Por Guilherme Wiltgen e Luiz Padilha
Na sexta-feira (21/10) os editores do Defesa Aérea & Naval visitaram a maior fabricante de helicópteros da Europa, a Airbus Helicopters, em sua sede localizada em Marignane, em Aix-en-Provence na Côte d’Azur.
As instalações em Marignane compreende as linhas de montagens da maioria dos helicópteros civis e militares projetados e construídos pela Airbus Helicopters, possuindo aproximadamente 12 mil funcionários nessa planta.
Tudo dentro da fábrica impressiona pela tamanho e tecnologias empregadas na produção da sua ampla gama de helicópteros civis e militares, muitos deles também voando nos céus brasileiros.
DHC0 – Dynamic Helicopter Zero
Um prédio novo, que não havia em 2014 quando visitamos a Airbus Helicopters pela primeira vez, é o DHC0 – Dynamic Helicopter Zero, único no mundo.
Nesse imponente edifício em forma de cilindro (por causa do formato do rotor principal dos helicópteros), e com o teto retrátil, são realizados testes de integração nos sistemas dinâmicos, como os rotores principal e de cauda, motor, MGB, TGB, transmissão e sistema de controle de voo.
Também pode ser utilizado para realizar testes de resistência em montagens dinâmicas conforme exigido pelas autoridades de certificação.
Racer – O conceito disruptivo da Airbus
Tudo dentro da planta de Marignane chama atenção, mas um ponto da visita foi um divisor de águas. O Racer!
O Racer é um demonstrador de helicóptero de alta velocidade cuja fórmula aerodinâmica simples e segura, busca alcançar o melhor desempenho unindo velocidade, custo x benefício e desempenho da missão.
A aeronave se baseia no sucesso do demonstrador X3, que validou uma configuração aerodinâmica que combina um rotor principal tradicional e rotores laterais inovadores.
No momento da nossa visita o demonstrador estava no hangar do Marignane Development Centre (MDC), um moderno prédio de 18 mil m², construído com conceito ao estilo do vale do silício, muito diferente de todos os outros que havíamos visitado, mostrando que ali são desenvolvidos modernos processos de P&D.
Ao entrar no hangar, a imagem do Racer impressiona a primeira vista e a percepção só aumenta a partir do momento que começamos a conhecer os diversos processos de desenvolvimento e tecnologias empregadas, que conhecemos de forma muito detalhada.
O Racer foi desenvolvido no âmbito do projeto European Research Clean Sky 2, maior programa de pesquisa para a aviação já lançado na Europa, que desenvolve tecnologias inovadoras e de ponta que visam reduzir o CO2, as emissões de gases e os níveis de ruído produzidos pelas aeronaves. O programa Racer envolve quarenta parceiros de treze diferente países europeus.
A aeronave é otimizada para uma velocidade de cruzeiro de 400 km/h, apresentando uma variedade de tecnologias inovadoras, tais como:
- Asas projetadas para eficiência aerodinâmica
- Fuselagem híbrida de compósito projetada para reduzir o peso
- Novo gerador elétrico de alta tensão e corrente contínua
- Fuselagem traseira com perfil de seção transversal assimétrica, projetada para otimizar o desempenho no pairado sem penalizar as fases de voo e o de cruzeiro.
A preocupação com o impacto ambiental da aeronave é mandatório no projeto. Sua configuração dinâmica permite uma redução de 15% no consumo de combustível por milha náutica a uma velocidade de 180 nós, em comparação com um helicóptero convencional a 130 nós.
O inovador sistema híbrido-elétrico Safran Eco-Mode, permite que um dos dois motores Aneto-1X seja colocado em stand-by durante o voo de cruzeiro, gerando aproximadamente 30% a mais de economia de combustível.
A Airbus Helicopter vislumbra o mercado de EMS (Emergency Medical Services), SAR (Search And Rescue) e o transporte de passageiros para o emprego do Racer. No caso do EMS, para cobrir todo o território francês, seriam necessárias apenas nove bases, considerando a autonomia e a velocidade de deslocamento.
H225/H225M: Linha de produção e Sustainable Aviation Fuel (SAF)
Outro ponto que chamou a atenção durante a visita em Marignane foi a linha de montagem do H225/H225M, que segue aberta e com diversas aeronaves em produção.
O processo de fabricação do H225 na França está em plena operação, com helicópteros em diferentes estágios de fabricação na FAL (Final Assembly Line).
Foi possível observar diferentes versões do H225 para clientes civis e do H225M para clientes militares, inclusive um H225M de um país Asiático que estava realizando os últimos voos de testes antes da entrega ao cliente.
Também conhecemos o H225 matrícula F-WWOI, primeiro helicóptero a realizar o voo com os dois motores Safran Makila 2 usando 100% de SAF (Sustainable Aviation Fuel), que marcou o início de uma campanha de ensaios em voo, cujo objetivo é avaliar o impacto do uso SAF não misturado a outro combustível nos sistemas de helicópteros.
Esse novo marco inicia a etapa de certificação para o uso de 100% SAF nos helicópteros da Airbus, o que vai significar uma redução de até 90% nas emissões de CO2.
A Airbus Helicopters pretende reduzir as emissões de CO2 de seus helicópteros em 50% até 2030 com o uso SAF, que permite que a aeronave minimize sua pegada de carbono enquanto mantém o mesmo desempenho de voo.
O objetivo é alcançar a certificação de 100% SAF até 2030 para os helicópteros Airbus. Todos os helicópteros comerciais da Airbus são certificados para voar com uma mistura de até 50% de SAF.
NOTA DO EDITOR: O Defesa Aérea & Naval agradece a Jean-Luc Alfonsi (Pres. da Helibras) e Leandro Brasil (Gestor de Comunicação da Helibras) pelo apoio incondicional a nossa visita e a Yves Barillé (VP de Comunicação da Airbus Helicopters), Laurence Petiard (HO de Comunicação Externa da Airbus Helicopters), Belén Morant (Gerente de Comunicação Externa da Airbus Helicopters), Marie Froment (HO Super Puma FAL), Julien Guitton (HO Racer Programme), Benjamin Holveck (HO H160 Operational Control), Gilles Arnaud (H175 Contract Manager) e a Julien Negrel, Dominique Andreani e Carlos Malagrino pela atenção e gentileza com que todos nos receberam em Marignane.