Por MARTIN FELDSTEIN
O fim do ano é uma boa altura para analisarmos os riscos que temos pela frente. Há, como é óbvio, riscos econômicos significativos como a fixação errada de preços de ativos provocada por uma década de taxas de juro muito baixas, alterações na procura causadas por alterações estruturais da economia chinesa e a persistente fraqueza das economias europeias. Mas os principais riscos de longo prazo são geopolíticos e provenientes da Rússia, China, Médio Oriente e do ciberespaço.
Apesar de a União Soviética já não existir, a Rússia continua a ser uma potência nuclear com capacidade para projetar força em qualquer zona do mundo. A Rússia está, também, economicamente enfraquecida devido à sua dependência das receitas petrolíferas numa altura em que os preços têm caído significativamente. O Presidente Vladimir Putin já avisou os russos que o país vai passar por um período de austeridade porque o Governo deixou de conseguir assegurar o pagamento de benefícios que concedeu nos últimos anos.
O perigo geopolítico resulta da crescente dependência de Putin em ações militares no estrangeiro na Ucrânia e agora na Síria – para manter a sua popularidade interna, usando os meios de comunicação social domésticos (atualmente, quase todos sobre o controlo do Kremlin) para exaltar a importância global da Rússia. A Rússia usa também as suas exportações de gás para a Europa Ocidental e para a Turquia como uma arma econômica – apesar de a recente decisão da Turquia de comprar gás a Israel ser um sinal dos limites desta estratégia. À medida de Putin responde a estes e a outros desafios, a Rússia permanece uma fonte de grande instabilidade para o resto do mundo.
A China continua a ser um país pobre, com um produto interno bruto per capita de quase um quarto do nível dos Estados Unidos (em termos de paridade do poder de compra). Mas como a sua população é quatro vezes maior, o seu PIB total é igual ao da América (em termos de paridade do poder de compra). E é o seu PIB total que determina a capacidade do país para investir em poder militar, para ser um importante mercado estratégico para as exportações de outros países e para oferecer ajuda para outras partes do mundo. A China está a fazer isto tudo a uma escala proporcional ao seu PIB. Olhando para o seu futuro, mesmo com taxas de crescimento mais moderadas, o PIB chinês vai crescer mais rapidamente do que o dos Estados Unidos ou da Europa.
A China está agora a expandir o seu alcance estratégico. Está a reivindicar zonas marítimas nos Mares do Sul e do Leste da China que chocam com reivindicações de outros países da região (como o Japão, as Filipinas e o Vietnam). O país conta com o chamado “nine-dash line” (criado por Taiwan, em 1947, como forma de reclamar soberania sobre grande parte do Mar do Sul da China) para justificar a reivindicação de grande parte do Mar do Sul da China, onde criou ilhas artificiais e invocou a soberania em águas circundantes. Os Estados Unidos classificam a política chinesa como “anti-access area denial”: um esforço de Pequim para manter a marinha norte-americana longe da China e das costas dos aliados da América na região.
A China está também a expandir a sua influência geopolítica através de iniciativas como o Asian Infrastructure Investment Bank, programas de ajuda em África, e o plano “one belt, one road” que estabelece ligações marítimas e terrestres entre o Oceano Índico, a Ásia Central e a Europa. A atual liderança política chinesa quer uma relação pacífica e de cooperação com os Estados Unidos e outros países ocidentais. Mas, olhando para o futuro, o desafio para os Estados Unidos e para os seus aliados é evitar que futuras gerações de líderes chineses adotem políticas que ameacem o Ocidente.
No Médio Oriente, as atenções de quase todo o mundo têm estado na ameaça que o ISIS representa para as populações civis em todo o lado – incluindo na Europa e nos Estados Unidos. Mas a questão mais importante da região é o conflito entre muçulmanos xiitas e sunitas, uma divisão que persiste há mais de mil anos. Na maior parte do tempo, e na maioria dos locais, os xiitas enfrentaram discriminações – e muitas vezes violência letal – às mãos dos sunitas.
Desta forma, a Arábia Saudita e outros estados sunitas do Golfo, olham para o Irão, uma potência xiita, como o seu inimigo estratégico. A Arábia Saudita, em particular, teme que o Irão queira ajustar contas antigas e tente alterar a guarda de locais sagrados do Islão em Meca e Medina para o controlo xiita. Um conflito entre a Arábia Saudita e o Irão seria também uma luta pelos vastos poços petrolíferos da Península Arábica e a enorme riqueza financeira de pequenos estados sunitas como o Kuwait e o Qatar.
A última fonte de risco, o ciberespaço, pode em breve ofuscar os restantes porque não há fronteiras, nem exércitos, que o possam limitar. As ameaças incluem ataques de “negação de serviços” de bancos e outras instituições; o acesso não autorizado a registos pessoais de bancos, companhias de seguros e agências governamentais; e espionagem industrial. O roubo generalizado de tecnologia de empresas norte-americanas levou a China e os Estados Unidos a acordarem que nenhum dos seus governos irá auxiliar o roubo de tecnologia para beneficiar as empresas dos seus países.
Há questões importantes, mas nenhuma é tão séria como a ameaça que o malware representa para infra-estruturas importantes – redes de eletricidade, sistemas de tráfego aéreo, oleodutos, fornecimentos de água, plataformas financeiras, etc. Recentes casos da utilização de malware foram atribuídos à China, Irão, Rússia e Coreia do Norte. Mas os estados podem, simplesmente, não estar envolvidos: agentes individuais e não estatais podem desenvolver malware contratando, simplesmente, o talento necessário em mercados internacionais clandestinos.
Armas virtuais são, relativamente baratas (e amplamente acessíveis) e capazes de alcançar qualquer parte do mundo. São as futuras armas de eleição para atacar ou chantagear um adversário. E continuamos sem capacidade de bloquear estes ataques ou identificar inequivocamente as suas fontes.
Estas quatro fontes de riscos constituem um sério desafio geopolítico. Ao destacá-las não quero minimizar a importância de outras questões como a política monetária dos Estados Unidos, a queda dos preços das matérias-primas, as crises da dívida – que, provavelmente, vão afetar a economia global este ano. O que é especial com as ameaças que emanam da Rússia, China, Médio Oriente ou ciberespaço é que elas vão persistir e ameaçar o nosso futuro econômico por muitos anos.
FONTE: jornaldenegocios.pt
Sim! Houve um estímulo ao mercado interno no Brasil durante o Governo Lula – com grande liberação de crédito interno! Mas acabou por não funcionar, por fecharem o mercado interno ( somente o Mercosul), falta de investimentos em infra estrutura ( estradas, ferrovias) – que levou a nossa infraestrutura e o mercado fechado a não suportar o aumento do consumo interno – levando a inflação ( algo que a China faz – investimentos em infraestrutura)! Com o aumento de gastos públicos, má gestão – nos levou nos últimos 5 anos a um déficit recorde – que aumentou o risco Brasil a investidores externos, aumento do dólar ( mais inflação) e recessão.
Apesar de interessante o post peca por uma análise linear visando manter o status quo ocidental e analisa com foco em manter a relevância e prioridade no Ocidente.
E o futuro indica justamente um realinhamento de forças contra o status atual.
Imagine a situação econômica da Russa se não tivesse a tal “dependência das receitas petrolíferas”, duplo erro porque as receitas petrolíferas foram a SOLUÇÃO no período anterior de alta que tirou a Rússia do atoleiro do período pós-URSS, a diminuição das suas rendas serão substituídas em grande parte pelas vendas de artigos militares russos evidentes aos compradores mundiais (chineses incluídos) nas campanhas militares “de desvio da atenção” da Ucrânia e Síria, como se a Rússia (e não o Ocidente) tivesse criado ambas as situações por suas políticas agressivas contra o governo pró-Rússia eleito na Ucrânia e contra o “Regime de Assad” na Síria em favor da “NaziDireita ucraniana” e dos “Rebeldes mulçulmanos moderados(?) da Síria”…
Sem falar no Apoio incondicional ao “Reino Democrático Saud da Arábia”….
Os Ocidentais com sua “inteligente e sensível” política externa para os países árabes trocaram 4 décadas de conflito árabe-palestino por um novo e ampliado conflito Sunita e Xiita onde a questão Palestina sumiu da ordem do dia internacional e passou ao terrível dia-a-dia de uma ocupação-colonização-genocídio disfarçado por Israel e um mundo que ESQUECEU dos agora irrelevantes Palestinos…
Quanto a China o próprio texto da a dica mas não vê a solução, por ter uma grande população e uma baixa renda per capita, mais cedo ou mais tarde a China não desacelerará sua economia porque o mercado mundial não está mais comprando os seus bens, ela começará a transferir suas exportações para o seu IMENSO mercado interno. Fazendo em linhas gerais o que foi feito no Brasil durante os governos Lula, liberar o crédito interno e aquecer o mercado interno. A estratégia funcionou por quase dez anos no Brasil. A “pobre” China pelo seu tamanho, reservas em dólar colossais e população pode fazer algo similar, mas diferentemente do Brasil esta estratégia para eles PODE se mantidas condições normais similares a que passou o Brasil da década 2000 PODE funcionar por várias décadas a mais.
O fim foi a hilária afirmação piadista que o roubo de tecnologia das empresas americanas na internet (pelos Chineses?) fizeram que os EUA e a Chine concordassem em não mais roubar tecnologia para as empresas do país… Depois do que Edward Snowden revelou sobre as atividades da NSA de roubo de todo tipo de informação pelos EUA, vitimizar os EUA por roubo de tecnologia via Internet só pode ser encarada como muita ingenuidade ou muita piada…
Topol, continuando … e também assim alimentar sua indústria bélica ao vender armamentos diversos ao país em questão como ajuda ao seu novo e submisso governo.
A 5ª fonte de risco é os EUA e seus escudeiros da OTAN continuarem desestabilizando dezenas de países ao redor do globo com o intuito de implantar governos fracos e alinhados (submissos) politicamente a eles com o intuito de se apoderar de suas riquezas naturais e depois de destruir toda a infraestrutura do país conceder contratos bilionários de reconstrução a suas próprias empreiteiras.
Muito bem falado Topol ,alguns ”analistas” não conhecem a imparcialidade e usam a lógica(sic) a favor de seus interesses,serão Rússia, China e Oriente Médios os únicos problemas da humanidade,serão esses os malvados ? A política da Europa e EUA,sempre foi realmente benéfica as demais nações do terceiro mundo,elas trouxeram bem estar a esses povos ?
Essa matéria é mais um dos muitos exemplos de sofismo,presente na mídia !
de todas essas ameaças a mais provável é a guerra no oriente médio e uma expansão russa!!!