“Houve uma denúncia por corrupção que foi arquivada sem investigação e que dava contas de algumas anomalias existentes. O que eu posso comprovar é que o navio tinha que consertado em dois anos e demorou cinco”, disse o ministro de Defesa, Oscar Aguad, em entrevista à emissora “TN”.
Em seu primeira entrevista desde que o dia 15 de novembro, quando o submarino desapareceu no Atlântico Sul com 44 tripulantes a bordo, Aguad afirmou que há relatórios de auditoria que dão conta que os materiais usados durante a reparação entre 2008 e 2014, não aconteceu com a “qualidade exigida”.
Além disso, há relatórios que dão “outra série de anomalias, como sobretaxas”, que precisam ser investigados.
Embora não haja “evidências claras”, existem “suspeitas” de irregularidades, afirmou Aguad sobre esse processo de manutenção do submarino desaparecido, que foi construído na Alemanha e incorporado à Marinha argentina em 1985.
Mesmo assim, o ministro reconheceu que os trabalhos de conservação do submarino foram realizados e que posteriormente o submersível foi “controlado novamente pela Marinha”.
“A corrupção tem a ver com as sobretaxas, mas os trabalhos foram feitos. Eu acredito que são duas coisas distintas, mas é preciso investigar”, assumiu Aguad, para quem o problema das Forças Armadas na Argentina é que ela é “estigmatizada” há 34 anos pela repressão de Estado que houve durante as ditaduras e pela guerra das Malvinas contra o Reino Unido em 1982.
Neste sentido, ele disse que durante o governo de Cristina Kirchner a política de Defesa era “estigmatizar as Forças Armadas e baixar os salários dos militares”.
Questionado se o submarino estava em perfeito estado no dia 13 de novembro quando deixou o porto austral de Ushuaia para sua base da cidade de Mar del Plata, quando desapareceu, Aguad respondeu que “as evidências dizem que sim”.
No entanto, ele afirmou que um dos aspectos que deveriam ser investigado pela Justiça é se houve erros por parte da Marinha quando na noite anterior relatou sua localização pela última vez, o comandante do submarino alertou a seus superiores em terra que tinha entrado água através de um canal de ventilação, que vazou no compartimento das baterias elétricas e produziu um início de incêndio.
Segundo a Marinha, esse problema foi solucionado e o próprio comandante decidiu continuar com a viagem.
“É motivo de investigação. Determinar se o defeito era grave ou não era grave.Eu também confio no capitão, tudo o que falam da sua experiência”, argumentou Aguad.
O ministro relatou que o ARA San Juan já passou há um tempo por “incidente similar” ao defeito da entrada de água.
“Com a diferença que nesse caso a água não chegou até as baterias”, lembrou, para explicar que o comandante “deu conta” do problema e pediu que quando no submarino fosse revisado no primeiro semestre de 2018 que essa questão fosse cuidada.
FONTE: EFE