Por Bruno Peres
Embora não se considere alvo de terroristas, o Brasil se prepara para a realização da Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro como se a qualquer momento um “desafio” desse tipo pudesse ocorrer. A avaliação é do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência Abin, Wilson Trezza. O governo brasileiro diz ter convicção de que “no dia a dia das relações internacionais” não é alvo.
Na última semana, a Abin realizou o Seminário Internacional Enfrentamento ao Terrorismo no Brasil, para nivelar conhecimento entre os três níveis de governo na preparação do evento esportivo, com representantes de outros países e especialistas brasileiros de diversas áreas. “Em termos de segurança, defesa e inteligência, uniformização do conhecimento é muito importante”, disse.
O monitoramento de imigrantes é sempre feito, disse o diretor, admitindo que um trabalho “100%” nesse sentido não é simples. Em sua avaliação, em um momento em que o Brasil ainda é considerado “a bola da vez”, no bom sentido, segundo ele, por causa do nível de desenvolvimento, a cooperação internacional é considerada elemento importante para um trabalho de prevenção efetivo, em meio a um fluxo migratório permanente.
“Alvos internacionais do terrorismo são identificados nos outros países, e as informações são enviadas para o Brasil na medida em que se acompanham os deslocamentos dessas pessoas”, disse o diretor-geral da Abin. “Temos preocupação com quem entra e quem sai do país, recebemos cooperação internacional e fazemos nosso trabalho preventivo”.
Trezza acredita que o Brasil não chegará a integrar a lista de países de alto risco do Grupo Internacional de Ação Financeira contra Lavagem de Dinheiro e Financiamento do Terrorismo (Gafi). Ele diz que o país aderiu a todas as resoluções da ONU relacionadas ao terrorismo e avalia que a legislação preparada pelo governo brasileiro, embora possa ser considerada insuficiente, cessará cobranças internacionais pela tipificação do terrorismo. “É muito difícil chegarmos a uma legislação ideal”, disse.
O governo também tem procurado assegurar que as restrições orçamentárias não comprometerão a segurança dos jogos.
Há ainda a avaliação pelo governo de que, desde a primeira experiência de uma coordenação de sistema de inteligência voltado para grandes eventos em 2007, com os Jogos Pan-Americanos, também no Rio, o país desenvolveu um modelo de execução de ações preventivas que tem se mostrado eficiente, em permanente aperfeiçoamento.
O setor privado também será chamado a participar do esforço do governo para garantir a segurança durante a Olimpíada e o enfrentamento ao terrorismo. Representantes de setores voltados para atendimento ao público, como bares e hotéis, classificados como focos em potencial, terão apoio para capacitar funcionários em ações de inteligência, defesa e segurança, para identificar, por exemplo, situações que fujam da normalidade e indiquem risco para atos terroristas, facilitando a interlocução com os entes governamentais.
FONTE: Valor Econômico