A Administração Nacional de Segurança Nuclear (NNSA) junto do Ministério de Energia dos EUA planeja substituir o arsenal de armamentos atômicos na base aérea turca de Incirlik por bombas modernizadas.
A nova arma tem a parte da cauda modificada, o que permite dirigi-la ativamente para o alvo. A bomba modernizada deve substituir a variante obsoleta de B-61.
Segundo fontes abertas, arsenais nucleares dos EUA em bases no território da Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda e Turquia dispõem de cerca de 300 bombas atômicas B-61. A modernização dessas armas nucleares táticas significa que os EUA irão acrescentar seu potencial nuclear, porque este passo dá potencialidades adicionais no lançamento de bombas contra alvos marcados.
Atualmente, os EUA utilizam apenas bombas de queda livre, aponta o analista Vladimir Evseev:
“A subida da exatidão do apontamento permitirá aumentar em 150% a eficácia de cargas de combate de que os americanos dispõem na Europa e na Turquia. Acrescentando as potencialidades que têm os EUA na esfera de armas de alta precisão, tais como mísseis de cruzeiro de estacionamento aéreo e marítimo, podemos concluir que os EUA intensificam a pressão militar na Federação Russa por não terem simplesmente outro adversário.”
Pelo visto, a Rússia terá de aplicar medidas adequadas. Poderão ser o abandono do Tratado de Destruição de Mísseis de Curto e Médio Alcance (TDMCMA) ou a suspensão do Tratado de Praga sobre Armamentos Ofensivos Estratégicos e outras medidas. O potencial se mantém durante a redução de cargas nucleares táticas e sua modernização paralela e quando estas armas não se reduzem, mas se modernizam, a sua eficácia se duplica, no mínimo, destaca o perito:
“Entretanto, as conversas sobre o abandono do TDMCMA e o Tratado de Armamentos Ofensivos Estratégicos (START) decorrem há já muito. Sempre me manifestei contra isso. Mas, no contexto da crise ucraniana e da reação do Ocidente à situação em torno da Ucrânia, quando nos impõem duramente seu ponto de vista, a Rússia pode dar certos passos que anteriormente poderiam ser recusados.”
No caso do baseamento de aviões portadores de armas nucleares e do armazenamento de bombas de aviação atômicas em aeródromos na Polônia, Eslováquia e Países Bálticos, todo o território da Bielorrússia e quase toda a parte europeia da Rússia estarão na zona de alcance. Na Polônia, sete aeródromos já foram reestruturados segundo os padrões da OTAN e são capazes de receber todos os tipos de aparelhos voadores. Aeroportos lituanos e letões também foram modernizados de modo semelhante. Os EUA destacam especial atenção à planificação do uso de armas táticas nucleares no teatro europeu de ações militares.
Contudo, a variante de deslocação de bombas de aviação para regiões próximas da Rússia é praticamente irreal. Primeiro, os respectivos países devem concordar com o baseamento de armas nucleares. Segundo, são necessários meios para desenvolver a respectiva infraestrutura, sustenta o perito:
“Não se pode desenvolver rapidamente uma infraestrutura nuclear. Não é possível dissimular tais informações que serão espalhadas depressa. É possível utilizar um aeródromo onde hipoteticamente podem aterrisar aviões capazes de transportar armas nucleares táticas americanas. Mas, o baseamento dessas armas em seu território já será um caso diferente, porque as respetivas estruturas serão incluídas sem dúvida na lista de alvos se surgir um eventual conflito entre as forças armadas da Rússia e da OTAN.”
Nem todos os países europeus têm vontade de instalar armas nucleares táticas em seu território. Ao mesmo tempo, há países que consideram que armas americanas são muito necessárias, permitindo deter a Rússia.
Esta é uma posição errada que contribui para que a Europa se torne um refém dos EUA e da América, por outro lado, se transforme num refém de ambições de alguns políticos europeus. Em resultado, a estabilidade estratégica na Europa irá diminuir. Este é um caminho perigoso.
FONTE: VR
Qual é o nome do Tratado de Destruição de Mísseis de Curto e Médio Alcance (TDMCMA) em inglês?
Oque está prestes a acontecer é uma nova divisão da Europa.
A crise na Ucrânia representa o mais sério desafio para a segurança europeia desde o fim da guerra fria.
Embora aparentemente a origem da crise resida no confronto entre o deposto presidente ucraniano, Viktor Yanukovych e um movimento de oposição protestando contra o que via como um governo corrupto e ilegítimo, o catalisador para a violência sem duvida alguma tem sido a luta geopolítica pela Ucrânia, que vem sendo disputada nos últimos anos entre a comunidade transatlântica(EUA/Europa) e a Rússia.
A concorrência entre os projetos de integração da União Europeia (UE), na forma de seu Acordo de Associação proposto com a Ucrânia e Rússia, por meio de sua união aduaneira, serviu para desestabilizar o delicado equilíbrio leste-oeste na política externa e de segurança da Ucrânia e, assim, exercer pressão sobre o frágil equilibrio do mosaico regional, linguística e étnica que compõe a Ucrânia contemporânea.
A crise já se espalhou para além das fronteiras da Ucrânia, após a intervenção militar russa na Criméia, sob o pretexto de sua obrigação de proteger os russos co-nacionais.
A pressão sobre os estados para apoiar a Rússia ou o Ocidente(leia-se EUA e Europa) aumenta a cada dia de acordo com a virulência das iniciativas de ambas as partes.
Hoje, a Ucrânia está no centro da pressão geopolítica decorrente dos planos estrátegicos leste-oeste, que também está prejudicando os outros estados da Europa Oriental e do Cáucaso. A guerra Rússia-Geórgia 2008 demonstrou o impacto desta competição estratégica em estados frágeis da região. O conflito terminou com a divisão da Geórgia, as forças russas nas regiões separatistas da Abkházia e da Ossétia do Sul, e uma missão da UE monitorando uma fronteira internacional de facto dentro Geórgia.
A crise ucraniana só pode ser resolvida no contexto de um quadro mais amplo de segurança europeia. Sem isso, não se chegará a lugar algum, ou melhor, se chegará a um beco sem saida onde só restará a opção da baioneta neles..
A Europa se encontra hoje em um ponto de mudanças na sua segurança. Os conflitos que já afetaram a Geórgia e a Ucrânia pode se espalhar para outras áreas(incluindo a Moldávia, no Cáucaso, na Ásia Central e, talvez, até mesmo a própria UE como um todo) a não ser que um novo consenso que contemple os vários interesses envolvidos seja encontrada.
Vejamos, o principal papel dos acordos de controle de armas alcançados na Europa na década de 1990, foi justamente o de assegurar a previsibilidade do comportamento militar…
Tio Sam com essas movimentações torpedeia totalmente os acordos alcançados…
Grato.