A Operação Atlasur realizou sua 11ª edição na costa sul-africana, reunindo navios e aeronaves, além de centenas de militares das três nações, em exercício de segurança no Atlântico Sul.
Por Andrea Barreto
O combate ao comércio ilegal de drogas, armas e pessoas foi o tema que orientou as atividades da 11ª edição da Operação Atlasur entre os dias 31 de agosto e 20 de setembro de 2018. “O tema varia a cada edição. No entanto, os exercícios realizados focam sempre no estabelecimento e na manutenção da segurança do Atlântico Sul”, explicou o Capitão-de-Mar-e-Guerra Rogério Salles Rodrigues da Silva, encarregado da divisão de adestramento e emprego de meios do Comando de Operações Navais da Marinha do Brasil (MB).
Marcaram presença na Operação Atlasur o Brasil com a corveta Barroso (V 34), o Uruguai e a África do Sul, país-sede do exercício em 2018. A Marinha da Argentina, que também integra o grupo de participantes da Atlasur desde a década de 1990, ficou de fora desta edição em razão do comprometimento de seus navios com outras atividades.
Mobilização
Mais de 700 militares, além de quatro navios, um submarino e quatro aeronaves, foram mobilizados em ações de simulação de combate. Os objetivos gerais dessas ações foram “familiarizar os navios uns aos outros e promover o treinamento de jovens oficiais quanto à vigilância e à navegação”, afirmou o Capitão-de-Fragata da Marinha da África do Sul Abdul Sayed.
Por parte do Brasil, a embarcação destacada para a operação foi a corveta Barroso. Entre outras missões, o navio já atuou como nau-capitânia na Força Interina das Nações Unidas no Líbano. Como aeronave, a MB levou para a costa sul-africana um helicóptero UH-12 Esquilo. A participação brasileira contou ainda com 190 militares, dentre os quais nove eram da equipe de mergulhadores de combate.
Já o Uruguai empregou o navio de apoio General Artigas e também um helicóptero A-071 Esquilo, além de 140 militares. Entre estes, um destacamento especial de visita, abordagem, busca e apreensão (VBSS, em inglês).
Como país anfitrião, a África do Sul foi quem mobilizou mais meios, colocando em operação a fragata Amatola, o navio hidrográfico Protea e o submarino Manthatisi, entre outros equipamentos navais de menor porte. Houve ainda a participação da Força Aérea e da Força-Tarefa do Serviço de Saúde Militar da África do Sul. Mais de 300 militares sul-africanos atuaram nas atividades do exercício multinacional.
Simulação de combate
De acordo com o CMG Rogério, a travessia marítima do Brasil para a África e a Europa é realizada muito frequentemente por traficantes de drogas. “Os meios utilizados pelos criminosos variam entre navios mercantes, barcos de pesca e embarcações de esporte e lazer, como veleiros”, contou. Essa realidade – que inclui não só o comércio ilegal de drogas, mas também o de armas e o tráfico de pessoas –, foi o que serviu como pano de fundo para as ações colocadas em prática durante as duas fases da Operação Atlasur.
A primeira fase ocorreu entre 6 e 14 de setembro, na região de Baía Falsa, na costa oeste sul-africana. Atividades com realização de tiro real em direção a alvos determinados foram realizadas durante esses dias e também atividades simulando ataques de meios aéreos e submarinos. Além da tripulação dos navios, entraram em ação os mergulhadores de combate da MB, o grupo de VBSS uruguaio e militares do Esquadrão de Reação Marítima Sul-africano.
A segunda fase se desenrolou entre 17 e 20 de setembro, após dois dias de pausa para descanso e planejamento. Nesse período, os militares voltaram a executar ações com tiro real e simulação de ataques aéreo e submarino. Também foram realizadas atividades de salvamento e resgate, que não tinham sido treinadas antes. Militares da Força Aérea e do Exército da África do Sul somaram-se aos militares da Marinha da África do Sul nas duas fases do exercício.
Aprendizados da cooperação transatlântica
“As forças não operam necessariamente da mesma forma na realização de uma mesma ação, seja por ter uma cultura operacional diferente ou mesmo por características ambientais e dos meios envolvidos”, destacou o CMG Rogério ao refletir sobre os aprendizados da MB com a participação na operação. “Desta forma, operar com outros países é ter acesso a outros modos de operação e, muitas vezes, ter acesso às melhores práticas na realização de uma tarefa”, disse.
Outro ponto relevante sublinhado pelos participantes tem a ver com a aproximação entre os militares possibilitada pelo exercício. “Nós fazemos muitas coisas juntos. Temos uma fronteira comum no meio do mar, mas, para mim, o mais importante é conhecer pessoas. Se eu precisar de alguma coisa, preciso saber com quem falar na Marinha sul-africana”, afirmou o Capitão-de-Mar-e-Guerra da Marinha Nacional do Uruguai Carlos Cóccaro.
Foi a partir da primeira visita oficial feita pela Marinha do Uruguai à República da África do Sul, em 1992, que a Operação Atlasur foi criada. De lá para cá, o exercício foi integrado pelas marinhas do Brasil e da Argentina. Os quatro países revezam a coordenação do exercício, que tem periodicidade bienal.
FONTE: Diálogo Américas
A Atlasur deveria ter a sua operacionalidade incrementada, no momento em que paises que não pertencem a área mostram interese desmedido no sul do Atlantico visando o continente Antartico e suas reivindicações sobre o mesmo, além da região ser uma rica fonte de suprimentos pesqueiros e provavelmente de minerais e materiais estrategicos. Lamentavel o desinteresse argentino na operação!
Depois irão reivindicar posses…