Médicos da Marinha ensinam voluntários a evitarem doenças no RS

Militares também precisam estar bem equipados e com vacinas em dia, para evitarem doenças

As chuvas que castigam o Rio Grande do Sul, desde o dia 27 de maio, causaram impactos de curto, médio e longo prazo para pessoas, animais, residências e comércios. Já são 157 mortos, 88 desaparecidos e 806 feridos, além de 600 mil desalojados e 2,3 milhões de pessoas afetadas, de alguma forma, pelas enchentes. Nesse cenário, militares da Marinha do Brasil (MB) correm contra o tempo, não somente para atender aos desafios logísticos das doações, mas também para resgatar seres humanos, animais e evitar que doenças atinjam quem já foi duramente atingido pelos alagamentos, além daqueles que prestam socorro.

Por parte da MB, no âmbito da Operação “Taquari 2”, já foram 2.000 resgates e mais de 2.000 atendimentos médicos. A Força também mobilizou 11 aeronaves, 9 navios, 50 embarcações e 70 viaturas para prestar auxílio a municípios atingidos. Além disso, desde o dia 9 de maio, a Unidade Médica Expedicionária da Marinha (UMEM) vem empreendendo ações de assistência à saúde no Hospital de Campanha (HCamp) em Guaíba (RS), o que contribui para aliviar o fluxo nos hospitais da região.

A Agência Marinha de Notícias (AgMN) conversou com o Diretor da UMEM, Capitão de Fragata (Médico) Demóstenes Santana Apostolides, que falou sobre os atendimentos no HCamp de Guaíba e deu dicas para que a população – especialmente quem quer ajudar – não sofra com doenças que são consequência das chuvas. Afinal, muitas pessoas têm se mobilizado, mas têm também deixado de se cuidar corretamente.

AgMN – Comandante, primeiramente, qual o objetivo do HCamp em Guaíba?

CF (Md) Apostolides – A Marinha do Brasil, por meio do seu Hospital de Campanha, veio para o Rio Grande do Sul para ajudar o sistema de saúde local, nos atendimentos médicos, psicológicos e sociais, iniciando o apoio de saúde no dia 9 de maio, na cidade de Guaíba, uma das regiões acometidas pelas enchentes que assolaram o estado. Com isso, estamos permitindo que os hospitais convencionais estejam liberados para o atendimento e internação dos pacientes com patologias mais graves.

AgMN – Como é a rotina dos atendimentos no Hospital?

CF (Md) Apostolides – O HCamp está funcionando diariamente das 8 às 17h, realizando os atendimentos médicos nas seguintes especialidades: clínica médica, pediatria, ortopedia e cirurgia geral, além dos atendimentos multidisciplinares, como psicologia e assistência social.
AgMN – Quais doenças mais comuns costumam aparecer em quem teve contato com as enchentes?

CF (Md) Apostolides – Surgem, principalmente, as infecções de pele, respiratórias e intestinais. Além da possibilidade de leptospirose, decorrente da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados, por meio do contato com água, solo ou alimentos contaminados.

AgMN – Quais sugestões e dicas aos voluntários que querem ajudar, e porventura terão contato com essas águas? Há como prevenir doenças? E em caso de não conseguir evitar, há como tratálas?

CF (Md) Apostolides – O contato com a água contaminada pode levar a várias doenças. Por isso, os voluntários que querem ajudar devem usar botas e roupas impermeáveis para evitar o contato da água contaminada com a pele, além de luvas com as mesmas características. Em caso de não conseguir evitar o contato, devem lavar bem os locais que tiverem contato, com água limpa e sabão, secando bem após a lavagem. Além disso, em caso de início de sintomas de doenças decorrentes do contato, existem possibilidades de tratamentos com antibióticos. Então, o tratamento precisa ser ágil, em um hospital competente.

AgMN – Em relação a vacinas e postos vacinais, existe alguma previsão de recebimento e aplicações?

CF (Md) Apostolides – Atualmente, com a colaboração da Secretaria de Saúde local, foram disponibilizadas doses de vacinas antitetânicas e suas aplicações estão sendo realizadas no HCamp. Além disso, as Unidades Básicas de Saúde local já estão em funcionamento para aplicação de outras vacinas. É importante que as pessoas estejam com seu cartão de vacinação bem completo. Assim, a preocupação é menor.
AgMN – Houve alguma experiência anterior que conferiu expertise para as melhores práticas atuais?

CF (Md) Apostolides – Sim. O HCamp, coordenado pela Unidade Médica Expedicionária da MB, tem prestado apoio sistemático e aperfeiçoado as suas práticas nos últimos anos, progressivamente, devido à atuação nas últimas calamidades decorrentes das chuvas, como em Petrópolis (RJ) em 2022 e São Sebastião (SP), em 2023.

FONTE: Agência Marinha de Notícias

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