A norte-americana aposta no Brasil porque tem o maior crescimento dentro do bloco BRICS, que além do País inclui Rússia, Índia, China e África do Sul
Por Maurício Godoi
A divisão Aerospace & Defense do conglomerado norte-americano Honeywell volta suas atenções para o mercado brasileiro de aviação e afirma que o Brasil tem prioridade de atuação, por ser o mercado que mais cresce em termos percentuais. Tanto que apesar de projetar uma demanda de US$ 230 bilhões e 10 mil aviões, somente em termos de jatos executivos no mundo para os próximos 10 anos, aposta no maior crescimento de países do bloco conhecido como BRICS, além do Oriente Médio.
De acordo com o vice-presidente mundial de Vendas da Honeywell em aviação executiva e geral, Mike Rowley, esses mercados têm destaque por apresentarem uma economia em crescimento e maior demanda por voos em comparação com regiões como os Estados Unidos e a Europa, que são mercados mais maduros e que, em função da crise, não devem crescer tanto nos próximos anos.
O interesse da empresa no Brasil se baseia na cidade de São José dos Campos (localizada a 115 quilômetros da capital paulista), pois é nesse município que está localizada a principal fábrica da Embraer, onde a Honeywell possui um centro de suporte aos produtos que equipam as aeronaves fabricadas no País.
Na vigésima edição de suas previsões de mercado, a companhia dividiu as diversas macrorregiões dos países do bloco conhecido como BRICS.
No caso da América Latina, foi excluído o Brasil e com isso o resultado apontado foi de níveis mais baixos de expectativas de compra em comparação com o estudo do ano passado. De acordo com a companhia, os operadores afirmaram que planejam adquirir novos aviões em um volume igual a 32% da frota atual, cuja meta é de reposição ou de expansão nos próximos cinco anos. Em sua avaliação, a empresa acredita que os planos de operadoras latino-americanas continuam cautelosos, mas relativamente otimista sobre as perspectivas de longo prazo, porque 93% das aquisições devem ser efetuadas depois de 2012.
Já o levantamento das economias emergentes do grupo BRICS apontou um aumento significativo da procura global por jatos executivos. A pesquisa indica que os operadores destes países continuarão com os planos de expansão de frota em um nível que equivale a cerca de 50% da frota atual para o período de cinco anos. Apesar de um número relativamente baixo de aeronaves executivas na região, afirmou o estudo, mais de 60% das compras planejadas estão na classe de cabine de médio e grande porte, cujos preços em geral são superiores a US$ 15 milhões. Porém, a participação de mercado das regiões deverá ficar estável, sendo a América Latina responsável por 13% da frota mundial de jatos executivos, enquanto os Estados Unidos ficam com algo em torno de 55%.
O Brasil conta com uma perspectiva melhor justamente pela operação da Embraer. De acordo com Rowley, a Honeywell tem uma parceria com a fabricante de aviões brasileira que data da década de 90 com o fornecimento de aviônicos (tipo de equipamento eletrônico embarcado nos aviões). A relação, contou o norte-americano ao DCI em passagem pelo Brasil, se iniciou com o projeto da série de 135 de aviões comerciais de pequeno porte. Se estendeu para os E-Jets, os maiores fabricados pela Embraer, e chegou aos jatos executivos de pequeno porte Phenom, além dos modelos da família Legacy. Inclusive, as empresas trabalham para a certificação dos modelos Legacy 450 e 500, este último com equipamentos mecânicos também.
Mas não é somente na área de aviação executiva que a Honeywell aposta suas fichas aqui, no Brasil. No início de agosto assinou contrato com a Embraer para fornecer seu novo sistema de antenas de alto desempenho para a próxima geração do Embraer KC-390, aeronave de transporte de cargas e tropas a ser utilizada pela Força Aérea Brasileira. O contrato, que também inclui cartas de compromisso com outros 32 outros países, vem na esteira do anúncio feito pela Honeywell em abril para fornecer serviços globais de conectividade em voo, obtido depois de convênio exclusivo com a Inmarsat.
Esse acordo segue as tendências que Rowley vê como os próximos passos para os equipamentos da empresa, e que incluem, entre outros pontos, aumentar a funcionalidade e segurança durante o voo. A antena fornecerá maior capacidade de comunicação e de transmissão de dados, bem como recursos de gerenciamento de dados para Comunicação, Navegação e Vigilância (CNS), além de Controle de Tráfego Aéreo (CTA).
Ao utilizar a rede Inmarsat, conforme explicou o executivo da Honeywell, os dados podem ser enviados e recebidos em tempo real, permitindo um fluxo contínuo de comunicação que vai ajudar as tripulações e maximizar todas as operações tanto em terra quanto no ar.
FONTE: Panorama Brasil