Por Roberto Caiafa – Com informações de Eduardo Magalhães e fotos de Frank Magalhães
No marco dos 43 anos do lançamento do Northrop F-5E Tiger II, caça que até hoje é a ponta de lança da Defesa Aérea brasileira, em sua versão modernizada, Tecnologia & Defesa recupera e traz para seus leitores um pouco da história dessa aeronave na Força Aérea Brasileira, através das fotos e relatos do capitão Frank Magalhães repassados por seu filho a nossa reportagem.
No final dos anos 80, a Força Aérea Brasileira buscou nos Estados Unidos da América caças Northrop F-5E/F (22 F-5E e quatro F-5F) adquiridos de segunda mão a United States Air Force, através do contrato CASE BR-D-DAS/88, avaliado em 13,5 milhões de dólares. Esses voos de traslado, em número de cinco, ocorreram entre 29 de setembro de 1988 a 23 de agosto de 1989.
No quarto ferry flight, o KC-137 FAB 2404 do 2º/2º GT, encarregado de prover o apoio logístico e navegação da missão, pousou em Homestead Air Force Base no dia 21 de abril de 1989. Entre os graduados daquele grupo denominado “Bravo” estava o sargento especialista em armamento aéreo FAB Frank Magalhães, que registrou em fotos coloridas algumas das etapas de retorno com quatro caças Northrop F-5E (FAB 4858, FAB 4861, FAB 4871 e FAB 4873) entregues.
Essa pequena esquadrilha, após uma série de contratempos, logrou chegar a Canoas, seu destino final, somente no dia 10 de maio de 1989. A rota de retorno voada pelos militares fabianos começou em Homestead (Flórida, USA), e incluiu Nassau (Bahamas), Roosevelt Roads (Porto Rico), Ilha Margarita (Venezuela), e em território nacional, escalas em Boa Vista, Manaus, Belém, Fortaleza, Salvador (região norte/nordeste), Rio de Janeiro (região sudeste) e finalmente Canoas, no Rio Grande do Sul.
Frank Magalhães, usando uma câmera 35 mm (película), muito comuns à época, registrou o KC-137 em Homestead, onde é possível ver linhas de voo recheadas de caças navais embarcados Grumman F-14A Tomcat da US Navy, e os então novos General Dynamics F-16A/B Fighting Falcon da US Air Force. O poder aéreo norte-americano visível nas fotos de solo em Homestead superava amplamente a frota de caças da Força Aérea Brasileira a época.
Na escala de Nassau, nas Bahamas, é possível ver o KC-137 FAB 2404 e dois F-5E no esquema de pintura Air Defense Command (ADC-USAF), o FAB 4873 (o outro deve ser o FAB 4858), e entre eles o FAB 4861 em pintura New Blue Agressor, simulando o padrão de cores e marcas da então União Soviética.
Entre Nassau e NAS Roosevelt Roads, Frank Magalhães realizou fotos ar-ar do elemento de caças posicionado na ala esquerda do KC-137, com um close bem detalhado no FAB 4873 em esquema de pintura ADC-USAF. Na chegada a base da Marinha norte-americana, uma foto do pátio principal feita durante sobrevoo em formação.
No dia da partida decolando de Porto Rico, fotos durante o taxi mostram os quatro F-5E seguindo o Boeing até a cabeceira da pista. Em voo, o elemento de F-5E pintado no esquema ADC-USAF foi fotografado. Também foi feito um registro da cabine de pilotagem do KC-137 FAB 2404 do 2º/2º GT e sua tripulação, durante uma das etapas do ferry flight.
O capitão FAB Frank Magalhães, então comandante do Esquadrão de Material Bélico (EMB) da Base Aérea de Santa Maria, faleceu em 2012 aos 54 anos de idade. As fotos históricas e informações contidas nesse artigo foram fornecidas pelo seu filho Eduardo Magalhães, de 31 anos.
Em um dos últimos registros foto antes de sua morte, o militar aparece reunido com pilotos e equipagens durante o Torneio da Aviação de Caça (TAC) 2012, realizado em Belém. Na foto também aparece o capitão aviador André Ricardo Halmenschlager, piloto falecido em dezembro daquele ano quando seu A-1 colidiu com linhas de alta tensão da Represa de Machadinho (SC) durante missão de treinamento.
Uma pena o Brasil não te comprado números maiores de F-5, e mesmo que os EUA não liberassem a venda poderíamos te comprado o J-7 ou MiG-21. Aeronaves baratas de desempenho razoável que o Brasil poderia te comprado na casa das centenas. A verdade é que contamos com a sorte de ninguém nos atacar.
Carl,
Pior que oportunidade não faltou…
Em 2002, estava em pauta a compra de um lote de F-5E suíços que, pelo que me consta, estavam em excelente estado ( e deviam estar mesmo, já que a RUAG não é brincadeira )… Essa compra, somada a jordaniana, daria uma certa folga ao País.
RR,
Dizem que os suíços nem querem ouvir falar de Brasil, pois já estava tudo acertado com a RUAG e os dirigentes brasileiros deram para trás na compra.
Quanto ao estado dos aparelhos, de fato estavam em tão boas condições que o lote foi parar nas mãos da USAF.
Outra “estória” é de que a FAB necessitada de um numero XX de aeronaves “F” (não sei quantos) e que os suíços condicionavam um numero muito alto de unidades “E” para efetivar a venda e ai o comando da FAB e o Tesouro Nacional não aprovaram a compra…
CM
Claudio,
Também ouvi falar dessa estória dos biplaces…
Se me lembro corretamente acerca do que li na época, os suíços condicionaram a compra de um biplace a três mono… E o interesse da FAB seria realmente os biplaces, o que seria para preencher a lacuna deixada pelos F-5B… Até onde isso é fato, não se sabe ( nunca li nada que atestasse isso de fonte oficial ). Mas quando os jordanianos chegaram, teria sido dada prioridade aos três biplaces para os trabalhos de recuperação e modernização.
Saudações.
Muito bacana, belas e históricas imagens.
Espetacular registro histórico. Uma pergunta: por que foram feitas tantas escalas? O KC-137 não poderia trazer os F-5 com REVO diretamente da Flórida para o Brasil, considerando que possui um alcance de 7.610mi (12.247KM)?
Repare que as aeronaves não tinham PROBE para REVO.
Haha é verdade, Padilha, não havia reparado. Abs!