Por André Borges – Brasília
Um importante projeto nuclear começa a ganhar corpo no país. O governo deu os primeiros passos concretos para erguer, no interior de São Paulo, um complexo de pesquisa e produção nuclear, estrutura avaliada em mais de R$ 1 bilhão e que promete revolucionar a atuação do país neste setor.
Nada relacionado a empreendimentos como Angra ou Fukushima, onde a fissão nuclear é usada para gerar energia elétrica. Do novo complexo, sairá a produção de insumos cruciais para a área da saúde, materiais usados em tratamentos complexos – como o de câncer – e que garantirão a autossuficiência do Brasil em um setor dependente de importação e que hoje gera uma demanda superior a dois milhões de procedimentos por ano no país.
Paralelamente, o reator vai atender diversas áreas industriais. Suas aplicações vão desde tecnologias usadas para a localização de microfissuras em asas de avião, até a verificação da quantidade de agrotóxicos encontrada em alimentos, atribuições que vão alimentar pesquisas e conhecimento nacionais.
O chamado Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) vai ocupar uma área equivalente à de 200 campos de futebol na pequena Iperó, cidade de 28 mil habitantes, localizada a 125 km da capital paulista.
Sua primeira etapa de estudos acaba de ser concluída. Projetado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), autarquia vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o RMB já recebeu R$ 51 milhões, dinheiro que foi aplicado na elaboração do projeto básico de engenharia, além de estudos para licenciamento ambiental. No mês passado, o Ibama encerrou a etapa de audiências públicas do empreendimento e, nos próximos meses, deve emitir a licença prévia do complexo.
“Agora, entramos na etapa de contratação do projeto executivo de engenharia. Já temos R$ 120 milhões para aplicar no desenvolvimento desse estudo detalhado, que será concluído entre junho e julho do ano que vem”, disse ao Valor o secretário-executivo e ministro interino do MCTI, Luiz Antonio Elias. “Nos próximos meses, já vamos iniciar a etapa de terraplenagem, para preparar o terreno.”
A área de dois milhões de metros quadrados prevista para o complexo está localizada ao lado do Centro Experimental de Aramar (CEA), da Marinha. O objetivo do governo é transformar a região próxima a município de Sorocaba no maior polo de desenvolvimento nuclear do país.
“É um projeto estruturante. Se não avançarmos neste setor, acabaremos à margem do desenvolvimento mundial e ficaremos a mercê do que existe no Exterior”, diz José Augusto Perrotta, coordenador técnico do complexo nuclear.
Perrotta cita o exemplo da crise de abastecimento ocorrida entre 2008 e 2009, quando o mundo viu sumir das prateleiras um radioisótopo usado em mais de 80% dos procedimentos que envolvem medicina nuclear, por conta da paralisação de um reator canadense, principal fornecedor do país. “Esse episódio mostrou a nossa vulnerabilidade. O Brasil depende desse material que hoje é usado para atender mais de 5 mil procedimentos por dia”, diz o especialista.
Por ano, cerca de R$ 40 milhões são gastos pelo país para abastecer a demanda nacional. Países como Canadá, Holanda, África do Sul, Bélgica e França são os donos dos principais reatores nucleares em operação.
A expectativa do governo é de que o complexo brasileiro esteja pronto entre 2017 e 2018. No ano que vem, uma licitação deverá contratar as empresas que erguerão a infraestrutura física do empreendimento, além da construção do reator. Apesar de o país deter 100% do conhecimento do ciclo de processamento nuclear, a maior parte das peças deverá ser importada. A expectativa, no entanto, é de que o índice de nacionalização do empreendimento chegue a cerca de 70%.
Segundo Luiz Antonio Elias, do MCTI, o governo tem discutido a possibilidade de empresas privadas serem sócias do empreendimento. A manipulação nuclear e do urânio, no entanto, permanecem como monopólio da União. “Estamos negociando. Acordos são possíveis, mas é uma área sensível. Tudo será detalhadamente discutido.”
O BNDES já foi acionado para financiar o projeto. Recursos do Ministério da Saúde também devem compor o caixa, além da participação de fundações de amparo à pesquisa.
Este não será o primeiro reator nuclear brasileiro. Outras quatro estruturas dessas estão em operação no país. O mais antigo e de maior potência (5 megawatts) foi erguido em 1957, em São Paulo.
Outros dois reatores – localizados em Minas Gerais e Rio de Janeiro – foram erguidos na década de 60. O reator mais recente foi construído na década de 80, no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo. No caso do RMB, a potência energética do complexo será de 30 MW. Pode parecer muito, se comparado ao alcance dos atuais reatores de pesquisa em atividade, mas seu potencial torna-se inexpressivo quando colocado ao lado da capacidade das duas usinas nucleares em operação no Brasil. Juntas, Angra 1 e 2 alcançam 1.998 MW. Em construção, Angra 3 vai chegar a 1.405 megawatts de potência.
Atualmente, há 230 reatores de pesquisa em operação em todo o mundo. Destes, mais de 70% estão em operação há mais de 30 anos. A Rússia concentra o maior número de reatores (41), seguida pela China (15), Japão (15), França (12) e Alemanha (11).
Quando for acionado, o novo reator brasileiro deverá contar com aproximadamente 150 profissionais, com perspectiva de atingir cerca de 1 mil especialistas no pico de operação.
FONTE: Valor
Na realidade Angra 3 é uma usina de projeto da década de 60/70. Há questionamentos a respeito de sua segurança. Os equipamentos para a construção da usina, foram comprados juntos com os de Angra 2, a cerca de 40 anos. Porém tivemos tantos atrasos problemas gerados pela falta de armazenamento adequado dos equipamentos comprados, falta de pagamento, além de ser um projeto polêmico (usinas nucleares sempre são), que a construção foi paralisada em 1986. Sendo retomada em 2008 e com previsão de conclusão em 2016.
Há a previsão da construção de mais 4 usinas até 2030, sendo 2 delas no Nordeste. Porém o preço do Mwh de uma usina nuclear é semelhante ao preço da energia gerada por fontes limpas e renováveis como a energia eólica e solar.
Só para traçar um paralelo, na Alemanha, dona do projeto dos reatores de Angra ,todos os reatores nucleares de projeto semelhante aos de Angra, já foram fechados há um bom tempo. A Alemanha pretende até 2025 não ter mais reatores nucleares em sua matriz energética. Está investindo pesadamente em energias limpas e renováveis. Esta decisão de fechar todas as usinas nucleares foi tomada após o desastre de Fukushima.
Sou a favor de Angra 3, 4 e 5, quanto mais melhor, tem gente que pensa que hidrelétricas são menos poluidoras, sim é verdade, mas a que custo? As hidrelétricas inundam vastas porções de florestas, bilhões de seres vivos morrem, milhões de árvores ficam embaixo d’água, é uma catástrofe ecológica planetária, altera o clima da Terra, ninguém pensa nisso, só pensam em eletricidade barata e sem poluição, por isso as usinas nucleares são a melhor solução, não poluem quase nada, só precisam de um pequeno terreno e proximidade com o mar. As pessoas precisam ser melhor esclarecidas, sem falar que assim o Brasil vai dominando todo ciclo nuclear e formando profissionais, é uma atividade estratégica, precisamos de brasileiros formados nessa área.
quanto tempo vai levar ate a AIEA e os eua começarem a a reclamar
Pedro, particularmente não estou preocupado com reclamações, mas sim com sabotagem, é com isso que devemos nos preocupar…
O único que pode sabotar, atrasar e até parar este projeto é o Governo Federal, e de uma maneira já bastante conhecida : cortando verbas. Foi assim que o projeto nuclear brasileiro se arrastou por uns 30 anos!!!
O único não, pois já fomos sabotados e muito por outros países, como foi o caso do “Programa brasileiro de foguetes”.
Toda essa tecnologia avançada ou em busca dela , buscando soberania e independência é dual de aplicação civil e militar, claro.
Quando escolhemos o Gripen perdemos a oportunidade de escolher um caça com capacitação de lançamento de armas nucleares .
Quero ver como as coisas serão resolvidas nesse sentido.
Ahhh sim … tratados internacionais é só cair fora e constituição a gente muda … tá ?
Tadeu, o problema é que o Brasil ainda não tem coragem para construir armas nucleares. Caso o Brasil resolva construir uma ogiva como a W 87 americana, o Gripen NG brasileiro não terá nenhum problema para carregá-la, pois ela é ” bem leve ” . De uma olhada no link abaixo e verá que é possível.
,..http://pt.wikipedia.org/wiki/W87
tem um físico brasileiro que desvendou o funcionamento interno de uma ogiva semelhante a W-87 , o link está abaixo.
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3959813-EI8147,00.html
Aurélio, hoje em dia não se jogam artefatos nucleares de aviões como na Segunda Guerra Mundial , aviões desse tipo são especiais em sua eletrônica, e seu pessoal é especialmente treinado, carece na internet por motivos óbvios detalhes sobre isso .
Lennart Sindahl, vice-presidente de Aeronáutica da sueca Saab deu uma entrevista na veja que foi divulgada em vários blogs de defesa, leia atentamente, além disso digite no google Rafale Nuclear e vá em imagens .
A capacidade nuclear do Rafale está no seu míssil ASMP; um armamento que os franceses certamente não fornecerão a ninguém, mesmo em uma variante convencional…
Os sistemas de guia e orientação presentes nessas armas não diferem virtualmente nada dos sistemas convencionais; ou seja, INS, GPS, etc… O mesmo pode ser dito dos caças, que contam apenas com um software específico para permitir o lançamento do artefato nuclear ( que, pelo que sei, difere muito pouco do que é utilizado para lançar um míssil comum ). Os computadores de missão seriam os mesmos… É para tanto que, pelo que sei, não existem mais aeronaves de caça dedicadas exclusivamente a isso, quer seja em estudo ou sendo entregues oficialmente ( apenas bombardeiros, que terão basicamente a função de transportar grandes mísseis de cruzeiro, mas ainda assim aptos a lançar armamento convencional )…
Basicamente todas as forças armadas buscam reforçar os circuitos de seus meios contra os efeitos dos pulsos eletromagnéticos ( sejam desencadeados por uma explosão nuclear ou por outros meios específicos ). E os europeus em geral não são exceção… Até onde sei, praticamente todos os caças modernos hoje tem alguma capacidade de resistir a pulsos eletromagnéticos…
stadeu…
A capacidade de armas nucleares está inclusa basicamente no armamento… Se um dia for necessário ter um Gripen com armas nucleares, basta colocar uma cabeça de guerra radioativa em um RBS-15 ( ou qualquer outro míssil ar-sup )…
RR …
Mas essa capacidade tenho certeza não foi oferecida a FAB pela SAAB, a Suécia não é Nuc.
Se tivesse oferecido o Lennart Sindahl, vice-presidente de Aeronáutica da sueca Saab, não teria dito que o Gripen só “” só perde para o Rafale em um quesito “”
exatamente essa capacidade nuclear … saiu da boca dele .
Além do que estou querendo achar algum ítem que o gripe ganha do Rafale , só um item tava bão … né ???
stadeu,
Até onde sei, os franceses não ofereceram o míssil ASMP… Aliás, nem poderiam, haja visto ele ser parte da capacidade de dissuasão nuclear francesa ( e país nenhum fornece um item crítico como esse )…
O Gripen de fato nunca recebeu armas nucleares, mas nada impede que receba futuramente…
Itens nos quais o Gripen C ganha: custo de aquisição, custo por hora voada, associados a facilidade de manutenção, uma capacidade STOL que seria igual ou mesmo superior, oferecendo turnaround reconhecidamente curto ( leva pouquíssimo tempo para rearmar e reabastecer ), e exigindo pessoal mínimo para operações em terra.
Gripen tem sonda de reabastecimento retrátil. O Rafale, não. Está previsto que o NG manterá supercruise sem uso de pós-combustor. O Rafale, não.
Ufa !!!! Estratégico isso .
Melhor saber isso , que não saber nada .
O Brasil, desenvolve no Instituto de Aeronáutica e Espaço o VLS – Veículo Lançador de Satélite para colocar satélites brasileiros em órbita. Com algumas modificações, o VLS pode ser transformado num vetor de ataque, até com uma ogiva nuclear. Não é o caso, mas a tecnologia para faze-lo não está muito distante não. Portanto, o Grippen NG não será necessário para esta atividade.
Uma boa, seria desenvolver reatores que pudessem ser aclopados a navios, onde seriam geradores portateis, a exemplo, mandar um navio com gerador para amazonia para alimentar varios lares, um projeto assim, a propria russia esta fazendo, vejam a materia:
http://www.tecmundo.com.br/energia-nuclear/41913-russia-quer-ter-usina-nuclear-flutuante-ate-2016.htm