A partir de hoje, inicia-se uma maratona de testes e procedimentos
A Estação Espacial de Kourou, localizada no litoral da Guiana Francesa, é considerada um dos principais centros para lançamento de satélites do mundo. Isso porque fica muito próxima à linha do Equador, onde a velocidade de rotação da Terra é maior do que em qualquer outra parte do planeta, o que possibilita a economia de combustível. É de lá que, nesta quinta-feira (04/05), o primeiro satélite próprio brasileiro será lançado, a bordo do veículo lançador Ariane 5. Na foto à esquerda, é possível ver o Ariane 5 já pronto para o lançamento.
Desenvolvido pela empresa francesa Thales Alenia Space, que assinou um contrato com a Visiona (uma joint venture formada pela Embraer e pela estatal Telebras), o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) envolve os ministérios da Defesa (MD) e da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC). A parceria já indica que o uso do satélite será dual, ou seja, civil e militar. De um lado, utilizando a banda Ka, possibilitará acesso à conexão em banda larga a todos os locais do País, sem exceção. De outro, a partir da banda X, será possível tramitar informações afetas à área de defesa e governamental.
O satélite, segundo o presidente da Telebras, Antonio Loss, tem o objetivo de fazer do Brasil um País mais igual. “Nenhuma região do Brasil ficará de fora da cobertura do SGDC; todas serão atendidas com a mesma qualidade. Hoje, o acesso à banda larga em nosso território corresponde ao tamanho do Chile”, disse.
O envolvimento da Força Aérea Brasileira no projeto está relacionado ao fato de a instituição estar a cargo, segundo a Estratégia Nacional de Defesa, do desenvolvimento da área espacial no País. É da FAB a responsabilidade pela operação e pelo monitoramento do satélite. Foi criada, para isso, uma nova organização militar, o Centro de Operações Espaciais Principal (COPE-P), em Brasília (DF), onde cerca de cem profissionais irão se revezar em três turnos para dar suporte ao funcionamento do satélite – 24 horas por dia. Lá foi instalada a antena responsável por esse contato; ela tem 18 metros de altura, 13 metros de diâmetro e pesa 42 toneladas.
O Comandante do COPE-P, Coronel Marcelo Vellozo Magalhães, explica que, no centro, há militares das três Forças trabalhando em conjunto, além de equipes da Telebras. Para ele, o lançamento do satélite marca um momento histórico para a área de defesa do País, pois vai representar segurança em todos os sistemas de comunicação militares. “Não há como se isolar, não existe outro caminho que não a integração. Esse é o presente e o futuro”, afirma o coronel Magalhães. Ele disse, também, que após a consolidação das operações com o SGDC, será possível começar a vislumbrar operações com satélites de órbita baixa – aqueles que obtêm imagens da superfície da Terra.
De acordo com o Comandante da Aeronáutica, esse satélite irá mostrar a importância da questão espacial para que a população consiga entender o que esse tipo de tecnologia representa. “Precisamos mais do que equipamentos de solo para controlar, por exemplo, os quase 17 mil quilômetros de fronteira seca. A melhor solução de que dispomos hoje são os satélites”, disse.
Além do centro de operações na capital federal, há outro, no Rio de Janeiro, que vai servir como backup. As Forças Armadas também cederam áreas militares à Telebras, para alocar estruturas de apoio ao satélite. Só a FAB assinou um termo de cessão de uso de mais de 70mil m2, nas cidades de Brasília, Salvador e Florianópolis – onde ficarão os chamados gateways, para comunicação com o satélite e distribuição de sinal. Também serão instalados gateways nas cidades de Campo Grande e Rio de Janeiro, em áreas do Exército e da Marinha, respectivamente.
“Todo brasileiro, do Oiapoque ao Chuí, da Cabeça do Cachorro, lá no Amazonas, até Fernando de Noronha, vai dispor de banda larga. É o maior projeto de inclusão digital que nós já tivemos. Mas, além disso, esse satélite vai propiciar segurança das comunicações na área de defesa e na área governamental”, afirmou o Ministro da Defesa, Raul Jungmann.
Para ele, por ampliar a segurança das comunicações de defesa, o SGDC expandirá a capacidade operacional das Forças Armadas, por exemplo, em operações conjuntas nas regiões de fronteira terrestre, em operações de resgate em alto mar e, ainda, no controle do espaço aéreo.
Atualmente, as Forças Armadas utilizam os satélites Star One, da multinacional Embratel – o que não será mais necessário após o lançamento. Segundo o Ministério da Defesa, o Brasil passará a fazer parte do seleto grupo de países que conta com seu próprio satélite geoestacionário de comunicações, não tendo mais a necessidade de alugar equipamentos de empresas privadas, o que vai gerar uma economia significativa aos cofres públicos e maior segurança em suas comunicações. “Na área militar, vai nos assegurar soberania e impedir que ocorram casos de espionagem”, explica Jungmann.
Próximos passos – Após o lançamento, o satélite ainda demora aproximadamente 10 dias para entrar na órbita geoestacionária correta, já que o Ariane o levará apenas até a órbita baixa. Em seguida, inicia-se um período de testes, que deve durar entre 4 e 6 semanas, para checar se todos os componentes estão atendendo ao esperado.
Um dos envolvidos nesses testes será o Tenente-Coronel Christian Taranti, que está em Cannes, sede da Thales Alenia Space, desde 2014. Ele explica que o centro de controle durante os testes ficará na França. De lá, serão enviados comandos para uma estação na Itália, que, então, seguem para antenas colocadas nos EUA, Austrália ou África do Sul – e, então, para o satélite.
“Só depois de concluídos os testes é que o satélite será, efetivamente, entregue para o Brasil. O controle deixará de estar nas mãos da empresa e passará para o centro de operações em Brasília, será ativada a criptografia e a fabricante perde o acesso ao SGDC”, explica o militar da FAB.
Engenheiro eletrônico, o Tenente-Coronel Taranti foi um dos 51 profissionais brasileiros que acompanharam o desenvolvimento do SGDC junto à empresa francesa. O objetivo foi aprender sobre o satélite, para estarem aptos a realizarem intervenções, quando necessário, como manutenção da posição correta e reconfiguração em caso de problemas.
FONTE e FOTO: FAB
O uso do satélite para fins civis é uma mera desculpa para justificar a construção de um satélite caro em um período de recessão.
Não que o tal satélite não terá esse papel, mas além de um satélite é necessário muito de infraestrutura em terra para poder captar, processar e enviar informações usando o SGDC.
Quando falei em “cobrir” todo o território, quis me referir não apenas ao alcance de sinal do SGDC, mas também cobrir a demanda por tudo que possa passar sobre ele a partir de então (tanto dados de uso civil, quanto militar). Para nos tornar um país independente nessa área, precisamos não apenas de um satélite e desse investimento, mas um planejamento e investimento contínuo nessa tecnologia. Um satélite igual a esse poderia já estar sendo construído para ser usado como “backup” ou para “aumento de capacidade”, caso o primeiro fique sobrecarregado com tráfego da banda K, o segundo pode demandar apenas informações da banda X e vice-versa. Outro bom investimento é ter alguns satélites exclusivos para monitorar com imagens a amplidão do território nacional (lembrem-se, o SGDC é apenas para comunicações), os satélites de imagens podem servir tanto para segurança, quanto para funções meteorológicas e ambientas. Outra questão urgente é voltar a investir na Base Aérea de Alcântara para que ela possa lançar esses e outros tantos satélites nossos, ou de países parceiros.
cobertura já disseram que tem.
o problema é saber se o satélite dá conta de processar e distribuir todos os dados gerados ou recebidos em todo território nacional.
se 10 milhões de pessoas estiverem assistindo vídeos no youtube, por exemplo…
esse satélite vai complementar a cobertura de banda larga já existente ou substituirá a infraestrutura atual?
tipo a banda larga do rio e são paulo passarão para esse satélite?
foi o governo anterior que contratou esse satélite, é verdade.
mas não queremos que o país se torne uma Venezuela só porque construíram um satélite com dinheiro público, e não do partido que estava no poder…
neste sentido é bom lembrar que foi no governo do molusco que explodiu nosso veículo espacial, o que nos atrasou em 30 anos.
a parceria com a Ucrânia também foi um fiasco…
o atual governo também não está agindo a contento, prejudicando trabalhadores com reformas que só atendem interesse de empresários…
precisamos de uma terceira via.
nem comunismo nem entreguismo…
Tudo o falado foi o planejado pelo governo anterior.
Quero ver se o Governo atual vai encomendar o SGDC 2 conforme anteriormente estava previsto.
E PRINCIPALMENTE se o acesso de banda larga de internet barato e para todo país via Telebrás (que é o principal objetivo social do projeto SGDC) não será terceirizado para alguma empresa privada por licitação de concessão bem ao gosto do governo atual…
Douglas justamente por ser Geoestacionário e de orbita ALTA o SGDC não só tem cobertura 100% do Brasil tem quase cobertura 100% sobre a América do Sul…
Boa Colocação Douglas, certa vez eu li que os satélites são fabricados sempre em dois exemplares, se no lançamento for necessário explodir o foguete com o satélite a bordo, um segundo poderá ser lançado em um curto espaço de tempo, me parece que aquele foguete chines que explodiu com o satélite, haviam sido construídos dois satélites.
Caso seja verdadeira essa afirmação, caso tenha sido construído dois exemplares, e caso o lançamento seja bem sucedido, poderia lançar o segundo.
Mera especulação de um entusiasta, porém leigo no assunto…
Abs
Será que esse satélite será suficiente para cobrir realmente todo o território nacional?
Não seria importante que na sequência já se pensasse na construção dos próximos satélites, alguns inclusive voltados para a segurança nas fronteiras?
Lembrem-se que durante as Olimpíadas um satélite israelense foi alugado para “monitorar” o Rio de Janeiro.