Segundo declarou o Escritório da Inteligência Naval (ONI), os primeiros submarinos nucleares chineses do projeto 094 com mísseis JL-2 a bordo irão começar as suas missões de patrulhamento em 2014.
Se isso acontecer, nós assistiremos a uma reviravolta na história da marinha chinesa. A forma como que essas missões de patrulhamento serão organizadas terá uma influência direta na política chinesa relacionada com as disputas territoriais que têm tido lugar no Pacífico Ocidental.
O submarino nuclear do projeto 092 equipado com 12 mísseis JL-1, que entrou ao serviço da marinha chinesa em 1987, de acordo com as informações norte-americanas nunca teria saído em missões de patrulhamento. Durante todo o seu tempo de serviço ele apenas teria saído para o mar para breves viagens de instrução.
O submarino podia ter apenas uma importância limitada em caso de conflito militar. Ele podia sair para o mar e se manter durante algum tempo nas águas do Mar de Bohai relativamente bem controladas pelas forças chinesas. O alcance dos seus mísseis permitiria atingir bases norte-americanas no Japão e povoações do Extremo Oriente soviético. Nessa altura a marinha chinesa não podia esperar obter melhores resultados.
Os novos submarinos do projeto 094 equipados com mísseis JL-2, com mais de 8000 km de alcance, podem atacar, segundo a inteligência naval dos EUA, o arquipélago do Havaí e do Alasca, assim como todas as bases militares dos EUA e de seus aliados na Ásia permanecendo perto da sua própria costa. Os chineses não irão, provavelmente, se limitar a esses resultados e irão tentar desenvolver novas modificações aos mísseis JL-2 como um maior alcance.
O início das patrulhas regulares irá fazer pensar na futura composição da frota de submarinos nucleares chineses. Considera-se que para manter um submarino em patrulha permanente, tendo em conta as necessidades de manutenção e de treinamento das tripulações, a frota deve possuir pelo menos três submarinos operacionais. Se considerarmos a necessidade de realizar grandes reparações periódicas, serão necessários pelo menos quatro submarinos. Essa é a quantidade solicitada pela França e pelo Reino Unido.
Manter uma intensidade tão elevada de patrulhamento com pequenas forças é possível apenas às marinhas com uma enorme experiência e tecnologias desenvolvidas. A China irá precisar provavelmente de 5 submarinos 094. Neste momento já estão prontos 3 desses submarinos.
Uma outra questão importante é a tática dos submarinos. Os submarinos chineses continuam a ser inferiores aos ocidentais e aos russos quanto à sua furtividade. A marinha chinesa terá dificuldades em protegê-los dos submarinos nucleares multifuncionais dos EUA. A provável resposta a essa questão será a criação dos chamados “bastiões”: áreas marítimas fortemente protegidas e defendidas em que os submarinos estejam em segurança.
A URSS possuía “bastiões” nos mares de Barents e de Okhotsk, que são regiões do oceano relativamente remotas. Ao contrário da URSS, os mares que banham a China dentro da primeira cintura insular são uma das regiões mais frequentadas pelo tráfego de comércio marítimo e pelas pescas. Nos mares da China Meridional e da China Oriental a China está envolvida em múltiplas disputas territoriais que assumem um caráter cada vez mais explosivo.
A criação de uma componente naval operacional permanente das forças nucleares estratégicas chinesas pode tornar muito mais perigosas essas disputas territoriais e os potenciais conflitos locais a elas associados. Já neste momento muitas das ações da China no Mar da China Meridional são ditadas pela necessidade de garantir a segurança dos submarinos nucleares chineses que têm a sua base na ilha de Hainan.
Se o Mar da China Meridional se tornar na zona de patrulhamento dos submarinos nucleares chineses, e nessa região tiver início um conflito local com uma intervenção militar norte-americana, o risco de uma interpretação errada das ações do adversário será muito elevado.
O comando chinês terá dificuldades, em determinadas circunstâncias, em distinguir as ações dos EUA que se destinam a vencer um conflito local , das tentativas para furar o bastião e destruir os submarinos nucleares chineses. Isso poderá ser visto como o início de um ataque preventivo incapacitante. É evidente que se a competição militar sino-americana evoluir num espírito de confrontação, nós iremos assistir no mar as situações mais perigosas.
FONTE : Voz da Russia
O artigo acima é um bom exemplo de que, se prestar a fazer análise geopolítica apenas baseado em uma vertente (no caso, a militar), sem se basear num contexto mais amplo, é extremamente equivocado – ok! Eu sei que aqui é um sítio só de assuntos militares – e não estou reclamando, aliás, longe disso: gosto de ler os mais variados sites para me ajudar a formar uma opinião e, em matérias militares, o presente sítio é o que me baliza em termos de assuntos militares.
Mas, retomando o meu raciocínio: partindo da premissa de que tudo que a Voz da Rússia redigiu esteja correto do ponto de vista militar. Ok, mas isto significa que vai estourar uma guerra? Só lembrando um ‘pequeníssimo’ detalhe óbvio pra quem, porventura, insista em comparar os tempos atuais aos da Guerra Fria: naqueles tempos a interação econômica entre EUA e URSS era nula, enquanto que hoje, os EUA atacar a China tendo em vista a interdependência econômica (uma das expressões mais comuns na mídia americana pra descrever a relação China X EUA) entre ambas…a diferença seria do vinho pra água…
Pra complementar o raciocínio: semanas atrás, quando um navio americano estava na cola do PA chinês, o Liaoning, um dos navios chineses da escolta do PA não cruzou “de forma temerária, quase causando um abalroamento” (descrição do evento na mídia americana) entre ambas as embarcações? E qual foi a consequência? Nenhuma, a não ser alguns muxoxos dos EUA via grande mídia…
Agora, já imaginou se nos tempos da Guerra Fria, um navio americano (ou soviético) fizesse a tal manobra executada pelo navio chinês (na forma descrita na mídia americana), na frente da embarcação do outro país, se já não haveria uma escaramuça, com troca de tiros de canhão, etc.?