Por Maria Carolina Marcello e Alonso Soto
BRASÍLIA (Reuters) – As Forças Armadas não têm interesse em se envolver na turbulenta política nacional, assegurou o ministro da Defesa, Aldo Rebelo, defendendo o respeito às instituições e à Constituição como “pressupostos” para a solução da crise enfrentada pelo país.
Integrante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o ministro disse não acreditar em uma escalada da violência nas ruas em decorrência da situação política nacional.
“Não há, da parte das Forças Armadas, nenhum interesse em ser protagonista político no país. Não há nem essa tendência nem esse interesse. A solução política dos problemas cabe às instituições políticas”, disse Rebelo à Reuters.
“O papel das Forças Armadas está muito bem delineado, definido, no artigo 142 da Constituição”, disse ao ser questionado sobre o papel do Exército diante do cenário político nacional, que tem alimentado movimentos que atuam pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.
“Não tem nenhum pendor para outro tipo de atividade, porque isso não é assunto dos militares. Política é um assunto dos políticos e das outras instituições”, afirmou.
Desde a redemocratização, a partir de 1985, as Forças Armadas tiveram sua influência política reduzida, após duas décadas de uma ditadura militar.
A situação da política nacional deteriorou-se nos últimos dias, tendo como principais episódios a denúncia e o pedido de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, emitidos pelo Ministério Público de São Paulo, além da condução coercitiva do líder petisca na semana passada, um dia após vazamento de parte do acordo de delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), com referências a Dilma e a Lula.
Além da crise política que enfrenta, com uma base parlamentar frágil e oscilante, e do desgaste quase diário provocado pelo noticiário proveniente das investigações da Lava Jato, que apura esquema de corrupção na Petrobras envolvendo diversos dirigentes políticos, o governo passa ainda por graves dificuldades na área econômica, fatores que o levaram a índices recordes de avaliação negativa.
Nesta sexta, Dilma afirmou que não renunciará ao cargo e que ninguém tem direito de pedir isso a um presidente legitimamente eleito. [nL1N16J1A4]
Sobre as manifestações contra a presidente convocadas pela oposição para este domingo, Rebelo minimizou os temores de conflitos violentos entre manifestantes favoráveis e contrários ao governo.
“Tem aí uma linguagem muito agressiva de Internet, mas eu não sei se essa linguagem de Internet vai para as ruas”, avaliou.
“De qualquer jeito, as forças de segurança, da ordem pública, têm que estar atentas… não acho que vá extrapolar para além dos limites do que costuma acontecer aqui.”
O ministro negou que as Forças Armadas tenham recebido algum pedido de governos estaduais para reforçar a segurança para as manifestações de domingo.
O que eu sei é que a situação está tomando uma proporção grave, nunca na história deste país tivemos um crise semelhante
O problema é que já tivemos ao menos em dois momentos algo parecido com que está acontecendo, 1954 e 1964 em ambos os casos as consequências foram terríveis para os mais pobres e a classe média. Falo isso da situação politica que está gravíssima, quanto a economia em si por pior que esteja não se compara aos mais de 70% de inflação ao MÊS dos anos 80 e nesse caso realmente não tem semelhanças quanto a economia desse momento.
Ultimamente o Brasil está muito estranho e perigoso.
Um juiz manda a polícia federal acompanhar um ex-presidente para depor, algo totalmente ilegal como juristas acabaram demonstrando. E isso não é “eu acho” é uma questão técnica debatida por juristas.
Em São Paulo três promotores usam uma desculpa que nem a oposição considerou válida para tentar trazer mais ódio a pessoas que vão fazer manifestações.Virou piada na internet mesmo assim vai alimentar o ódio de alguns.
Um sindicato em São Paulo é invadido pela PM no dia 11/03. A ação intimadora vez alguns mulheres chorarem e homens exaltarem.
A oposição com vários nomes citados na lava jato e em outros processos (até ladrão de merenda) chamando pessoas para fazer uma manifestação contra a corrupção.
A grande mídia (os mesmos que apoiaram o Golpe em 1964 e sua manutenção) atacando 24 horas por dia um único partido.
O comunismo mais uma vez usado como um inimigo que justifica ações violentes e que vão totalmente contra a lei.
Ideologia à parte, isso é muito parecido com 1963/1964. Felizmente as forças armadas não estão colocando mais lenha na fogueira, mas mesmo assim desse processo o Brasil vai te muitos arrependimentos no futuro independente do resultado. E ao menos para mim está nítido que existem muitas forças por trás de tudo isso e que essas forças não estão nem aí com os interesses do povo.
Espero que isso seja mera coincidência, por que não quero ver meu povo sofrer outra vez pra libertar o Brasil da tirania.
As pessoas mais sensatas no Brasil de hoje parecem ser os militares.