Por Frederico Aguiar*
O computador, a internet e o GPS são alguns exemplos de como os investimentos feitos diretamente no setor de defesa podem beneficiar toda a sociedade. A aplicação dual da tecnologia é apenas um dos benefícios a que um país e sua população têm acesso ao investir no setor de defesa.
O Brasil possui uma ativa indústria no setor, com uma participação de 3,7% do PIB, segundo dados referentes a 2014, tendo faturado cerca de R$ 200 bilhões naquele ano.
É um ramo que hoje emprega 150 mil trabalhadores, com um salário médio de R$ 4.100, contra média nacional de R$ 1.943,00. Além disso, para cada R$ 1 investido no setor de defesa, o governo arrecada R$ 0,55 em impostos, valor também acima da média nacional.
Diferentemente do que afirmam os pesquisadores Robert Muggah e Nathan B. Thompson no artigo “Como o Brasil virou o 4º maior vendedor de armas de pequeno porte no mundo”, publicado pela “Ilustríssima”, ainda não possuímos o devido destaque no ranking mundial. Esse é, sim, um objetivo almejado pelo setor -o de figurar entre os cinco maiores players de defesa do mundo.
Segundo o Instituto da Paz de Estocolmo (SIPRI), fonte do Banco Mundial sobre transações internacionais de armas, o total exportado pelo Brasil entre 2001 e 2015 foi de US$ 644 milhões —quase 4,5 vezes menos que o mencionado no referido artigo. Efetivamente, entre 2001 e 2015, o Brasil figurou apenas como o 25º maior exportador de produtos de defesa na lista do SIPRI.
Entre os produtos comercializados no exterior está o armamento letal e não letal. Ao ser vendido, o armamento conta com um sistema de rastreabilidade superior ao realizado pelos maiores fabricantes de armas e munições do mundo, com uso de chip eletrônico nas armas e gravação a laser nas munições.
Além disso, o Brasil implementa com efetividade os embargos da ONU a zonas de conflito e possui um controle sofisticado e cotidiano sobre a indústria brasileira em suas exportações.
Todas as vendas para outros países passam por rigoroso processo de autorização que envolve não apenas o Exército brasileiro mas outras instituições, como o Ministério da Defesa e o das Relações Exteriores.
O parecer do Itamaraty, expedido após análise de questões supranacionais —como a existência de sanções, embargos ou outras limitações ao comércio de produtos de defesa— evita que as exportações das empresas do setor violem qualquer tratado bilateral ou multilateral assinado pelo Brasil, ou que beneficiem regimes considerados de exceção pelo Brasil.
A legislação do país exige ainda, no processo de autorização para exportação, que se apresente um certificado de usuário final (End User) pelo comprador. O mesmo instrumento é utilizado por EUA, Itália e Alemanha, referências em políticas de controle sobre produtos de defesa.
Há mais de 30 anos, a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) realiza um trabalho incessante de profissionalização e governança, cujo desenvolvimento depende de regras próprias de financiamento, previsibilidade de compras e investimento em tecnologia.
Por isso, estamos sempre em busca de diálogo com todos os atores da sociedade que tenham propósito sério de colaborar com apresentação de propostas construtivas.
FONTE: Folha de SP
FOTOS: Ilustrativas
(*) Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Defesa (ABIMDE)
Foxtrot, entendo sua frustração……mas entenda que as FFAA não tem demanda que consiga mamter empresas nacionais funcionando somente com suas encomendas. Materiais militares tem uma comércio bem diferenciado e alguns de nossos produtos conseguiram seus nichos de mercado. E qual produto ou tecnologia nossos vizinhos poderiam nos oferecer que já não tenhamos? Usando um exemplo seu: quantos Harpoon a FAB adquiriu? Menos de 30! Qual o custo pra desenvolver um míssil dessa categoria? Quantas unidades a FAB ou MB teriam que
adquirir para tornar isso viável? E com Harpoon, Exocet, RBS-15 e outros no mercado, qual será/seria a possibilidade de sucesso de exportação do produto nacional?
Pois é Flanker, enquanto isso desistimos de nosso MANSUP-1 pelos Harpoons Americanos, SMKB e FPG-82 pelos SPICE,
MAA1-B, A-DARTER, pelos PYTOM-iV Israelenses, Guará-I e 4WS pelos LMV IVecos ( com promessas de aquisição de mais de 1.000 veículos), ou desistimos dos Gladiadores I e II pelos Ivecos LMV, dos IKL 1.400 ou Improved Tupi pelos Scorpones,
dos AMX,s ou Pampa-III por projetos estrangeiros, da Evolução das Niterois por projetos estrangeiros, de parcerias de desenvolvimentos conjuntos por montagem local de projetos Europeus etc..
Qualquer país vizinho adoraria desenvolver conjuntamente com o Brasil nossos e deles projetos, mas preferimos sempre comprar o que é ultrapassado da Europa ou Estados Unidos.
Não é nacionalismo cego, e sim razão aguçada, pois a história já nos deu vários exemplos que na hora de maior necessidade sempre é negado aquilo que se precisa.
Ou se desenvolve sozinho ou em conjunto, com domínio completo da tecnologia,
Se vamos copiar alguma coisa temos que fazer igual a China, que possui uma equipe de engenharia reversa em cada empresa.
Copiando o primeiro fielmente ,e modificando para melhor as outras copias.
Se continuarmos com estamos , na hora de maior necessidade, nos será negado o que precisamos, ai teremos que partir para produtos Orientais ( que não temos cultura de emprego devido nosso alinhamento político medíocre e submisso).
Ai veremos milhares de mães, avós, tias, esposas etc..
Chorando pelo sangue derramado de seus amados heróis Brasileiros.
Não sabe a decepção que essa atitude gera em engenheiros Brasileiros como eu, sempre tive o sonho de fazer uma star-up nessa área; hoje não mais.
Pois a política que envolve essa área é nojenta e repugnante com os nacionais.
Passar Bem
Foxtrot, admiro seu nacionalismo, mas respeitosamente não concordo com suas opiniões, porque vejamos:
– Radares brasileiros citados por você, já foram e estão sendo adquiridos pelas FFAA;
– Corvetas classe Tamandaré estão sendo planejadas, projetadas e desenvolvidas pelo Brasil;
– Submarinos IKL-1400 atualizados e melhorados, já foram feitos, ou feito, no caso, o Tikuna. Concordo que poderíamos ter invesrido nessa classe, mas a justificativa da MB são as tecnologiascfornecidas pelos franceses
– O caso do Veículo Leve, vencido pela Iveco, no qual desbancou a Avibrás que oferecka um veículo também estrangeiro (versão do Sherpa da Renault), foi uma concorrência em que o EB teve a oportunidade de estabelecer os requisitos que melhor lhe atenderiam e o LMV é um excelente veículo e, na minha opinião, realmente é o melhor de todos, sem dúvidas;
– Re-projeto do AMX? Para adquirir quantas unidades? 18, 24? Qual o valor de um projeto desses? Exportar? Com M-346, Yak-130, TA-50, JL-9, L-159, entre outros, no mercado há muito mais tempo? Não teria o menor sentido….seu custo seria proibitivo;
– O projeto Charrua é bastante antigo e melhor em alguns quesitos, e igual em outros, ao M-113. Pelo custo de desenvolvimento de uma versão atualizada e melhorada do Charrua versus o custo da modernização dos 584 M-113 que o EB possui (não são mais de 1000, como você afirmou), o EB optou por moderbizar o que já tinha, com uma relação custo/benefício bastante atraente;
– Em matéria de mísseis, temos o caso clássico do Piranha, que durante décadas ficou em desenvolvimento e NUNCA chegou a ser plenamente operacional, apesar da FAB ter comprado alguns pequenos lotes. Culpa da FAB? Ou do GF que não manteve fluxo financeiro adequado? Ou das empresas que se sucederam no seu projeto e não conseguiram desenvolver algo plenamente eficaz?
– Os kits de guiagem nacionais não foram plenamente abandonados, até porque não estão plena e totalmente desenvolvidos ainda. O kits Lizzard II adquiridos pela FAB para uso nos A-1 são plenamente operacionais, eficazes e confiáveis. As Spice estão previstas para o F-39 e são de uma configuração e uso operacional diferenciado das Lizzard, e não possuem euivalentes, em capacidade, de produção nacional;
– Definitivamente, não concordo que as FFAA brasileiras possuem demanda que justifique, somente com suas encomendas, o projeto, desenvolvimento e produção de artigos bélicos (com raras exceções);
– A Índia gasta muuuiiiiito mais que o Brasil em Defesa e vive uma situação geopolítica muito diferente da nossa;
– O ALX foi criado por requisitos da FAB, mas a Embraer já prospectava mercado desde o início do projeto, inclusive junto aos operadores de seu antecessor, o T-27. O ALX, ou A-29, é um dos poucos exemplos de produtos que a demanda das FFAA (FAB , no caso) justificava o desenvolvimento, pois somente a quantidade adquirida pela FAB já permitiria ao projeto andar e não ser deficitário;
– Concordo com você quanto à PND e END serem uma palhaçada, mas isso reflete o descaso dos sucessivos governos com a Defesa. Só teremos idústria de defesa forte com orçamentos militares robustos e com fluxo constante, aliado à investimentos robustos e constantes em P&D. Sem isso, as FFAA tem que suprir suas necessidades com quantidades mínimas, que não justificam e não pagam o desenvolvimento de produtos nacionais. É mais barato, e na maioria das vezes, a única opção, comprar fora (ou de prateleira, como se fala).
Um abraço.
Vou dizer alguns produtos que as FAA,s poderiam adquirir em grandes quantidades e que são ou eram produzidos por empresas nacionais.
Radar Saber-M60/ 200, Sentir-M20, Fragatas Leves Tamandaré, Submarinos IKL-140 ( Improved Tupí) ao qual dominamos o ciclo de desenvolvimento e modificação dos mesmo; mas resolvemos apostar nos Scorpene, Guará 4WS, Gladiador I e II, mas vamos apostar no LMV, Fabricação local por empresa nacional ou um conglomerado delas do Guarani ( ao qual vamos adquirir mais de 2.000 unidades), Re projeto do AMX ( ao qual vamos adquirir novo modelo de treinado do exterior), Evolução do projeto Charruá ( que podem substituir os M-113, que possui mais de 1000 unidades só no EB), programa de mísseis nacionais ( que abandonaram por projetos internacionais ), kit,s de guiagem SMKB e FPG-82 Friuli ( que resolveram apostar no Spice ).
Como viu meu caro, carência há e muita, o que pode gerar escala de demanda, produção seriada etc..
Afinal de contas, país algum do mundo importa serviços e equipamentos de defesa de outro país que suas FAA,s não adquirem.
Afinal de contas, você compraria um carro fabricado por seu vizinho, se soubesse que o próprio fabricante adquire veículos de outras marcas?
Como exemplo cito a Índia, que mesmo adquirindo produtos estrangeiros, reserva mais de 10bi para aquisição de produtos de empresas nacionais e fabricação própria.
Um exemplo nacional de sucesso, é o do ALX, que foi um requisito da FAB, fabricado sem visar as exportações e que hoje é um sucesso.
Infelizmente nossas indústrias não são bem vistas pelas FAA,s/MD/ GF; dai amargam escases de encomendas até serem adquiridas, ai sim conseguem logra exito vultuosos.
Vai entender o porque, deve ser a qualide$$$$$ dos produtos e empresas estrangeiras rsrs.
Ou mudamos essa cultura, ou esquecemos essa palhaçada de EDN, PDN, Livro Branco de Defesa etc…
E viveremos morrendo de inveja das empresas e tecnologias dos outros.
E aconselho a privatiza de vez nossa defesa, colocando nossa segurança nas mãos de mercenários ; pois estamos caminhando para isso.
Sem indústria, produção local, geração de tecnologia própria etc,.. não adianta ter o capital humano !!
Palavras de um general Norte Americano ” Os E.U.A só venceram todas as guerras que entrou porque possui tecnologia””.
Acoooooorrrrrrrrda Brasilllllll !!!!
Foxtrot, você fala sempre em indüstrias 100% nacionais e que as FFAA deveriam comprar grandes quantidades dos peodutos produzidos por elas. Tudo muito bacana e ideal. Mas me diga UM produto que as FFAA compram em quantidades suficientes para manter uma empresa funiconando? Vamos usar como exemplo obuseiros auto-rebocados: o EB utiliza os M-114, M-101, M-56 e os Light Gun. Desses, somente os últimos são considerados modernos, então, os outros necessitam de substituição. Digamos que fossem ser projetados, desenvolvidos e produzidos por indústria nacional. Quantas unidades de 155 mm e 105 mm precisariam ser adquiridas para criar massa crítica que diluísse os custos e barateasse a manutenção? Poderíamos exportar? Teoricamente tudo é possível mas, na prática, existem vários fabricantes com tradição e expertise nesses tipos de produtos no mundo e sua concorrência é gigantesca. E outros exemplos de vários produtos podem ser enquadrados dessa maneira. Enquanto não houver condições das FFAA comprarem quantidades siginificativas e de forma regular, nenhuma empresa 100% nacional vai ter condições de se manter, pois as grandes empresas do setor mundo afora tem condições de oferecerem produtos de qualidade e com preços mais atraentes, devido à sua escala de encomendas.
O que precisa é tomar vergonha na cara e parar de “tapar o sol com a peneira”, caso contrario ficaremos sempre enchendo os bolsos dos gringos de dinheiro.
Precisamos investir em programas mobilizadores que envolvam empresas nacionais , centros de P&D das FAA,s, Universidades nacionais .
Após isso, devemos adquirir em número expressivo e massivo de produtos, serviços de defesa 100% nacionais, ou seja feitos no Brasil, por Brasileiros e por empresas de capital 100% nacional.
O que acontece hoje, é que desenvolvemos produtos e serviços nacionais com dinheiro do GF via Finep ( ou seja, meu e seu dinheiro), transferimos para empresas nacionais que espera anos a fio por encomendas vultuosas que nunca chegam; até não aguentar mais e ir parar nas mãos das multi estrangeiras.
Ai sim, chegam as encomendas das FAA,s, vai entender o porque.
Com a palavra as FAA,s/ GF/ MD
construir um GPS Brasileiro.
Sim seria um investimento militar de muitos frutos econômico.
Poderia nos garantir muitos avanços tecnológicos e militares.
Precisamos de uma força militar que cuide do espaço.
Sim não temos dinheiro. Pais quebrado.
Mas empresas investem se tiverem vantagem.
Uma agência espacial voltada ao comércio de tecnologia. Controlada por uma quarta força armada.
Pois a guerra vira do espaço em vinte anos com certeza.
Se não tiver um início para pensar em desenvolvimento espacial e guerras futuras as gerações futuras continuará atrasada. Tendo que comprar transferência de tecnologia como nós hoje.
Seria algo do tipo não por todos os ovos na mesma cesta. Pois se o espaço pertence a aeronáutica. Com os milhares nas folhas de pagamento poderá investir bilhões que chegará 1 ou 2 milhões para o investimento em tecnologia espacial.
Criando uma quarta força seria mais direcionado o investimento.
Brasil é um país maravilhoso pena que as regras já estão feitas. E é quase impossível acabar com a corrupção. Pois seria maravilhoso desenvolver este país glorioso.