A Embraer espera gerar receitas de US$ 1,5 bilhão a US$ 1,7 bilhão este ano com vendas de jatos executivos, comparado a US$ 1,6 bilhão no ano passado, num mercado que continua sem apresentar expansão.
Marco Tulio Pellegrini, presidente da Embraer Executive Jets, diz que existe muita prudência no mercado, apesar dos lucros recordes das empresas nos Estados Unidos e do número crescente de bilionários no mundo. Em entrevista durante a European Business Aviation Convention & Exhibition, feira que será aberta hoje em Genebra, o executivo atribuiu a situação no segmento de jatos executivos ao ambiente global sempre afetado por discussões de crise, como o caso da Ucrânia que agora é a preocupação da vez.
Se a crise na Ucrânia se prolongar, analista preveem maior impacto sobre o comportamento das fortunas russas, ameaçadas de sofrer as sanções econômicas por parte dos EUA e da União Europeia. Os bilionários russos são mais jovens, em média, e gostam de exibir sua riqueza.
A Embraer entregou 119 jatos executivos no ano passado. Em 2014, o número não será maior, porém o “mix” terá maior participação de jatos grandes.
A Europa começa a se recuperar, mas a retomada das vendas de jatos executivos será determinada mesmo pelo mercado dos EUA, até agora com recuperação mais tímida do que se previa. Além da demora na retomada das vendas de aviões novos, os fabricantes constatam uma acelerada depreciação do preço de jatos usados.
Pellegrini estima que a queda de preços acumulada chega a 45% desde 2009. Antes da crise global, sobretudo em 2006-07, aeronaves usadas chegavam a ser vendidas até mais caras que o preço de catálogo das novas, diante da enorme demanda.
A Embraer deve totalizar até junho a entrega de 500 jatos leves Phenom. O Phenom 300 foi o modelo de jato executivo mais entregue de toda a indústria (60 unidades em 2013).
Em 2013, a fabricante brasileira teve participação de 17,6% no mercado de entregas de jatos executivos em todo o mundo. Para 2014, a expectativa é de que a aviação de negócios represente 26% das receitas da companhia, comparado a apenas 7% em 2005.
Por sua vez, a europeia Airbus joga as fichas no ACJ (corporate jet) para atrair os novos bilionários. Estudo que a companhia apresentou em Genebra estima que o número de bilionários chineses vai quase dobrar de 470 para 1.040 entre 2012-2017. Nos EUA, passa de 940 para 1.070. Na Rússia e no Oriente Médio também crescem significativamente.
David Velupillai, diretor da Airbus, admite a concorrência do Lineage, da Embraer, na categoria de jatos executivos grandes, mas acrescenta com uma ponta de prazer que “no Brasil, a presidente Dilma escolheu um Airbus executivo para viajar”. Na época da compra, a Embraer ainda não produzia o Lineage.
A Embraer vai atender seus clientes de jatos executivos em seu novo Centro de Serviços, localizado no aeroporto Bertram Luiz Leupolz, em Sorocaba (SP), durante a Copa do Mundo, para evitar mais transtornos.
Os clientes que chegam com seus jatos para ver os jogos da Copa poderão driblar eventuais problemas de gargalos, por exemplo, nos aeroportos do Rio e de São Paulo. “Sabemos que há clientes nossos que vão para a Copa e
teremos Sorocaba para recebe-los. Guarulhos está um pouquinho atrasado. De Sorocaba, eles podem ir ver os jogos no Rio e em São Paulo”, diz Pellegrini. A empresa não fornece o nome dos clientes.
FONTE: Valor Econômico – Assis Moreira