Coreia do Norte – Implicações das manobras estratégicas para a segurança regional

Por Marcelle Torres

Recentemente, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, encontrou-se com o Secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Sergei Shoigu, para aprofundar as relações entre os dois países. Após o encontro, Kim Jong-un visitou uma instalação de enriquecimento de urânio, reacendendo o debate internacional acerca dos planos estratégicos do país para seu arsenal nuclear, em um cenário de aumento das tensões intercoreanas.

Outro movimento notável de Pyongyang foi o registro, e posterior “desregistro”, de treze submarinos na Organização Marítima Internacional (IMO, em inglês), a saber:

Considerando esses fatos, cabe questionar: quais são as possíveis intenções do regime norte-coreano? A partir da escala de Lindberg e Todd (2002), é possível classificar a Marinha Popular norte-coreana (KPN, em inglês) como uma força naval de águas verdes.

Operante em águas costeiras e de alcance limitado, a KPN possui a Esquadra da Costa Leste e a Esquadra da Costa Oeste, todavia sem apoio mútuo. Com cerca de 72 submarinos, Pyongyang se atém à modernização naval sul-coreana e fomenta as capacidades assimétricas e de negação do uso do mar.

Em 11 de setembro, durante o anual diálogo de segurança multilateral Seoul Defense Dialogue, o ministro da Defesa sul-coreano, Kim Yong-hyun, externou preocupação com a situação de segurança na Península Coreana. Kim ressaltou o aprimoramento das capacidades nucleares e de mísseis de Pyongyang e condenou a parceria militar do país com Moscou.

Somam-se a isso os sucessivos vetos ou abstenções da China e da Rússia em resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas destinadas à Coreia do Norte. Ademais, o ministro acusou a Coreia do Norte de ataques cibernéticos e roubo de ativos virtuais.

Enquanto Seul busca proteger seus ativos estratégicos críticos e enfatiza que a segurança da Península Coreana, do Indo-Pacífico e do Atlântico estão interligadas, retórica utilizada para atrair a atenção internacional, Pyongyang sinaliza suas intenções:

  1. Tentar minar a própria capacidade de dissuasão estendida de Washington;
  2. Alavancar a sua capacidade assimétrica;
  3. Assinalar o avanço de seu poder naval, contrastando-se ao plano de marinha de águas azuis sul-coreano;
  4. Influir nos debates estadunidenses para a segurança regional da península em face da nova administração dos EUA em 2025; e
  5. Manter a ambiguidade estratégica do regime para dificultar a previsibilidade de seus objetivos pela comunidade internacional.

Considerando esse cenário, a Coreia do Sul vem agindo em diversas frentes para garantir sua proteção, incluindo estratégias cibernéticas ofensivas, além de estabelecer como cerne dissuasório a parceria com os EUA, que tem aumentado os recursos destinados a inteligência, vigilância e reconhecimento na região, visando à segurança na Península Coreana.

FONTE: Boletim GeoCorrente

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