A China está criando uma imagem ousada de si mesma como uma eminente potência do Leste da Ásia, alertando os Estados Unidos e seus aliados contra criticar sua conduta e ampliando medidas que podem elevar as tensões com seus vizinhos menos poderosos.
O endurecimento do discurso da China revela que o país vê um declínio da influência americana na região, ainda que seus passos agressivos pareçam estar levando outros países a se unir com o objetivo de conter o seu crescimento militar e econômico.
A manifestação mais recente dessa crescente assertividade chinesa aconteceu nesse fim de semana, quando um militar chinês de alta patente repreendeu os EUA por criticarem as ações chinesas no Mar do Sul da China.
O secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, num discurso que fez no sábado, durante o Diálogo de Shangri-la, um fórum anual de líderes no setor de defesa, acusou a China de empreender “ações desestabilizadoras e unilaterais” na região, como a mobilização de plataformas de exploração de petróleo em águas sob disputa.
O tenente-general Wang Guanzhong, vice-chefe do Estado-Maior da China, respondeu ontem com uma agressividade incomum, dizendo que o discurso de Hagel foi “cheio de hegemonia, cheio de palavras de ameaça e intimidação” e parte de “um desafio provocador contra a China.”
Outros militares chineses foram ainda mais francos
“Os americanos estão cometendo muitos erros estratégicos importantes neste momento” em seu modo de lidar com a China, afirmou o major-general Zhu Chenghu numa entrevista durante a conferência de segurança. “Se você considerar a China como inimiga, a China irá se tornar, absolutamente, uma inimiga dos EUA”, disse ele.
Essas declarações pesadas acontecem um mês após uma estatal chinesa de petróleo ter deslocado sua plataforma de exploração para águas reivindicadas pelo Vietnã, o que gerou manifestações contra empresas chinesas no país asiático e críticas dos governos dos EUA e do Japão ao que consideram um crescente desrespeito chinês pelas leis internacionais. A China se defendeu dizendo ter realizado atividades normais dentro do seu território.
Navios chineses também assumiram o controle de Scarborough Shoal, uma área disputada no Mar do Sul da China que, em 2012, também foi reivindicada pelas Filipinas. A China iniciou ainda um projeto de construção nas contestadas Ilhas Spratly, provocando um protesto formal das Filipinas, que disseram que a China está violando um compromisso há muito firmado de não erguer construções em qualquer uma das ilhas sob disputa territorial no Mar do Sul da China.
Além disso, a China tem constantemente trocado farpas com o Japão sobre um grupo de ilhas que os dois países disputam no Mar do Leste da China, conhecidas como Senkaku no Japão e Diaoyu na China. Encontros tensos entre a força aérea dos dois países ocorreram no mês passado na região. No fim de 2013, a China criou uma zona de defesa aérea sobre as ilhas, o que exige que o país seja comunicado com antecedência no caso de qualquer avião cruzar a área.
Analistas veem uma tendência que indica que a China está se sentindo cada vez mais à vontade com a ideia de ser a principal potência asiática, ou pelo menos que deveria ser tratada como semelhante pelos EUA, e está se empenhando em demonstrar que os americanos, apesar do seu poderio militar, pouco ou nada podem fazer para impedi-la.
“A China está elevando o tom de forma significativa aqui”, diz Hugh White, professor de estudos estratégicos da Universidade Nacional da Austrália. “O que estamos vendo é uma forte intensificação da competição estratégica.”
Alguns analistas dizem, por outro lado, que a China está forçando a mão ao responder de forma tão severa aos EUA e seus aliados. “A posição da China não é tão forte como ela acha que é”, diz Rory Medcalf, diretor do Programa de Segurança Internacional do Instituto Lowy, na Austrália. As ações mais agressivas da China não apenas encorajam outros países a se unirem para conter seu crescimento, como tornam mais fácil para os EUA justificarem a continuidade de seu papel militar na região, diz.
Algumas autoridades americanas dizem privadamente esperar que a ações chinesas no Mar do Sul da China levem os aliados americanos e fortalecer seus laços entre si e levem ainda outros países pequenos a procurar estreitar suas relações com os EUA.
Já existem sinais de que isso esteja acontecendo. O primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, pediu, num discurso na sexta-feira, mais apoio para a Associação dos Países do Sudeste Asiático manter a sua segurança regional.
Um acordo recente entre EUA e Filipinas para expandir a presença das forças americanas é um dos exemplos de como Washington está trabalhando para reforçar as parcerias na região. Mas a equação estratégica está mudando rapidamente à medida que o poder econômico e militar da China cresce. Laços comerciais e econômicos mais fortes entre a China e seus vizinhos significam que alguns países asiáticos não podem desafiar a China facilmente.
E, embora a força militar chinesa continue menos poderosa que a dos EUA, seus investimentos em sistemas de mísseis e monitoramento significam que o país está mais confiante na sua capacidade de conter os americanos na região.
Os estrategistas militares da China há muito acreditam que o país é militarmente cerceado por uma rede de bases americanas e alianças na Ásia que são, na maioria, legados da Segunda Guerra Mundial e da Guerra Fria.
Desde a crise financeira de 2008, muitas autoridades chinesas perceberam uma oportunidade de usar a recém-revelada força econômica do país para mudar essa dinâmica. Esse cenário tem contribuído para uma abordagem mais assertiva da China em questões territoriais e diplomáticas desde cerca de 2010, dizem especialistas. Analistas sugerem também que a China é movida pelo temor de que sua janela de oportunidade possa não durar se sua própria economia desacelerar e se a próximo governo americano adotar uma postura mais dura em relação a Pequim.
FONTE: Valor Econômico
O que vai acabar acontecendo é uma união cada vez mais forte entre China e Rússia e dessa forma aumentar exponencialmente o poder econômico, militar e humano dessas duas nações, dois mercados e dois territórios enormes, imensos que tanto produzem quanto consomem quantidades enormes de bens acabados e são ricos em muitas matérias primas. Podem prosperar mesmo com qualquer embargo da União Européia, Estados Unidos. OTAN, ONU ou seja lá quem for somente na relação bilateral.
Se o calo apertar de verdade e os dois gigantes resolverem tirar a pedra do sapato a coisa pode feder para o lado do Tio Sam.
Topol-M,
De fato, também acredito que um embargo jamais vai ser tentado… Os europeus não tem alternativas de curto prazo para algumas das commodities russas ( gás em particular ), e a economia chinesa hoje está fortemente atrelada a economia mundial… Contudo, isso não significa que China e Russia tenham qualquer vantagem prática…
Americanos e europeus são atualmente os maiores investidores na China e Russia, de modo que não é possível para esses países simplesmente ignorar o ocidente em qualquer manobra econômica que façam…
Os chineses em particular tem sua economia firmemente ligada a suas exportações para os EUA. Se os americanos deixarem de importar dos chineses, a economia destes últimos ver-se-á drasticamente comprometida, haja visto não terem o mercado consumidor com a renda necessária para segurar seu atual crescimento econômico… Não existem países no mundo hoje que são capazes de substituir os americanos como mercado consumidor…
Quanto aos russos, são uma economia basicamente dependente da exportação de commodities, que é o que eles mais produzem de fato… Ainda falta muito no que diz respeito ao desenvolvimento de sua industria manufatureira ( que é onde está o dinheiro de fato ), bastante dependente de maquinários e serviços europeus…
Em resumo, quaisquer medidas mais incisivas tomadas por China ou Russia podem ser prontamente retaliadas. E se é verdade que todo mundo pode ter prejuízo, também é verdade que as economias em desenvolvimento tem muito mais a perder do que aquelas que já são plenamente desenvolvidas… Vale lembrar os tempos da Guerra Fria, na qual o Ocidente viveu virtualmente isolado economicamente de Russia e China, sem que tivessem quaisquer problemas particulares… Se é possível para o Ocidente retomar esse rumo, isso é questionável. Mas é certo que um novo isolacionismo econômico para com russos e chineses levaria esses países a bancarrota nos dias de hoje…
Olha cara eu não sou geopolítico nem nada disso aí, essa é a minha humilde opinião, é o que eu acho, e tem mais, sou a favor deles em relação aos USA, pelo menos os chineses e russos nunca obstruíram o caminho de crescimento do Brasil, nunca nos sabotaram, pelo contrário, estão sempre oferecendo parcerias, o governo brasileiro é que não aceita, portanto afirmo que tenho o pé atrás com os arrogantes norte americanos ok
O rei não quer perder o seu reinado.
O bobo da corte que se tornar rei na terra dos cegos.
Más quem manda mesmo e provaria apertando um simples botão, quer queiram ou nao os fans de Top Gun ė a Rússia.
Alias, tal qual Rússia, EUA ou China, nem gosto nem desgosto. Tudo farinha do mesmo saco.
Más deixando os gostos ou preferências pessoais de lado e baixando as cortinas da hipocrisia, e ainda fazendo cara feia de desaprovação, vamos ser sinceros. Todos aqui.
Quem late são os EUA.
Mas quem manda ė a Rússia.
RL,
Descontando o arsenal nuclear ( que não impõe vantagem alguma, se comparado com a capacidade presente em China e EUA ), a capacidade russa de projeção de poder convencional é extremamente limitada… Por hoje, os russos simplesmente não possuem uma grande capacidade expedicionária para além de sua vizinhança… Fora isso, é uma economia ainda em crescimento e dependente da Europa para sua subsistência.
No meu entender, se tem um país que estará ao passo de aproximar-se dos americanos em um futuro próximo, esse país é a China…
Prezado amigo RR.
De forma construtiva e não confrontadora, terei de discordar do amigo.
A vantagem nuclear é a grande vantagem, haja vista, que a Russia se coloca a mesa para discussões e acordos com o Ocidente, justamente por ter este como um dos inúmeros pesos em forma de meios para tal.
Quanto a capacidade limitada da Russia, concordo plenamente, no entanto, vale lembrar que cresce a passos largos. Ainda que, este humilde Administrador e estudioso em Geopolítica e Negócios Internacionais acredite que de fato, jamais se igualarão às capacidades dos EUA.
Quanto a necessidade da Russia pela Europa em justificativa ao seu crescimento econômico, se faz verdade, más, quem não depende da Europa, EUA, China e até mesmo da Russia e Guisá até mesmo do Brasil para obter crescimento em um mundo cada vez mais pulverizado, a chamada Globalização.?!
A China realmente e uma potência em crescimento, em todas as vertentes.
Justamente por este motivo se justifica o desespero dos EUA.
O discurso recente de Barak Obama transmitiu duas sensações. A meu ver, um dos sentimentos foi o de Prepotência que corrobora e assume as ações no Oriente Médio não dando justificativas ao mundo, pois a questão da segurança nacional americana se viu fragilizada quanto a energia (Petróleo), algo que a Russia tem em abundancia, não justificando invasões por parte deste mundo afora.
O segundo sentimento foi o de Desespero.
A história nos mostra, comprova e nos ensina que nunca houve e jamais haverá um Império Vitalicio. Possuem sua origem, seu nascimento, seu apogeu e, sua queda.
Em nossa época, digo, de nossas vidas, certamente não estamos presenciando a fase final dos EUA, sua queda, más é muito provável que nossa geração esteja testemunhando o inicio deste ciclo.
E mais uma vez, a história nos ensina que tudo tem o seu tempo, e o que se vai, é substituído por outro.
Neste caso, não me limito a dizer que podem ser OUTROS, formados pelos dois gigantes, CHINA e RUSSIA.
Os EUA já chegaram digamos, ao seu limite de exploração. Russia, China e muitos outros países como o Brasil também, tem muito por se explorar.
Para esta atuação, nos dias de hoje, se faz necessário aproximação compartilhada de conhecimentos, uma nova mentalidade do ganha ganha.
Para resumir e não me estender mais do que já o fiz, vale lembrar que, para que um Império caia, outro tem que se erguer e para este cenário, existe apenas um caminho.
A Guerra.
E hoje, como bem disse o amigo, os EUA de fato, possuem indiscutivelmente o maior exército convencional do mundo e uma respeitável capacidade nuclear.
Más, somente agora, 20 anos apos a queda da URSS, EUA e OTAN chegam a fazer frente ao antigo inimigo que assim mesmo, em questões nucleares são indiscutivelmente, no mínimo, 15 anos a frente.
Abraços.
Caro RL,
A vantagem de ter armas nucleares é bastante relativa… Ela não impediu que países como Egito e Síria, por exemplo, lançassem ofensivas massivas contra Israel no passado… Não evitaram a retirada russa do Afeganistão ou a retirada americana do Vietnam…
A rigor, a utilização de armas nucleares representa um custo moral e político que ninguém estaria disposto a pagar… Em termos práticos, armas nucleares se tornaram meios de equilíbrio de poder. E no final das contas, ter mil ou duas mil não tem qualquer diferença no aspecto macro… Enfim, entre te-las e utiliza-las, ha uma distancia enorme. Qualquer país que ousar utilizar hoje uma arma nuclear, pode estar certo de que terá que arcar com grandes entraves políticos no futuro…
Aí entra o amplo poderio convencional, que pode ser utilizado com uma gama muito menor de restrições. Não é pra menos que se investe pesado em armas de precisão. Além de ser politicamente mais aceitável, garante que se destrua a capacidade de combate apenas, com um prejuízo diplomático muito menor…
Quanto as armas nucleares em si, vale salientar que ambos os lados, Russia e EUA, fazem uso de mísseis balísticos nucleares dotados de MIRVs a bastante tempo. Esse sistema providencia grande capacidade de saturação, de modo a tornar uma defesa extremamente complexa…
O fato dos americanos não terem a mesma variedade de armas não significa propriamente que os russos estivessem, ou estejam, a frente em algum aspecto verdadeiramente significativo…
Os esforços tecnológicos seguiram mais ou menos o mesmo ritmo um do outro até o fim da Guerra Fria… O que ocorreu foi que os equipamentos e as estratégias desenvolvidas seguiram caminhos distintos de acordo com as dificuldades específicas enfrentadas por cada oponente. Os americanos investiram pesado na capacidade representada pelos mísseis de cruzeiro, além de levar a cabo um esforço particular em armas nucleares táticas ( com o intuito de barrar o poderio terrestre soviético ). A União Soviética, por outro lado, fez questão de ter uma rede nuclear de poderosos mísseis disparados de unidades móveis, sabendo de antemão que a capacidade e quantidade dos mísseis americanos poderia por em xeque qualquer capacidade de retaliação baseada em sistemas fixos.
O desenvolvimento de sistemas antibalísticos móveis e sua implementação em quantidade pelos russos, também seguem mais ou menos essa linha, fazendo com que as defesas também se tornem móveis e adaptáveis a determinada situação, protegendo os sítios móveis de lançamento; algo que vem sendo acompanho de perto pelos americanos, que lançaram recentemente o Patriot PAC-3 MSE, que é extremamente avançado…
Em resumo, no que diz respeito as capacidades nucleares, sempre houve alguma paridade tecnológica dos americanos para com os russos… E os americanos, pelo que se sabe, sempre estiveram em vantagem no que diz respeito a quantidade…