamente (ROV), que são equipados com câmeras de vídeo e sensores capazes de vasculhar espaços com condições de visibilidade restrita, foi empregado nas buscas ao caça AF-1B N-1011 da Marinha do Brasil, que se acidentou no mar em 2016.

O WSE é reconhecido no mercado pelo seu histórico de entregas dentro do prazo, do orçamento, e seguindo as melhores práticas SMS (Segurança, Meio-Ambiente e Saúde), tendo a empresa alcançado alguns índices relevantes nos últimos meses, como a marca de 2 milhões de horas sem acidentes com afastamento e a conclusão do ano de 2017 sem acidentes. O fato de ter a Damen diretamente envolvida neste trabalho, vai agregar ainda mais “know-how” para a construção desses navios.



Localização Estratégica

Wilson, Sons Estaleiros está estrategicamente localizado no Guarujá (SP), próximo ao porto de Santos e da Bacia de Campos, e dentro do maior complexo portuário da América Latina. Esta localização permite fornecer novas embarcações e serviços de manutenção e reparos navais para o mercado nacional e internacional, além de estar próximo de grandes indústrias e fornecedores.

Logisticamente, o Porto de Santos sendo a porta de entrada de mercadorias vindas do exterior, também vai facilitar a chegada de materiais para a construção dos navios.

A proximidade com a capital paulista, também facilitará o acompanhamento da Marinha do Brasil (MB) durante todas as etapas de construção dos navios no Brasil, além das próprias facilidades que a cidade de Santos proporciona, a MB também possui Organização Militar em Santos, como a Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP), além do 8° Distrito Naval, sediado na cidade de São Paulo.

Sua localização na entrada do porto também oferece facilidades para o lançamento dos navios, saindo do dique seco sem prejudicar o movimento dos navios que entram e saem do canal de Santos, com o berço localizado bem próximo, onde o navio vai permanecer atracado para dar continuidade nos trabalhos internos.

O estaleiro vai realizar pequenas adequações exigidas na RFP para a construção dos navios, mas nada relevante e que possa atrapalhar o cronograma de construção, nos esclareceu o Sr. Eduardo Valença.

Construção modular

A corveta SIGMA 10514, tem um design comprovado sendo construído de forma exclusiva usando uma abordagem modular, através de Modularidade Geométrica Integrada, que permite uma maior flexibilidade, e caso necessário, a construção pode ser realizada em vários locais e depois integrar os módulos em um único navio.

Montagem da POLA da Marinha do Mexico

Assim como está ocorrendo no México, com o Patrulheiro Oceânico de Longo Alcance (POLA), os módulos serão construídos localmente. A construção destes módulos, bem como a sua integração, serão realizados no WSE, sob a supervisão da Damen.

Somente a construção dos dois primeiros módulos do primeiro navio vai ser feita na Europa, e uma equipe brasileira estará na Holanda para supervisionar o processo e receber a transferência de conhecimento, possibilitando aos engenheiros brasileiros a capacitação necessária para construírem todos os módulos das demais unidades no Brasil.

A oficina de montagem em blocos, está capacitada a realizar a montagem das seções dos navios e estão localizadas ao lado do dique seco, facilitando a operação e seguindo o “Know How” da Damen.

        

Muito além de um Estaleiro

O WSE tem por trás um grupo muito sólido e conhecido, que atua no seguimento marítimo e portuário há muitos anos e que conta com uma grande estrutura empresarial, além de ser listada na Bolsa de Valores de São Paulo.

       

No sistema portuário, o Grupo Wilson Sons opera 2 Terminais de Contêineres (Tecon Rio Grande e Tecon Salvador), 2 Terminais de Apoio Logístico a Indústria de O&G (Brasco-Niterói e Brasco-Caju) e 2 Armazéns Alfandegados (EADI Santo André e EADI Suape), além da Allink, especializada na consolidação de carga marítima e única consolidadora neutra do país.

Já o sistema marítimo reúne a frota de 75 rebocadores espalhados pelos principais portos do país, 2 Estaleiros localizados em Guarujá e os serviços de agenciamento marítimo. O Grupo detém também 50% da joint venture Wilson Sons Ultratug Offshore, cujas 23 embarcações oferecem apoio para plataformas de exploração e produção de petróleo e gás.

Da esq. para dir.: Engº Canhetti, Adalberto Souza e Eduardo Valença

NOTA do EDITOR: O Defesa Aérea & Naval agradece ao WSE pela oportunidade de conhecer a sua estrutura e proporcionar aos nossos leitores conhecer mais sobre um dos principais estaleiros brasileiros e um dos possíveis vencedores do programa CCT.



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