Por Guilherme Wiltgen e Luiz Padilha
No dia 06 de agosto ocorreu o media day a bordo do futuro Navio de Assalto Anfíbio da US Navy, o USS America (LHA 6), que faz a sua viagem denominada “America visita as Américas”, de Pascagoula (Costa leste) para San Francisco (Costa oeste), onde ocorrerá a sua cerimônia de comissionamento no dia 11 de outubro.
Com uma tripulação composta por 1.400 homens, entre oficiais, praças e Marines, o America possui 257 metros de comprimento, 57 metros de boca (largura) e é capaz de operar com as aeronaves Tiltrotor MV-22 Osprey, helicópteros CH-53E Super Stallion, UH-1Y Venon, AH-1Z Viper e MH-60S knighthawk, e com os caças V/STOL (Vertical or Short Takeoff and Landing) AV-8B Harrier II e F-35B Lightning II.
O América é o primeiro navio da sua classe, que irá substituir os navios da classe Tarawa, sendo a próxima geração de navios anfíbios com “big-deck”, totalmente otimizado para operações aéreas, é capaz de operar com as atuais e futuras aeronaves da US Navy e USMC, possuindo em seu convoo 9 spot’s e dois elevadores, um de cada bordo.
O navio desenvolve mais de 20 nós de velocidade, possuindo dois modos de propulsão (GE LM2500 + Turbina a Gás e APM – Auxiliary Propulsion Motor).
O USS America (LHA 6) é o quarto navio da US Navy a ostentar este nome. O primeiro foi uma escuna utilizada durante a Guerra Civil, o segundo foi o ex-SS Amerika, um navio de passageiros alemão apreendido no início da Primeira Guerra Mundial e o terceiro foi o porta-aviões USS America (CV-66), da classe Kitty Hawk, descomissionado em 09 de Agosto de 1996.
O navio está conduzindo diversas operações de segurança marítima com as nações amigas, visando melhorar a interoperabilidade entre as Marinhas. Já visitou a Naval Station Guantanamo Bay, em Cuba, Colômbia e Brasil, e ainda vai visitar o Chile e Peru, antes de seu destino final.
Carros de Combate
Um amplo hangar, localizado em um deck inferior, abrigará os carros de combate utilizados pelos Marines, possuindo uma rampa de fácil acesso ao hangar das aeronaves, nele estavam expostos um LAV-25 (Light Armored Vehicle), baseado no MOWAG Piranha 8×8, configurado com um canhão de 25mm M242 Bushmaster e duas metralhadoras M240 7.62 mm e um LAV-AT (Anti-Tank) com uma torre lançadora Emerson 901A1 TOW-2 ATGM (Anti-Tank Guided Missile), que possui capacidade de carregar até 16 mísseis TOW, também é armado com uma metralhadora M240 7.62 mm.
O MV-22 Osprey
O USS America trouxe a bordo, pela primeira vez ao Brasil, os inovadores Tiltrotor Bell-Boeing MV-22 Osprey, aeronaves que combinam as vantagens de decolagem e pouso vertical (V/STOL – Vertical and/or Short Take-Off and Landing) e voo pairado como de um helicóptero, aliado a alta velocidade e autonomia de voo de um avião.
Na exposição estática dos Osprey, nos chamou atenção o ITV-LSV (Internally Transportable-Light Strike Vehicle) M1161 “Growler”, um Jeep de pequenas dimensões, especialmente projetado para ser transportado pelo MV-22 do USMC.
Os quatro MV-22 Osprey são pertencentes ao Marine Operational Test and Evaluation Squadron Twenty-Two (VMX-22), também conhecido como “Argonauts”, estão baseados na Marine Corps Air Station New River, na Carolina do Norte e é subordinado ao Commander Operational Test and Evaluation Force (COMOPTEVFOR).
O MH-60S Knighthawk
Também se encomtravam a bordo três helicópteros multi-missão MH-60S Knighthawk, substitutos dos helicópteros Boeing CH-46D Sea Knight, que realizam as missões de VERTREP (Vertical Replenishment), C-SAR (Combat-SAR), suporte as Operações Especiais e ataque, podendo ser armado com dois lançadores quádruplos de mísseis Hellfire.
Os “Sierra” pertencem ao Helicopter Sea Combat Squadron Two One (HSC-21), também conhecido com “Blackjacks” e estão baseados na Naval Air Station North Island, em San Diego.
Apresentação do Navio
Ocorrida no convoo e tendo como pano de fundo o MV-22 Osprey e o Corcovado, a apresentação do navio foi iniciada pelo Consul Geral do Estados Unidos no Rio de Janeiro, senhor John S. Creamer, seguido pelo Rear-Admiral Fernandez “Frank” L. Ponds, Comandante do Expeditionary Strike Group Three, que ressaltou quanto a hospitalidade da cidade do Rio de Janeiro e enfatizou os laços de amizade entre as Marinhas do Brasil e dos Estados Unidos.
Após suas palavras, o Alte. Ponds apresentou o Boatswain’s Mate 1st Class (BM1) Tiago Campos, único brasileiro pertencente a tripulação do LHA 6. Tiago é natural de Brasília e se mudou com seus pais para os EUA quando tinha apenas 10 anos de idade. O BM Tiago já está a dez anos na US Navy.
Após as apresentações, o Defesa Aérea & Naval foi recebido pelo Capt. Robert A. Hall Jr., Commanding Officer, e pelo Capt. Michael Baze, Executive Officer.
Dentre os vários assuntos tratados, ressaltamos quanto a utilização de placas, especialmente projetadas, que são peiadas ao convoo durante períodos mais longos em que os MV-22 Osprey permanecem rotacionando, evitando danos causados por super aquecimento do convoo, e de sua estrutura, devido a exaustão de gases quentes, que são direcionados para baixo, ao contrários das demais aeronaves. Somente durante a fase dos check’s de pré-voo, a aeronave permanece acionada por quase uma hora no spot.
Os Capt. Hall e Baze também ressaltaram quanto as operações aéreas realizadas pelas aeronaves da Marinha do Brasil a bordo, composta por helicópteros UH-12/13 Esquilo (Esquadrão HU-1), UH-15 Super Cougar (Esquadrão HU-2) e MH-16 Seahawk (Esquadrão HS-1), que realizaram cross-deck com o navio norte-americano, proporcionando aos nossos Aviadores Navais a oportunidade de operarem com um Navio de Propósitos Múltiplos (NPM), similar ao proposto no PROSUPER.
“BELLO VEL PACE PARATUS”
(Preparado para a Guerra ou para a Paz)
NOTA do EDITOR: O DAN agradece ao Rear-Admiral Ponds, ao Capt. Hall e Capt. Baze, pela gentileza que nos atenderam e ao senhor Guilherme Monsanto (Consulado Geral dos EUA), que não poupou esforços em colaborar para a realização desta cobertura.
Alguém sabe o custo de aquisição de um navio desses ? Para mantelo ? E equipado corretamente ? Essas aeronaves que ele utilizá são muito caras para a MARINHA ?
Em dólares de 2011 o custo foi de 3,32 bilhões e as aeronaves são
carissimas…o MV-22 está na faixa dos 65 milhões de dólares cada e
o futuro F-35B espera-se que beire os 100 milhões a unidade, então,
apenas 10 MV-22s e 6 F-35Bs que compreenderão metade das aeronaves
do América só aí são mais 1,2 bilhão.
Também, são necessárias aeronaves extras para treinamento e reposição
em caso de perda ou manutenção então seriam necessários pelo menos
12 F-35B e 18 MV-22 além de outros tipos de helicópteros.
Parabéns, belas fotos.
Da para ver na primeira foto do MV-22 que tem até uma ponte rolante instalada no deck inferior para facilitar os trabalhos de manutenção e içamento de cargas pesadas, muito bacana e funcional.
Como ele não possui a doca alagável para desembarque de veículos anfíbios acredito que sua função seja mais para apoiar operações de assalto aéreo, assim como um porta aviões mesmo.
Penso que se trata de um excelente navio de assalto amfíbio baseado no osprey e no f35, mas também apoiados nos novos lpds classe Sant Antônio, pois como única plataforma, faltam a opção da doca alagada, que diverdifica bem as operações anfíbias. Mas é um excelente navio com ótimas características. Mas….esclareçam uma coisa. O texto fala em largura de 57m….não seriam perto de 32m devido a seu comprimento? Estes 57 não seria de boca e sim com as plstaformas de elevação?
Os 57 metros são com toda certeza a largura máxima incluídos os
elevadores. Os elevadores podem ser dobrados para cima então
a largura máxima do convôo é reduzida para pouco mais de 40 metros.
Lindas fotos, parabéns! Eu cliquei no post torcendo “tomara que eles tenham tirado foto do armamento”, e você do DAN não me decepcionaram haha!
Sobre a embarcação temos que admitir que eles sabem o que fazem, pode ver que é tudo de primeira só a nata dos armamentos de defesa, ahh… quisera eu que meu Brasil tivesse um assim (em operação!!) para em noite de lua deslizar em lago azul!
Sds.
Alguns erros de português, mas era a euforia!
Fotos excepcionais! Excelente matéria!
É difícil não ler essa matéria e não pensar nas classes que antecedem a América; a Tarawa em particular. Sobre esta ultima, atualmente, duas de suas unidades aguardam destino ( o próprio USS Tarawa, descomissionado em 2009, e o USS Nassau, que estaria em reserva desde 2011 ).
Se houvesse necessidade e condições, creio que esses vasos de guerra poderiam ser considerados como uma alternativa. É quase certo que viriam a preço camarada…
Contudo, penso que a MB deva mesmo dotar-se de algo mais modesto, como a classe Mistral. Ha todo um peso logístico em navios desse porte, que determinará seu custo ao longo de sua operação no País… Se comparados dentro dessa base, o que seria gasto em um Tarawa, poderia sustentar dois Mistral…
E há também outras alternativas, tais como navios LPDs.
Apenas o Tarawa encontra-se sendo razoavelmente bem mantido no
caso de ser necessário sua reativação e mesmo assim exigiria boa
parte de um ano ou mais para reativa-lo, mas, ainda assim seria
mais rápido que esperar pelo próximo LHA a ser comissionado em
2019. O Nassau encontra-se em outro nível e seria ainda mais
complicado reativa-lo, mas está sendo preservado enquanto se
decide o que fazer com ele: prepara-lo para ser afundado como
alvo ou desmanche.
Os LHDs/LHAs são o melhor de 2 mundos, possuem doca alagável
– o terceiro classe América voltará a ter uma -, ampla infraestrutura
para aeronaves e convôo desobstruído, melhores instalações de
comando e mesmo maior capacidade hospitalar.
Os LPDs e LSDs normalmente complementam os LHDs/LHAs/LPHs,
em uso nas marinhas dos EUA, Reino Unido, Japão, Espanha, etc.
Impressionante. O que mais chama a atenção é o n. de baterias de defesa de ponto.
Reproduzo abaixo algo que gostaria de futuramente ver no DAN:
06/08/2014 7:33 by FRL Responder
Prezados, bom dia.
Desculpem-me pelo atrevimento, mas sugiro que o DAN faça uma reportagem comparando, na medida do possível (eu sei que se trata de empreitada deveras complexa), o LHA-6 com o Mistral, tanto em capacidades/versatilidade como em custos estimados de aquisição e manutenção, e eventualmente ToT, de modo a orientar a uma conclusão mais segura, ao menos para leigos, do que talvez fosse mais adequado à MB como navio de múltiplos propósitos (e aí entraria o cotejo dessas características com as especificações e exigências da MB a esse meio).
Uma aquisição dessa envergadura não pode apenas ser adotada com base em pressões políticas, como tenho intuído do que venho acompanhando essa discussão aqui e alhures.
Ah, e antes que me esqueça, meus parabéns ao DAN pelo magnífico trabalho de cobertura. A matéria está ricamente ilustrada por fotografias das mais interessantes (p. ex., a http://www.defesaaereanaval.com.br/wp-content/uploads/2014/08/LAV-25_01.jpg, que mostra a torre de um blindado, revela logo acima, no teto do deck, a complexidade e a quantidade de sistemas que fazem do navio o que ele é, sem muito cuidado com o “acabamento” e demonstrando a robustez do engenho).
Obrigado FRL!
O que posso te dizer tanto do navio quanto do MV-22, é que ambos são espartanos!
FA
Ou seja, feitos para a batalha e não para desfile. É isso?
Feitos realmente para a guerra!
Humm! Ou seja, mentalidade a ser estudada, compreendida e aplicada, já que se reflete inclusive nos custos de produção do meio… Estou correto?
São realidades distintas, pois são equipamentos construídos visando prioritariamente o combate.
Prezado Guilherme, boa noite.
Respondo aqui, e não após a sua última colocação (das 11h44) porque a coluna estava ficando fina demais e já até prejudicava a leitura. E apenas faço a minha colocação agora porque tinha uma pendência urgente, o que me consumiu o resto do dia.
Concordo com o que você disse e é claro que ambos os meios são voltados para a guerra. Aliás, não poderia ser diferente, senão seriam caros bibelôs que só adornariam desfiles de faz de conta para a turma do país das maravilhas que gosta de marchar perante o povão, para impressioná-lo, ou fazer regatas com todo mundo enfileirado nos tombadilhos para bater continência aos descerebrados… ou então seriam meros objetos de retroalimentação de uma indústria que vende a falsa sensação de segurança mediante a instigação do terror e do medo.
Os honrados militares que conheço sabem de todos esses riscos de degenerescência, mas repudiam, são absolutamente refratários a esse tido de realidade. Os honrados militares que conheço são fiéis à missão que abraçaram e sabem da importância que ela tem para a preservação do Estado e principalmente do povo que o anima. Daí porque buscam, com profissionalismo e parcimônia, os meios que melhor atendam à missão, o que demanda uma complexa análise estratégica da geopolítica do momento e da geopolítica projetada. Daí porque se fala em “um jogo de xadrez em constante mutação”.
Acho que antes não me fiz claro. O que quis dizer é que o navio americano, ao contrário de outros de diversas nacionalidades, não é o “bonitinho”, o impecável no tocante às linhas e ao acabamento. Não. Ele é projetado e construído para atender a uma função, com a máxima robustez possível. E é feito assim, de forma pragmática, inclusive para ter o menor custo possível. O americano não busca reduzir os custos de produção (de qualquer coisa) só com tecnologia, padronização e escala, mas também mediante um projeto que visa eficiência sem firulas. Não é raro que determinado item do arsenal americano não seja o melhor, mas em virtude da quantidade que construída, mantida e reposta é que faz ganhar as guerras.
Muitas vezes discutimos a qualidade dos meios à exaustão, como se fora um jogo de “super trunfo”, porém é preciso ter em mente, em primeiro lugar, o objetivo pretendido com o meio (p. ex., projeção de poder, dissuasão etc.), então estabelecer uma missão (ou uma gama de missões), para que, depois, de forma sensata, seja aquilatada a relação custo X benefício (esta relação sendo a mais importante a ser considerada) desse meio e a quantidade necessária para que de fato o objetivo venha a ser concretizado de forma crível. E, claro, quanto isso vai onerar a sociedade, da aquisição até a baixa. E uma maneira de fazer pender a balança para o lado positivo da complexa equação é deixar as firulas de lado e concentrar os recursos financeiros no essencial. Porque é imperioso que se faça cada vez mais com menos.
Em minha opinião, equipamento militar deve ser espartano sim. Em primeiro lugar por todas as razões supra. Em segundo lugar, porque guerra, em que pese ser algo por vezes necessário (ainda que evitável), sempre é desagradável e representa a falência da razão humana. Guerra não é e nunca sera “bonitinha”, então não precisa e não deve ser “humanizada”, “suavizada com linhas belas”; deve mostrar a cara que de fato tem, feia, horrível, mal acabada. Até porque do contrário a aceitação dos conflitos passaria a ser cada vez mais fácil e se tornaria uma atividade como outra qualquer, talvez como um videogame, tornando-se prazerosa até. Guerra deve(ria) ser o último recurso, deve(ria) somente surgir no ideário dos Estados da mesma forma que hoje se disciplina a legítima defesa, como uma exceção aceita, porém nunca desejada, para a autopreservação daquele injustamente atacado. Em terceiro e último lugar, devem os meios ser espartanos porque, assim como na antiga Esparta, a dureza e a disciplina encaminham à eficiência, inclusive de manutenção/reposição e também econômica.
Em resumo, é essa a mentalidade que gostaria de enfatizar, sem que, contudo, seja mal compreendido. Não estou antagonizando ou tecendo loas a qualquer dos meios. Não estou dizendo que esse meio seja o mais adequado ao Brasil (aliás, talvez seja até excessivo, exagerado para as legítimas pretensões brasileiras). O que penso, apenas, é que, às vezes, alguns se atêm a questões meramente estéticas, deixando o funcional/econômico de lado.
Ah…se inveja matasse Padilha !!!!! 🙂
Só um detalhe, que passou despercebido na hora de publicar a matéria,
e perfeitamente compreensível, é o CH-53E e não o MH-53E que é utilizado.
Parabéns pelas fotos !
Obrigado Dalton!
O MH-53E é o Sea Dragon.
FA
Sensacional
Vlw Claudio!
FA