Por Soraia Abreu Pedrozo*
Foi a partir de conversas com um militar que morava em sua rua, no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo, que Gustavo de Oliveira Pascotto, 33 anos, capitão da FAB (Força Aérea Brasileira), decidiu se tornar piloto de avião. Mas ele não queria simplesmente guiar aeronaves comerciais, levando turistas e executivos de um lado para outro; o são-bernardense almejava pilotar caças.
Hoje, ele é um dos dois únicos profissionais brasileiros que estão na Suécia para fazer o treinamento do Gripen NG, aeronave supersônica que o Brasil vai começar a produzir em 2019 até 2022, em parceria com a Saab. O contrato entre a fabricante sueca e o governo brasileiro foi assinado na semana passada, no valor de US$ 5,4 bilhões. “Ser piloto é um sonho de muita gente. Ainda mais quando se trata de um avião-caça”, diz Pascotto. Questionado sobre o porquê da vontade de exercer essa profissão, mesmo sabendo que o Brasil é uma Nação pacífica e que não se envolve em guerras, ele afirma que a maior motivação é a vontade de defender o território brasileiro. “Quero trabalhar em prol do nosso País”, dispara, orgulhoso, em seu segundo dia na base da Força Aérea Sueca em Satenäs, a duas horas de Gotemburgo, segunda maior cidade da Suécia.
Ele e o mineiro de Ipatinga Ramon Santos Fórneas, 32, também capitão da FAB, foram escolhidos entre cerca de 330 pilotos brasileiros de caça – existem 11 esquadrões e em torno de 30 profissionais em cada um deles – para aprender a pilotar o Gripen NG e repassar o conhecimento no Brasil. “A FAB acompanha o desempenho operacional dos pilotos periodicamente”, conta Fórneas, ao justificar a eleição de seus nomes.
Pascotto e Fórneas permanecerão na base de Satenäs até 22 de abril, quando retornam ao País. Ao longo desses quase seis meses, em jornada diária das 7h30 às 17h, eles terão treinamento teórico e voos na aeronave. A estreia no Gripen NG será realizado em três semanas. Nesse período de qualificação em terras nórdicas, Pascotto diz que trará sua mulher e filho de 1 ano e 9 meses para morar com ele.
O são-bernardense saiu do Grande ABC em 1998, quando, após as conversas com seu vizinho militar, ingressou na unidade da Força Aérea em Barbacena, em Minas Gerais. Anos depois, ele entrou na Academia da Força Aérea, em Pirassununga, no interior de São Paulo, onde conheceu o mineiro e os dois se formaram na função de piloto militar em 2004. Oito anos de estudos depois, Pascotto tornou-se integrante do primeiro grupo de defesa aérea da Base Aérea de Anápolis, em Goiás, e foi piloto do Mirage 2000, que compunha a frota oficial das 36 aeronaves da FAB, aposentada em dezembro do ano passado para dar lugar ao Gripen NG. Neste ano, durante processo de conversão operacional, ele, na primeira linha de caça, pilotava o F5, aeronave com aviônica (componentes eletrônicos que ajudam a controlar o voo) modernizada similar ao caça sueco, quando foi selecionado.
A Força Aérea Sueca possui 4.000 profissionais, sendo a metade deles oficiais e sargentos. Desses, cerca de 25% estão alocados nessa base, uma das maiores entre as cinco da aviação militar do país. Lá, são treinados tanto pilotos suecos como estrangeiros, caso dos brasileiros. Países parceiros também podem se qualificar no espaço, informa o oficial comandante Michael Cherimet.
*A jornalista viajou a convite da Saab
FONTE: Diário do Grande ABC
FOTO: G1
e foi piloto do Mirage 2000, que compunha a frota oficial das 36 aeronaves da FAB, aposentada em dezembro do ano passado para dar lugar ao Gripen NG
Você se enganou a frota de Mirage 2000 era de 12 aeronaves.
Os pilotos ainda não testaram os caças, nessa primeira fase é só no simulador.