A “4ª Crítica de Cabine da aeronave KC-390”, realizada na primeira quinzena de dezembro (12 e 13), teve como principal objetivo acompanhar as melhorias incorporadas à aeronave. Uma equipe multidisciplinar analisou de modo técnico e operacional as mudanças de ergonomia e de tecnologia dos equipamentos e sistemas da aeronave. A avaliação encerrou as atividades do projeto KC-390 previstas para este ano.
“Os resultados inicialmente obtidos foram muito animadores e deixaram toda a equipe bastante satisfeita com os itens avaliados”, afirma o coordenador da análise, Coronel Gilvan Vasconcelos da Silva, do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), que também desempenha o papel de gerente conceitual do projeto.
A crítica de cabine abrangeu diversos itens relacionados à ergonomia, à disposição da tripulação, à visibilidade externa e interna e qualidade óptica de painéis e telas (displays), à geometria e dimensões da cabine, aos assentos (qualidade, funções e ajustes), à disposição dos comandos e dos painéis, à climatização, à iluminação, aos letreiros, às simbologias, aos caracteres alfanuméricos e às “páginas” dos displays (Head Down Display–HDD e Head Up Display–HUD) e monitores, assim como à acessibilidade aos comandos e controles dos equipamentos.
Também foi avaliada a utilização de capacetes equipados com óculos de visão noturna (também conhecidos pela sigla em inglês NVG), de trajes para a operação em missões de Defesa Química, Bacteriológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN) e de pára-quedas, com o objetivo de avaliar possíveis interferências físicas e de garantir a segurança de voo e da tripulação.
As análises realizadas no protótipo do KC-390 em Gavião Peixoto, interior de São Paulo, onde está localizada uma das plantas da fabricante, contaram com a participação da Gerência Técnica da Divisão de Projetos do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DPJ/DCTA) e da Gerência Operacional do Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR).
A equipe multidisciplinar inclui pilotos operacionais e de testes, um engenheiro de teste, uma médica especializada em medicina aeroespacial e um piloto especializado em ergonomia e design de cabine de voo. Eles representaram biótipos diversificados, com variações amplas de altura e peso, contribuindo para a melhoria na qualidade das análises realizadas.
“Havia homens e mulheres com tamanhos e proporções corporais distintos, com as suas estaturas variando de 1,62m a 1,90m, de forma a permitir uma avaliação completa e abrangente da futura população de usuários”, detalha o Coronel Gilvan sobre a avaliação.
Ampliação da estatura – Os requisitos do KC- 390 foram elaborados pela FAB em 2008 e contemplaram a preocupação com a ergonomia, seguindo o design centrado no humano, uma tendência mundial no ramo da aviação. Foram consideradas duas tabelas antropométricas (uma masculina e outra feminina), do banco de dados da Força Aérea dos Estados Unidos, consideradas “consagradas” no mercado para design de espaços de trabalho.
Os dados de medição de praticamente todo o contingente de pilotos da FAB, realizado em 2014, serão considerados no desenvolvimento de futuras aeronaves, como o caça Gripen NG de dois lugares (biplace) e o novo treinador a ser usado no curso de oficiais aviadores.
Os dados, não apenas a estatura, mas todas as proporções de cada biótipo, servem de parâmetro para mensurar ajuste de cadeira, distância dos pedais, punho do joystick, distância da manete de potência, botão de extinção de fogo, entre outros.
De acordo com o EMAER, os requisitos estabelecidos para a cabine de pilotagem da aeronave devem permitir a acomodação normal do piloto e co-piloto entre os percentis 5% feminino (estatura 1,53m) e 99% masculino (estatura 1,92m). Os termos técnicos definem como foram elaborados os cálculos para a distribuição da população de pilotos que precisam ser acomodados. No caso masculino, apenas 1% das maiores estaturas foram eliminadas. No feminino, 5% das menores estaturas foram cortadas.
Segundo o Coronel Gilvan, o corte percentual é considerado muito pequeno, pois permite acomodar 95% das mulheres, por exemplo, e amplia consideravelmente a faixa de candidatos que queiram pilotar futuramente o cargueiro. Atualmente, os pilotos que querem se especializar no C-130, por exemplo, precisam se encaixar na faixa de estatura entre 1,64m e 1,87m. “O KC-390 permite uma faixa de inclusão muito ampla. Permite a operação segura da aeronave por mulheres e homens com estaturas que variam de 1,53m a 1,92m. Essa faixa permitirá ampliar o número de candidatos elegíveis a voar essa aeronave”, reforça o oficial.
Sob o ponto de vista de exportação, uma ampliação de antropometria pode facilitar o uso por pilotos de outras nações. “Em termos de mercado, amplia a faixa de acomodação antropométrica. Atende desde os asiáticos, que possuem um perfil de estatura mais baixo, quanto os europeus, por exemplo”, completa.
Próximos passos – Os dois protótipos do KC-390 fecharam a campanha de testes de 2016 contabilizando 740 horas de voo. De acordo com a Embraer, para 2017, os cargueiros já têm agenda organizada para os novos testes que deverão cumprir. A campanha inclui cinco provas: testes de ventos cruzados, também conhecido como vento de través; testes com gelo artificial, quando as estruturas são submetidas ao efeito do gelo; testes de operações em condições de gelo, ou seja, como o avião vai se comportar sob baixíssimas temperaturas; testes de certificação em sistemas de combustível, aviônico e de pressurização; além de reabastecimento aéreo.
Ficar ligado, em 2017 muitos testes , o de reabastecimento e teste de operação em condição de gelo. Vão paro o Chile ? Legal
Sempre acho interessante ver que como o KC-390 parece pequeno mas está na categoria do Hércules. Os vidros da cabine dão dessa impressão.
“… e o novo treinador a ser usado no curso de oficiais aviadores.” – é a 1ª vez que vejo essa menção numa matéria oficial da FAB. Alguém tem alguma informação sobre isso ?