A Saab e a Damen Schelde Naval Shipbuilding uniram forças e experiência para participar da concorrência para o fornecimento das quatro corvetas da Classe Tamandaré para a Marinha do Brasil.
Por Guilherme Wiltgen
A Saab, empresa sueca com mais de 80 anos de experiência no setor de defesa, e a Damen, empresa holandesa líder em construção naval com mais de 6 mil embarcações produzidas e mais de 20 marinhas atendidas em todo o mundo estiveram juntas na RIDEX – Rio International Defense Exhibition, e aproveitaram para apresentar alguns detalhes da Sigma 10514, que estão ofertando à Marinha do Brasil (MB) no programa de construção das quatro Corvetas Classe Tamandaré (CCT).
Nesta ocasião, o consórcio também apresentou algumas das empresas parceiras brasileiras como a Consub, empresa de soluções em tecnologia especialista em integração de sistemas navais, a Akaer, especializada em mercados aeroespacial e de defesa e o Wilson Sons Estaleiros, operadora integrada de logística portuária e marítima do mercado nacional, localizado no Guarujá/SP, onde as Corvetas serão fabricadas.
Falando a um pequeno grupo de jornalistas da mídia especializada, os senhores Magiel Venema (Damen) e Alencar Leal (Saab), comentaram alguns pontos com relação ao navio, a construção modular, sensores e a relação entre a Damen e o estaleiro Wilson Sons, com o qual a empresa holandesa já trabalha a muitos anos no Brasil.
Segundo os dois executivos, somente dois módulos do primeiro navio, que compreendem a maioria dos componentes eletrônicos, serão construídos na Holanda sob supervisão dos engenheiros brasileiros, para que possam fazer os dos três outros navios da classe no Brasil. Neste ponto, Alencar Leal ressaltou quanto ao menor tempo possível de construção dos navios em relação ao estipulado pela MB.
A Damen, será responsável pelo fornecimento do navio Sigma 10514, um produto já produzido pela empresa, que pode ser adaptado de acordo com as exigências da Marinha do Brasil e a Saab fornecerá o Sistema de Gerenciamento de Combate Saab 9LV, utilizado por marinhas de vários países, conhecido por sua flexibilidade e fácil integração de módulos de terceiros. Neste projeto, a Consub fará a integração de todos os equipamentos e a Akaer, por sua vez, fornecerá outros sistemas de combate.
O navio de combate multifunctional SIGMA 10514
O perfil de missões do SIGMA 10514 vão desde segurança marítima até guerra naval e projeção de força, incluindo:
• Proteção do tráfego marítimo de interesse brasileiro e o contra ataque de ameaças aéreas, continentais e submarinas.
• Combate ao tráfico de drogas e armas, contrabando, pesca ilegal e pirataria.
• Proteção contra a poluição do meio ambiente marinho brasileiro.
• Proteção dos interesses brasileiros dentro de águas nacionais.
• Contribuição para a proteção da navegação e direitos humanos em águas brasileiras e em áreas de busca e salvamento (SAR).
• Contribuição para as operações de ajuda humanitária
• Dissuasão.
Sensores
• Sistema de gerenciamento de combate Saab 9LV
• Radares de vigilância 3D Saab Sea GIRAFFE AMB e Sistema IFF
• Radar diretor de tiro Saab CEROS 200 e EOS 500
• Sonar montado no casco
• Medidas de apoio eletrônicos Saab SME-250 e CRS Naval
• Sistema de Comunicação Integrado Saab TactiCall
Armamentos
• Canhão principal
• Canhão secundário
• 2 estações remotas de armas Saab Trackfire Remote Weapon Station (RWS)
• Sistema de lançamento de despistadores de mísseis
• 2 Laçadores SSM Saab RBS15
• Sistema de lançamento vertical terra-ar
• 2 lançadores triplos de torpedos
Capacidade de Aviação Embarcada
• Capacidade de operar com helicópteros de até 10 ton (SH-16 Seahawk)
• Iluminação de convoo compatível com o uso de óculos de visão noturna (OVN/NVG)
• Capacidade de reabastecimento da aeronave no convoo
• Capacidade de realizar HIFR (Helicopter In Flight Refueling)
• Hangar para uma aeronave do porte do SH-16 Seahawk
• Convoo equipado com grelha metálica e búricas para pear a aeronave no spot
A Classe SIGMA
É uma solução padronizada para navios feitos sob medida, tendo como base os 140 anos de experiência em construção naval. Baseando-se em alto padrão e práticas comuns na construção de sete gerações de fragatas e corvetas para a marinha holandesa, a SIGMA 10514 é um projeto comprovado de um navio de combate multifuncional.
Atualmente em serviço na Marinha da Indonésia, a Sigma 10514 KRI Martadinata (331) se encontra atualmente na Joint Base Pearl Harbor-Hickam, no Havaí, para participar do exercício Rim of the Pacific (RIMPAC), o maior exercício naval internacional realizado na área compreendida entre as ilhas havaianas e o sul da Califórnia, e vai envolver 45 navios e submarinos, 200 aeronaves e 25 mil militares de 25 nações.
O Estaleiro
Durante os últimos 80 anos, a Wilson Sons construiu mais de 130 embarcações customizadas, das quais 90 delas foram em conjunto com a Damen. A constante transferência de conhecimento entre as duas empresas, proporcionou a especialização em embarcações de trabalho, desde rebocadores até modernas e complexas embarcações de apoio a plataformas, que operam em nossa extensa indústria de petróleo e gás.
Wilson Sons Estaleiros está localizada estrategicamente no Guarujá (SP), próximo ao porto de Santos e da Bacia de Campos, e dentro do maior complexo portuário da América Latina. Esta localização permite a sua utilização para construção de novas embarcações e serviços de manutenção e reparos navais, para o mercado nacional e internacional.
A parceria da Wilson Sons e da Damen se tornou conhecida por sua capacidade de oferecer e entregar projetos customizados no prazo, dentro do orçado e aderindo às melhores práticas de segurança e saúde no trabalho (SST) do mercado.
Wilson Sons e a Damen
A parceria da Damen e a Wilson Sons iniciou-se com uma série de lanchas balizadoras construídas para a Marinha do Brazil em 1994. A cooperação técnica da Damen (DTC – Damen Technical Co-operation) fornece pacotes completos de engenharia, pacotes parciais de materiais e atua em conjunto no comissionamento. Isto assegura a completa transferência de tecnologia do começo ao fim do projeto. A construção local é um fator chave durante todo o processo de construção e juntamente com a Wilson Sons, a Damen garante que a utilização do conteúdo local seja cada vez maior.
Ao longo dos anos, a construção de embarcações e o monitoramento das atividades do mercado permitiram que a parceria antecipasse a crescente demanda por conteúdo local nos mercados comerciais e preenchesse essa lacuna com eficácia.
Salto tecnológico, ganho Operacional e Transferência de Tecnologia
A entrada em serviço das Corvetas Classe Tamandaré vai representar um salto de 40 anos para a MB, em relação aos atuais escoltas. Com isso, um programa completo de treinamento precisa ser implantado. Questionado pelo DAN, tanto Magiel Venema (Damen) quanto Alencar Leal (Saab), foram enfáticos quanto ao programa de treinamento dos tripulantes em operar todos os sistemas, sejam eletrônicos, de armas, de máquinas ou sensores. Esse programa faz parte da proposta do consórcio e vai de encontro a um dos requisitos da MB no RFP da CCT, que é a capacitação das tripulações dos quatro navios.
A aquisição das quatro Corvetas Classe Tamandaré vai proporcionar um ganho operacional muito grande à Esquadra Brasileira, elevando o patamar operacional da MB, que vai se capaz de operar navios no “estado da arte” nos mais modernos teatros de operação no mar. Ao mesmo tempo, o País ganha capacitação na construção de navios de guerra, com modernas técnicas construtivas e equipamentos de última geração, ganhando a Holanda como mais um parceiro, além da própria Suécia.
Características da Sigma 10514 Classe Tamandaré:
Comprimento: 107,50 m
Boca: 14,02 m
Calado: 3,90 m
Deslocamento: 2.600 Ton
Velocidade máxima: 26 nós
Propulsão: CODOE (Combined Diesel or Electric)
Tripulação: 136
Autonomia: 28 dias
Alcance: 5.000 MN a 14 nós
MEU NOME É AQUINO FERRO.
VERIFICANDO AS PROPOSTAS EM QUESTÃO, DEVEMOS TER UMA SURPRESA, POIS A BAE E A DAMEN SÃO EMPRESAS SÉRIAS, CONTUDO O FINANCIAMENTO E O PREÇO SERÃO FUNDAMENTAIS PARA ESCOLHA.
O Padilha disse que a Type 31 oferecida pelos ingleses da Bae deve ser a maior, de 120 m e deslocamento próximo de 4.000 toneladas.
É minha proposta favorita.
A Damen / SAAB ofereceram uma Corveta com 2.600 toneladas e a Bae está oferecendo uma Fragata com 4.000 toneladas.
Luis Henrique, as empresas não estão abrindo todas as informações por causa da concorrência, mas é certo que o navio da Damen irá deslocar mais do que foi dito da mesma forma que o da BAE tb não irá extrapolar o que a MB solicitou. Temos que aguardar a short-list para ver quem poderá ser o vencedor.
Aqueles lançadores dos mísseis anti-navio na foto da maquete são do RBS 15 ?
Não era para ter o MANSUP ?
Vamos ter o Mansup em produção um dia. Até lá é preciso armar o navio. Quando o Mansup estiver em produção, ele será o nosso míssil por ser mais barato, mas o RBS15 é top.
O Mansup vai ser nossa abertura da porteira pela qual passarão nosso futuros e melhores mísseis.
Achei muito estranho eles ter proposto RBS 15, pois a MB sempre operou o Exocet, mas se caso ganhar será um grande salto tecnológico !!!
Uma pergunta aos senhores editores do DAN
Qual (ou quais) propostas mais agradaram aos senhores até agora e por quais motivos????
Pablo, todas propostas são interessantes. Esperamos que a MB escolha a melhor para ela e para o país. Essa é a nossa opinião.
todas as propostas são interessantes, porém sempre tem uma que se destaque mais no ponto de vista de cada um.
Em termos de corveta somente, sem considerar preço, formas de pagamento ou financiamento, a proposta da Damen parece mais atrativa, inclusive por ser corveta já produzida. Eventuais adaptações acredito sejam possiveis, é so negociar…
Está difícil escolher qual a melhor proposta, todas tem pontos positivos e negativos e a propostas são realmente boas.
Proposta muito boa, deve estar no shortlist.
Interessante tb foi a Saab ter proposto o RNS15 como míssil anti-navio. Provavelmente a MB vai pedir para trocar pelo Exocet/mansup mas eu acho q seria um salto tecnológico fantástico contar com um míssil da tecnologia do RBS15 mk3 (se for o recém-lançado mk4 Gungnir então nem se fala…)
Poderíamos assim ter o RBS15 como opção de alta tecnologia para as novas corvetas e continuar o desenvolvimento do Mansup pras demais escoltas (e principalmente realizar o desenvolvimento das versões lançadas por aeronaves e submarinos)
Nesse caso a marinha iria deixar do usarei sincota, pra usar o Saab 9lv?
E o deslocamento??
2.600 Ton
Abaixo das 2790t do RFP?
em mar meio agitado, com 2600 toneladas não serve pra nada
Também não entendi, a MB deixou bem claro que o projeto alternativo deveria ser igual ou superior ao projeto do CPN. Creio que o projeto básico da Sigma 10514 seja de 2.600 Ton, mas para a MB a Damen deve ter apresentado uma variação maior desta, para cumprir os requisitos do concurso
Deslocamento Leve ou Máximo?
Pergunto, pois a CV-03 possui 2.790 máximo, porém o deslocamento leve é por volta de 2.200 a 2.300 t.
Essa é a questão que deve ser respondida.
Quem vai decidir são nossas autoridades Engeprom, MB, envolve financiamento, manutenções, criação de empregos etc…, Nós apenas torcemos ainda mas se neste financiamento vierem os dois navios caça Minas que estão lá parados, outra coisa que necessitamos com urgência, vamos ver quem oferece mais neste ” leilão”. Torço pela SAAB/DAMEN.
Fino de garagem, mas, falta ver o que os italianos vão oferecer!!!
Os franceses estão muito quietos também
A proposta da BAE System para o programa Tamandaré é uma evolução da classe ” Khareef ” da marinha de Omã. A pergunta que eu faço aos amigos é, visto que essa classe é uma evolução dos OPV classe ” Port Spain ” atual classe Amazonas é basicamente a forma de construção, essa classe não foi projetada para suporta danos de combate.
Para mim é a favorita…
Concordo com o Augusto. Achei que faltou alguma coisa ali, mesmo com a possibilidade do canhão secundário exercer o papel do CIWS. Por enquanto continuo achando q a.proposta da BAE Systems é a melhor e será a vencedora
Belonave muito bonita e no estado da arte, mas esses lançadores verticais para defesa de área não dão conta de ataques de satuação e nisso a proposta inglesa da Type 31e leva vantagem com o Phalanx CIWS com o acréscimo da defesa de ponto, no conceito de camadas. Um sonar rebocado de profundidade também é necessário, mas não dá para ter tudo ao preço que a Marinha se dispõe a pagar.
parece que é um navio bem poderoso e bonito. achou que só os italianos ainda não mostraram sua proposta