Investimento em tecnologia naval e o posicionamento indiano no Oceano Índico

Por Iasmin Gabriele Nascimento

É fato que o Oceano Índico é peça fundamental para a geopolítica do Sul da Ásia. Embora a China esteja empenhando esforços de projeção de poder no local, seja através da Iniciativa Cinturão e Rota ou de outras estratégias, a Índia também tem investido em poderio naval, a fim de consagrar-se como potência regional.

Com esse foco, o país sul-asiático comissionou, na segunda metade de 2022, o INS Vikrant, o seu novo porta-aviões. Nesse contexto, cabe refletir sobre a estratégia naval indiana e seus desdobramentos para o equilíbrio de poder asiático.

Com um custo de cerca de US$ 2,5 bilhões, a previsão é de que o porta-aviões esteja plenamente operacional até o fim de 2023. De acordo com um comunicado de imprensa da Cochin Shipyard Limited, subsidiária local da GE Marine, responsável pela construção do navio, a empresa oferecerá à Marinha indiana um pacote de soluções digitais, que tem por finalidade melhorar as capacidades das turbinas a gás do navio. Segundo a companhia, tal melhoria, possível a partir da utilização de tecnologia de ponta, irá proporcionar mais eficácia operacional e redução de riscos. Apesar desses aprimoramentos, cabe ressaltar que a entrega do Vikrant deveria ter sido realizada entre 2015 e 2016.

Para a Índia, é fundamental empenhar esforços em direção ao Oceano Índico para além das alianças estratégicas com Estados insulares, caso queira de fato consolidar seu status de potência regional. Sua dependência de armamentos russos gera constantes receios, fato aprofundado com invasão à Ucrânia em 2022 e o estremecimento das relações entre Rússia, Estados Unidos e potências europeias, afetando a aquisição indiana de aparatos de Defesa.

Assim, aprimorar seu poderio militar é de suma importância, fato que o país vem buscando solucionar: de acordo com o The Military Balance 2023, a Índia conta, atualmente, com o segundo maior orçamento de Defesa (cerca de US$ 60 bilhões) e o segundo maior contingente militar da Ásia, atrás apenas da China.

Fica claro, então, que, para Nova Déli, investir em sua Força Naval é imperativo, não apenas para reafirmar sua posição e conseguir de fato fazer frente aos avanços chineses no Oceano Índico, mas também para demonstrar autonomia no que diz respeito à sua dependência de tecnologias estrangeiras. Cabe agora acompanhar a movimentação do governo indiano com relação aos seus próximos passos estratégicos.

FONTE: Boletim GeoCorrente

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