Por: Lucas Kerr Oliveira, Giovana E. Zucatto, Bruno Gomes Guimarães, Pedro V. Brites, Bruna C. Jaeger
Na última quarta-feira, 18 de dezembro, o ministro da Defesa Celso Amorim e o Comandante da Força Aérea Brasileira, Juniti Sato, anunciaram a compra de 36 aeronaves Gripen NG (New Generation) da empresa sueca Saab, pondo fim à licitação FX-2. A escolha do caça vai ao encontro das indicações da Estratégia Nacional de Defesa (END), de unir capacidades críveis ao desenvolvimento da indústria nacional – e regional – de defesa.
Produz, ainda, sinergia entre a área de Defesa e de Política Externa, na medida em que corrobora com a estratégia de inserção internacional mais autônoma que o Brasil vem buscando em meio ao processo de consolidação geopolítica da Integração Regional Sul-Americana e de estabilização de um mundo Multipolar.
A licitação do programa FX-2 tem suas origens em um projeto anterior, o FX, originado ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso para a aquisição de caças de quarta geração a fim de substituir os Mirage III.
Essa primeira licitação previa um investimento de cerca de US$ 700 milhões, mas a decisão foi adiada por causa de imbróglios políticos e econômicos.
Em 2006, o governo Lula lançou o programa FX-2, bem mais ambicioso que sua versão anterior, ao prever investimentos na casa dos 5 bilhões de dólares para a compra de caças mais avançados (4ª geração “plus”, também chamado de 4,5ª geração), além de ter como uma das principais exigências a transferência de tecnologia para o país. No mesmo ano, foi anunciada a compra de caças usados Mirage-2000, em caráter emergencial para ocupar o espaço que viria a ser suprido pelas aeronaves do FX-2. No ano de 2008, a FAB anunciou as aeronaves finalistas da licitação: o F/A F-18 Super Hornet da Boeing, o Rafale F3 da Dassault e o JAS-39 Gripen NG da Saab.
O anúncio da escolha de um vencedor da licitação, a poucos dias do fim do uso dos caças Mirage 2000, que param de voar em 31 de dezembro, surpreendeu a todos. Desde 2008, a incógnita sobre qual, dentre os três finalistas, seria a mais nova aeronave a compor os quadros da FAB, se mantinha envolta em controvérsias.
Durante o governo Lula, o preferido era o Rafale F3, dadas as aproximações estratégicas com a França na área de defesa e que resultaram no acordo para a construção de submarinos convencionais e nucleares para a Marinha do Brasil (BRASIL, 2007). Entretanto a postura militarista (e mesmo neoimperialista) da França após a crise de 2008 parece ter sido o principal fator que inviabilizou a escolha do Rafale.
Historicamente o Brasil tem sido um forte defensor da soberania dos povos e declaradamente contrário à intervenção em assuntos internos dos países, especialmente dos países periféricos. Em contraste, a França realizou uma série de intervenções armadas e invasões diretas em países periféricos desde 2008, que desagradaram tradição pacifista da diplomacia brasileira, como a intervenção na Costa do Marfim em 2011, passando pela agressiva postura da França no caso da invasão da Líbia no mesmo ano.
Mais recentemente, a posição da França de defender incondicionalmente uma intervenção militar contra o governo da Síria, bem como a liderança do país em operações no Mali e na República Centro-Africana, mais uma vez se chocaram com a postura brasileira, que defende soluções pacíficas, multilaterais, não intervencionistas e negociadas para os conflitos. Em alguns momentos, a França chegou a tentar minar deliberadamente os esforços diplomáticos do Brasil para a obtenção de acordos que evitassem acirramento de tensões e viabilizassem soluções pacíficas, como no caso do Irã . Tais episódios fortaleceram as desconfianças do Brasil em relação ao crescente militarismo francês, reforçando as ressalvas diplomáticas brasileiras a uma nova parceria estratégica que envolvesse a aquisição de mais sistemas de armas daquele país.
Em 2009, a FAB e a Embraer emitiram pareceres de apoio ao Gripen NG, entretanto, tais notas pareceram na ocasião não ter provocado maiores repercussões junto ao governo brasileiro. Em 2012, a Suiça, outro país neutro em meio às históricas disputas do continente europeu, encomendou 22 unidades do Gripen JAS 39E. Isso pareceu indicar que a parceria com a SAAB poderia realmente auferir maior autonomia estratégica e geopolítica a um país como o Brasil.
A partir de 2011, no governo Dilma Rousseff, as negociações com os EUA foram retomadas e alguns aspectos das negociações realmente pareciam indicar uma possível escolha do F-18 Super Hornet. Entretanto, a estratégia dos neoconservadores estadunidenses de tentar barrar a construção de um mundo multipolar, sabotando a emergência de novos pólos regionais, tem sido interpretada como uma opção militarista e ofensiva que ameaça os interesses de longo prazo do Brasil.
Na última década, a continuidade da posição estadunidense de ampliar a presença militar na América do Sul e no Atlântico Sul, desagradou muito profundamente o Brasil. Isso se deu, em um primeiro momento, com a tentativa dos EUA de ampliar a presença militar na Colômbia e no Peru. A percepção de ameaça brasileira se avultou ainda mais após a recriação da IV Frota estadunidense em 2008, que teria ampla capacidade para atuar em todo o Atlântico Sul, podendo inclusive ameaçar o Pré-Sal brasileiro com facilidade. Essa situação tornou-se progressivamente crítica após o explícito apoio dos Estados Unidos ao golpe que derrubou o Presidente Lugo no Paraguai, um aliado estratégico do Brasil, em 2012; tal apoio foi seguido da retomada das negociações para a instalação de uma base estadunidense no chaco paraguaio, próximo de uma região onde já existe um movimento insurgente guerrilheiro declaradamente anti-Brasil.
Considerando o nível de ameaça que tal postura dos EUA representa para o principal projeto geopolítico e estratégico do Brasil na atualidade, a Integração Regional Sul-Americana, tudo indica que o F-18 havia se tornado uma aquisição politicamente inviável. Entretanto, tal situação só se tornaria pública com os recentes escândalos de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, sigla em inglês) contra o governo brasileiro, pois até mesmo os poucos militares que ainda apoiavam a escolha da aeronave estadunidense viram-se em uma posição insustentável.
Por fim, a recente visita de François Hollande – acompanhado do presidente da Dassault – ao Brasil, em dezembro de 2013, pareceu indicar para alguns analistas que o Rafale F3 estaria de volta e poderia ainda ter alguma chance na concorrência. Contudo, a medida se assemelha antes a uma última e desesperada tentativa da França de reverter uma decisão já consolidada pelo governo brasileiro.
Foi nesse contexto que, no dia 18 de dezembro deste ano, o Ministro da Defesa Celso Amorim tornou pública a decisão de que o Gripen NG da sueca Saab será o novo caça brasileiro. Uma decisão histórica e que pode ser considerada estrategicamente acertada por diversos motivos políticos, econômicos, tecnológicos, tático-operacionais e estratégicos.
Em termos tático-operacionais, importa destacar que o Gripen NG é uma aeronave que atende bem às necessidades de defesa brasileiras. Trata-se de um caça supersônico multiemprego, com capacidade de decolar com carga máxima de 16,5 toneladas, bem menos que seus concorrentes. Contudo, sendo mais leve e com capacidade para até sete toneladas de combustível, o avião tem 1.300 km de raio de combate plenamente armado e alcance máximo de 4.000 km, o que é central para um país de dimensões continentais como o Brasil. É fundamental que a aeronave principal da FAB tenha alcance para sair do Planalto Central e alcançar rapidamente a Amazônia ou a zona do Pré-Sal, ou que do litoral brasileiro possa ameaçar diretamente uma frota inimiga estacionada no meio do Atlântico Sul, mesmo que necessite de reabastecimento em voo na volta.
Com capacidade para transportar até 7,2 toneladas de armas, o caça pode levar mísseis antinavio, assim como bombas de grande porte para ataque a alvos em terra e no mar. Com apenas uma turbina, o Gripen consome menos combustível e sua manutenção se torna mais rápida e econômica, sendo que a troca da turbina pode ser feita em menos de uma hora em situações de urgência.
Apontada por alguns como uma desvantagem, o avião sueco não possui a capacidade de lançar armas nucleares. Entretanto, para o Brasil isto não representa um problema, pois o país não dispõe de tal capacidade devido aos compromissos assumidos pelo país de não desenvolvimento de artefatos nucleares, desde a assinatura do TNP, mas principalmente, devido à estratégia pacifista adotada pelo país para sua inserção internacional.
O Gripen conta ainda com outras inovações tecnológicas de última geração, como recurso de Guerra Centrada em Rede (NCW) que operará em combinação com o sistema E-99 Erieye (SAAB, 2011), dos aviões EMB-145 AEW&C (Airborne Early Warning and Control) de vigilância antecipada e controle da FAB, fabricados pela Embraer.
O Gripen possui outras vantagens técnicas, como o fato de ser considerada a mais ágil e manobrável aeronave de caça para combates aéreos de curtas distâncias que se encontra disponível atualmente no mercado aeronáutico internacional. O Gripen NG apresenta, ainda, a característica de ser mais barato tanto no custo unitário que os concorrentes (cerca de 125 milhões de dólares até 2023), quanto no custo por hora de voo, apenas 4 mil dólares. Isto é muito importante para garantir que os custos de manutenção e horas de voo do avião não consumam parcelas significativas do orçamento da FAB, dificultando, por exemplo, o desenvolvimento de novas gerações de caças a partir do NG.
Outro ponto positivo do caça é a sua capacidade de pouso em pistas curtas: o caça consegue pousar em pistas bem pequenas, de apenas 500 metros, o que facilita a utilização de uma grande diversidade de bases para abastecimento e reparos durante operações, inclusive pistas curtas existentes na Amazônia. O plano das FAB é distribuir os caças por diversas bases no Brasil, diminuindo a vulnerabilidade e aumentando a capacidade operacional em diversos possíveis teatros de combate, ampliando significativamente a capacidade de defesa do espaço aéreo nacional.
Modelos anteriores do Gripen já voam na Suécia, África do Sul, Tailândia, República Tcheca e Suíça. O “Gripen NG BR”, por outro lado, será desenvolvido em parceria entre a Saab e a Embraer, que participará da produção da aeronave, na qual até 40% das novas tecnologias empregadas poderá ser desenvolvida e fabricada nacionalmente.
“Uma grande parte do trabalho de desenvolvimento do Gripen NG será de responsabilidade da indústria brasileira. A tecnologia e os componentes do Gripen NG produzidos no Brasil não serão replicados em nenhum outro lugar do mundo, o que significa que os sistemas Gripen NG fabricados no Brasil serão instalados em cada novo caça Gripen NG a ser fabricado para todos os futuros clientes, inclusive a Suécia.”.
Fica claro, portanto, que o grande trunfo do Gripen está na disposição da Suécia em transferir tecnologias sensíveis e desenvolvê-las conjuntamente com o Brasil, uma variável considerada determinante pelo país desde a publicação da Estratégia Nacional de Defesa pelo governo Lula, em 2008 e expressos no Livro Branco de Defesa Nacional de 2012 (BRASIL, 2008a; 2008b; 2012).
Enquanto o Rafale F3 e F-18 Super Hornet – que apresentavam propostas de transferência de tecnologia limitadas – são modelos prontos, o Gripen tem a possibilidade de ser adaptado às exigências brasileiras, pois ainda está em fase de desenvolvimento. Isso importa especialmente porque o Gripen precisará cobrir grandes distâncias – como demanda uma aeronave a operar no território ou nas águas jurisdicionais brasileiras e importa para que possa lançar mísseis desenvolvidos no Brasil. Embora o atual modelo não seja capaz de ser embarcado em porta-aviões, a Saab já está a desenvolver uma proposta inicial para uma versão naval do caça, que pode vir a ser desenvolvida nos próximos anos para atender às demandas da Índia por uma aeronave desse modelo.
Além disso, a Saab estuda a possibilidade de financiar a compra dos caças: o governo brasileiro só começaria a pagar em 2023, quando as 36 aeronaves já tiverem sido entregues. Considerando que esse número pode ser aumentado para até 100 caças, caso seu desempenho mostre-se satisfatório ao governo brasileiro, tais negociações podem se mostrar uma das mais importantes da atual década no mercado de aeronaves mundial.
Contudo, enquanto as novas aeronaves encomendadas estiverem sendo fabricadas, o Brasil tem um problema de curto prazo a ser resolvido que é a aquisição de uma aeronave moderna especificamente para defender a capital, função até então desempenhada pelo obsoleto Mirage 2000. No longo prazo, o objetivo estratégico de assegurar a superioridade aérea em território nacional não poderá continuar dependendo apenas da disponibilidade de uma aeronave tecnologicamente superior. Para garantir a superioridade aérea e o poder de dissuasão do país, é necessário garantir uma rede de sistemas de sistemas combate, além dos sistemas de detecção, guiagem, comando e controle.
Isso significa que em um futuro muito próximo será crítica a posse de satélites de detecção e guiagem, de radares de arranjo fásico de longo alcance, sistemas de mísseis antiaéreos de curto, médio e, especialmente, de longo alcance, mísseis antimísseis para proteger a capital e as maiores metrópoles e infraestruturas críticas do país, e, inclusive, aeronaves de última geração fabricadas no país. Isso significa que um dos próximos desafios do país é começar a planejar o desenvolvimento de uma aeronave de quinta geração, que poderá ser desenvolvida à partir da tecnologia do próprio Gripen, mas necessitará de mais parceiros para se tornar uma realidade.
Enquanto isso, o país tem diferentes opções de curto prazo, como adquirir modelos anteriores do Gripen, ou outros modelos de aeronaves, inclusive de outras nacionalidades. A princípio a primeira alternativa parece a mais provável, pois o governo sueco já manifestou a possibilidade de envio de aeronaves da geração atual, como Gripen C/D, para suprir o vácuo que existirá até 2018, quando estima-se que os primeiros Gripen NG entrarão em serviço (CHAGAS, 2013). Esta possibilidade abriria espaço para permitir a aquisição de conhecimento técnico e tático sobre esta família de aeronaves enquanto o Gripen NG está sendo fabricado. Tal negociação deve ser finalizada em 2014, caso os suecos confirmem a intenção de adquirir cerca de 10 KC- 390 fabricados pela Embraer, para substituir os Hércules suecos. Caso não se concretize, a outra opção, da aquisição rápida de aeronaves usadas para uso imediato, de outra nacionalidade e em quantidade reduzida, pode se mostrar necessária.
Destarte, importa ressaltar que a instalação da linha de produção de parte do Gripen no Brasil será um impulso fundamental para a construção da Base Industrial de Defesa nacional: a indústria aeronáutica terá um novo fôlego, atuando como mais um vetor para a criação de empregos técnicos de alta qualificação e para a geração de renda no país. Além da estrutura do avião, diversas partes do Gripen NG serão fabricadas pela indústria brasileira, e não serão replicados em nenhum outro lugar do mundo. Assim, os sistemas e componentes fabricados no Brasil serão instalados em todos os Gripen NG vendidos pela Saab, inclusive para a Força Aérea da Suécia. Além da Embraer já estão confirmadas a participação das empresas brasileiras Aeroeletrônica, Akaer, Atech, INBRA e Mectron, na fabricação de componentes do Gripen NG.
Na perspectiva mais otimista, a parceria Brasil-Suécia pode vir a resultar em processos de aquisições acionárias e até em uma fusão parcial entre a Embraer e a Saab. Considerando que a Suécia demonstra intenções de desenvolver turbinas aeronáuticas novas a partir das turbinas licenciadas atualmente produzidas pela sueca Volvo, tal parceria pode viabilizar o tão sonhado projeto brasileiro de fabricar suas próprias turbinas de grande potência. Principalmente porque a aquisição por outros países pode viabilizar, finalmente, a escala necessária pra tal empreendimento, e tanto Brasil como Suécia ganhariam em autonomia tecnológica e estratégica.
Ainda, o Brasil terá a possibilidade de vender estas aeronaves de quarta geração para os países da UNASUL e, possivelmente, outros países emergentes, pois o acordo prevê explicitamente a reserva de certos mercados ao Brasil. No primeiro caso, pensando-se na integração das cadeias produtivas sul-americanas, é factível ponderar que no processo de desenvolvimento de uma Indústria de Defesa Sul-Americana, desde a industrialização de matérias-primas críticas, até a produção de componentes, possam vir a ser desenvolvidos conjuntamente com outros parceiros estratégicos do Brasil, como a Argentina. Isto pode favorecer a produção e venda desta aeronave em diferentes mercados em um futuro próximo. Considerando, ainda, o caso dos países emergentes, importa destacar que, entre os BRICS, temos países como a África do Sul, que já possui aeronaves Gripen, e que desenvolve em parceria com o Brasil no desenvolvimento dos mísseis ar-ar A-Darter, que serão utilizados tanto em seus caças quanto nos caças brasileiros.
Em relação ao desafio tecnológico de desenvolver uma aeronave de quinta geração, sem a dependência tecnológica das grandes potências tradicionais, fica claro que a parceria estratégica com a Suécia abre novas perspectivas geopolíticas para o Brasil. O Gripen NG está em fase de desenvolvimento, que será um processo completado conjuntamente entre Suécia e Brasil. O desafio de incorporar, dominar e desenvolver tecnologias aeronáuticas do Gripen NG representam apenas o primeiro passo para iniciar o desenvolvimento de aeronaves ainda mais modernas no futuro. Considerando os problemas de escala de produção e de incorporação de tecnologias, uma aeronave de quinta geração só se tornará viável caso o Brasil e a Suécia consigam outros parceiros entre os países emergentes, como Coreia do Sul, Turquia, África do Sul ou mesmo países da América do Sul, como a Argentina. Nesse cenário se tornaria interessante aprofundar a parceria Brasil-Argentina, e considerar seriamente que o desenvolvimento de um avião de quinta geração dos emergentes pode ter como mercado, além dos países mencionados, o conjunto dos países da UNASUL.
Neste contexto, o desafio político diplomático que se impõe ao Brasil é o de liderar uma coalizão de países emergentes capazes de construir uma aeronave de quinta geração sem a dependência das grandes potências. Ao menos teoricamente, bastaria que tal coalizão de países emergentes incluísse parceiros com interesses comuns de longo prazo, especialmente países emergentes favoráveis à resolução pacífica de conflitos regionais e defensores da consolidação da multipolaridade, que, em conjunto sejam detentores de tecnologias complementares e com capacidade de compra de aeronaves, como são os citados casos da África do Sul, Argentina, Coreia do Sul, Turquia e Suécia.
Dessa forma, a decisão anunciada no dia 18 de dezembro – que não por acaso é quando se comemora o dia da aviação de caça no Brasil – é um marco na política de defesa brasileira, pois aumenta a perspectiva de desenvolvimento de nossas capacidades dissuasórias e de desenvolvimento industrial-tecnológico. Mostra-se, ainda, um importante passo na diversificação das parcerias estratégicas do país, consolidando a busca por uma inserção internacional mais autônoma e soberana. A escolha do Gripen demonstra ser especialmente acertada para o Brasil devido ao elevado potencial para produzir sinergia com os principais objetivos estratégicos do país, o desenvolvimento tecnológico e industrial, o aprofundamento da Integração Regional Sul-Americana e a construção de um mundo multipolar.
FONTE: Blog das PPPs
Sobre os autores:
Lucas Kerr Oliveira é Professor Adjunto no curso de Relações Internacionais e Integração na Universidade Federal da Integração Latino-Americana, UNILA, Doutor em Ciência Política e Mestre em Relações Internacionais pela Ufrgs, pesquisador colaborador do ISAPE.
Giovana E. Zucatto é Graduanda em Relações Internacionais pela Ufrgs, pesquisadora associada do ISAPE.
Bruno Gomes Guimarães é Mestrando em Relações Internacionais em programa conjunto da Universidade Livre de Berlim, da Universidade de Potsdam e da Universidade Humboldt, Bacharel em Relações Internacionais pela Ufrgs, pesquisador associado do ISAPE.
Pedro V. Brites é Mestrando em Estudos Estratégicos Internnacionais e Bacharel em Relações Internacionais pela Ufrgs, é Diretor Geral do ISAPE.
Bruna C. Jaeger é Graduanda em Relações Internacionais pela Ufrgs, pesquisadora associada do ISAPE.
exelente materia, os brasileiros tambem esperam que o governo brasileiro de continuidade aos projetos de defesa nacional.
Só queria que FAB botasse mais uma turbina e trocasse a envergadura desse novo caça pra caber mar armas e bombas , e ai o Gripen e iria disputar de igual pra igual com outros caças geração 04 mais creio que a FAB vai dar um jeitinho.
22 de Abril, Dia da Aviação de caça brasileira.
Matéria muito bem escrita. Só gostaria desaber se os autores também tem formação em estratégia militar ou de empreendimento empresarial na área de defesa, o que parecem não ter. O que me fez lembrar um determinado comentário, onde o Marechal Hommel, criticou os engenheiros que elaboraram o projeto de defesa da normandia, sem conhecimento miliar e experiencia em combate, o que deu muito trabalho ao herói alemão a ajustar as coisas, num tempo para lá de exíguo, e olha que ele quase conseguiu, com 500 soldados alemães, brecar uma invasão em uma daquelas praias. Mas as justificativas, foram a meu ver excelentes. Verdade seja dita, este país necessita de um plano nacional de defesa, como outros planos nacionais que neste caso não cabe falar, como a elaboração de uma matriz baseada em educação, investimento em ciencia e alta tecnologia, parque industrial avançado, etc, saúde, estrutura das cidades, logística, segurança social, enfim outros assuntos complementares a esta tão sonhada independência tecnologia na área de defesa.
E como estava dizendo, não sou nenhum especialista em área militar e nem na formação de uma parque industrial avançado, contemplando estas áreas. Mas se os militares da FAB, já haviam desde 2009 decidido que para as “reais necessidades” do Brasil e levando-se o seu “parco” orçamento em defesa, o Gripen seria a melhor escolha. Então eu pergunto, e porque não? Precisamos iniciar sim, um processo, uma etapa, hoje quase inexistente para implantarmos uma indústria e até mesmo um pensamento da necessidade de defesa, coisa que muitos pseudosintelectuais e brasileiros ditos nacionalistas, não parecem compreender. Seria o mesmo que pedir a uma criança que corresse antes de ensiná-la a andar.
Creio que a decisão foi a mais acertada, a melhor dentro do contexto. O mesmo poderíamos fazer com a marinha que deveria primeiramente, adquirir know how em construção de submarinos avançados, mesmo convencionais, com alta tecnologia, lançadores de mísses de cruzeiros, com uma indústria nacional provendo quase todo o investimento, para depois partirmos para um sub nuclear, caro, demorado e que provavelmente será o único. Quanto a FAB e ao governo, já que o caça sueco é mais “barato”, tanto em preço final como em manutenção e uso, então sob a visão de orçamento, com certeza poderíamos adquirir mais desse meio, como dito, pelo menos 150 unidades, espalhadas pelo território e não somente em Brasília, que aliás sequer é a mais importante cidade brasileira, sequer a mais populosa e sequer tem o maior parque industrial, então porque ter base somente lá? É ridículo!
Avançar para um caça de 5ª geração, ainda é um sonho, mas infelizmente devemos lembrar que nossos dirigentes, tem averção a medir um investimento, seu custo e seu retorno. Lembrando que se trata de questão de segurança nacional e estratégico em defesa desta nação. A primeira coisa que vão assustá-los será o tamanho do orçamento. Dezenas de bilhões de dólares para o desenvolvimento de um caça deste tipo, então com certeza irão, arquivar o projeto. Mas caso haja, alguém com a cabeça no lugar, provavelmente fará acordos, como os orientados acima, o que deveria também ocorrer nos projetos das outras forças. Do mais é não cair na ingenuidade de achar que existe nação “amiga”: EUA, Russia, França, Alemanha, Inglaterra e partirmos para nossas próprias parcerias, e elaborarmos um modelo, de país “pacifísta”, muito mais em auto defesa, como no Japão, do que num modelo Francês ou Inglês de invasão e ataques as outras nações, como eles tem feito.
Bela matéria e feita por pessoas que conhecem! E Parabéns a todos do DAN! E aos dois ultimos comentaristas…..Chora não vou ligar…. Pode chorar, pode chorar…..
O artigo foi muito bem feito e formatado para o seu objetivo de justificar a escolha, tentar explicá-la e dizer porque ela será importante no futuro dando boas sugestões de estratégias futuras como o desenvolvimento de um caça de 5ª geração independente.
Pena que é uma realidade fundada na escolha brasileira pelo Gripen NG mas a partir disto ergue-se um castelo de AR sem qualquer substância.
O artigo insiste na “superioridade” militar do Gripen sobre as outras opções quando o honesto foi como se fez na Suíça e constritamente foi feita limitadamente pelo Comandante Saito pelo já famoso e imortal “Não assusta mas impõe respeito” reconhecendo tacitamente o que os suíços reconheceram explicitamente, OPTAMOS PELA SOLUÇÃO MAIS BARATA E MENOS TECNOLÓGICA MILITARMENTE.
Segundo, o artigo fala em parcerias futuras de desenvolvimento de aeronaves e (para justificar a falta das tecnologias necessárias para tal objetivo no pacote Gripen NG) os autores INVENTAM um nunca antes ouvido ou escrito interesse sueco de desenvolver um motor aeronáutico “independente” para seus caças; esforço que atenderia a necessidade brasileira…
Pena que isso só exista na mente especulativa dos autores. A Suécia é um aliado de alto nível de aceitação e permissibilidade de uso de sistemas e partes militares de fontes americanas e portanto não faz O MENOR SENTIDO sob a ótica sueca perseguir este objetivo para a escala da Força Aérea daquele país.
Entretanto o texto passa ao largo de outro item CRÍTICO que é o RADAR AESA que igualmente não é domínio tecnológico sueco e sem o qual o objetivo de projetar novas aeronaves fica fortemente DEPENDENTE de se obter um fornecedor externo para este item de TECNOLOGIA ou de um hercúleo esforço nacional para se re-inventar a roda a partir do ZERO.
O Projeto Gripen NG capacita ao Brasil a projetar uma aeronave militar dentro do esquema OFF THE SHELVES onde COM ACESSO a sistemas prontos no mercado internacional você customiza SUA solução de aeronave. Algo BEM PRÓXIMO do que a Embraer já fez com suas aeronaves para a aviação Civil e já faz com o KC-390.
Apesar das minhas restrições ao artigo digo que o MAIS IMPORTANTE que falta ao texto, e isso os autores são ABSOLUTAMENTE ISENTOS, é que mesmo caminho SIMPLIFICADO E RESUMIDO vislumbrado no artigo incluindo as deficiências aqui apontadas PODE ser perseguido SE o governo brasileiro der a prioridade e os recursos necessários bem além dos 4,5 bilhões de dólares anunciados ao programa Gripen NG. e que até o momento far SUPOR uma solução de baixo custo.
Se o governo brasileiro ASSUMIR ECONOMICAMENTE o projeto GRIPEN pela necessidade de ESCALA, de arrasto tecnológico brasileiro e a FUTURA possibilidade de financiamento de alto suporte quando e SE o Brasil se tornar um exportador de petróleo e tiver SOBRAS de recursos ao auferir estas rendas oriundas do Pré-Sal petrolífero o Gripen E sueco se torne uma solução de BASE sobre o qual NÓS construiremos NOSSA tecnologia. A meu ver um caminho mais longo mas mais MERITÓRIO.
Pelo menos o DOBRO do valor de 4,5 bilhões do FX-2, deve ser PROVIDO nos próximos 10/15 anos para investimentos paralelos em tecnologias nacionais que serão necessárias para completar o Projeto Gripen BR nas partes onde os Suecos não querem ou não precisam investir dinheiro próprio (como o Gripen F e Sea Gripen) e para criar componente nacional onde o componente original do Gripen E sueco demanda um componente de prateleira estrangeiro que pode não ser fornecido ou se fornecido resulte aquisição com tecnologia degradada ou defasada pelo fornecedor original (no caso brasileiro historicamente em 95 % dos casos o fornecedor é americano ou forçado por legislação americana a assim proceder).
Neste caminho acho INDISPENSÁVEL dois investimentos paralelos IMEDIATOS para mostrar um real comprometimento e prova de que o governo brasileiro assumiu de CORPO, ALMA e BOLSO a opção do Gripen NG:
1) SOLICITAÇÃO E ACEITAÇÃO pela SAAB e da Boeing de participação brasileira no consórcio para a disputa do T-X americano através da Polaris, AKAER e Embraer USA. Com o duplo objetivo de aquisição futura do treinador baseado na arquiterura Gripen para LIFT da FAB/MB/EB e para a Polaris dar sua contribuição tecnológica DECISIVA para a vitória neste certame num trabalho conjunto GE/VOLVO/POLARIS desenvolver uma nova variante do motor RM-12 que equipa os Gripens D visando economia de consumo usando a tecnologia de injeção de plasma Rotex da empresa brasileira com a menor perda de potência possível característica CRÍTICA para a vitória num certame onde o custo da hora de voo multiplicada por centenas de aeronaves produzidas por 30 anos de vida operacional será determinante para a vitória.
2) Paralelamente e em seguimento a relação estabelecida dentro do programa do treinador a jato SAABrBOEIGRIPEN T-X, o governo brasileiro deve procurar uma acordo direto com o governo americano nos mesmos moldes do acordo EUA-INDIA para fornecimento e produção das turbinas F414 para o Tejas MK. II. Só que para desenvolvimento conjunto de uma variante da F414 com injeção de plasma com tecnologia Polaris. Assim se a adoção desta tecnologia pela GE Turbinas pode garantir através dos royalties a continuidade por um longo tempo da empresa nacional de turbinas aeronáuticas e estacionárias.
SE o governo brasileiro mostrar COM ATOS que não está atrás apenas de uma solução barata mas está REALMENTE disposto a INVESTIR de maneira abrangente no projeto Gripen e na obtenção de tecnologias talvez eu me convença do contrário.
No momento, PRINCIPALMENTE pela questão do RADAR AESA meu temor é que o Gripen NG BR se torne uma aeronave similar ao AMX BR um ótimo projeto que passou 2 décadas com problemas de radar…
Quanto ao radar AESA, por enquanto a MECTRON vai ter de re-inventar a roda SOZINHA….
Ou melhor com o governo brasileiro se ele fornecer recursos para pesquisa do ZERO…
Realmente os pontos levantados por Gilberto Rezende fazem sentido, porem não deixam de acharmos que a escolha do GRIPEN NG tenha sido a melhor e mais acertada. Tanto o caça americano quanto o francês eram aviões superiores tecnologicamente, no entanto, poderiam se tornar um presente de grego se por acaso o Brasil de alguma maneire estivesse diante de uma confrontação de interesses dessas duas nações.Já é mais do que sabido que americanos e franceses além de aliados, são nações não muito confiáveis em suas promessas, e nesse sentido a transferência de tecnologias se trans forma quase em uma lenda, seriamos tapeados nesse negócio. Já os Suecos, sim ele estão há décadas tentando desenvolver por conta própria uma aeronave de caça competitiva, moderna e eficaz e para tal feito tem se utilizado de produtos já desenvolvidos por outras empresas, pois o custo do desenvolvimento de toda a tecnologia dos componentes de uma aeronave como essa é muito alto e talvez seja e por isso que a Suécia vê no Brasil um potencial parceiro que reúne as condições estratégicas favoráveis para o desenvolvimento no futuro de um caça de quinta geração bem mais independente para ambos os países!
Piada.
5 autores para enrolar, nada dizer, e ainda por cima, desinformar…
Com poucas palavras coloco em xeque essas afirmações… Basta as perguntas a seguir?
Quem garante a a transferência para o Brasil, da tecnologia do Radar Raven ES 05 AESA, desenvolvido pela Selex? A SAAB?
A SAAB detém os direitos intelectuais dos motores GE-414? Vamos aprender a fazer o core deste motor?
O texto diz, que o nível de transferência tecnológica do Rafale era limitado, mesmo este tendo sido financiado pelo governo francês, com os componentes do caça oriundos em sua totalidade de empresas nacionais francesas e sendo os direitos de propriedade pertencentes ao financiador, que é o estado francês.
Agora fica a pergunta principal: os cinco autores não sabem o que escrevem, querem desinformar propositalmente, ou foram pagos para isso?
O que eu não consigo entender, é essa necessidade de justificar o Gripen NG após ele ser escolhido, ora, ora, isso, a bem da verdade é elucidativo, e revelador, de que a escolha não foi assim por dizer, uma “Brastemp”…
Brilhante matéria. Parabéns a todos do site.
solallinde
Apesar do calcanhar de Aquiles da “burrocracia” aliada a corrupção governamental, o Brasil trilha o caminho certo.
Nossos Super Tucanos, os Gripens NG, sistemas Astros 2020, misseis Mectron, veiculos Guarani, KC390, R-99 A/B, fuzis Imbel, submarinos Scorpenes BR e SNAs, Corvetas Barroso Mod dentre inumeros outros artefatos podem sim ser comercializados com outros países.
Mas não devemos nos esquecer que precisamos satélites geoestacionarios e vigilância, para isso precisamos de lançadores, porém o foguete “ciclone IV” não tem autonomia para orbitar mais que 1700 kg. Poderiamos ter uma versão com um cacho de 4 boosters (S-43 do VLS) para reforçar o 1 estágio e lançar pouco mais de 2700 kg, ou mesmo optar pelos novos (S-50) e seguramente lançar qualquer satélite, inclusive pensar orbitar um pequeno veículo tripulado.
Precisamos pensar em fazer um projeto de navios multipropositos e aérodromos para operarem a versão naval dos Gripen.
Para cada produto militar desenvolvido, surgem cerca de uma centena de produtos de uso civil com tecnologia de ponta e custos reduzidos.
Perfeita mesmo a materia.
Principalmente no que tange ao topico de unificacao regional com aproximacao dos paises emergentes.
Vislumbro um cenario onde os Gripens NG poderiam ser comercializados com todos os paises da America do Sul e nos emergentes citados.
Alem disso, poderiamos utilizar a complementaridade de produtos oriundos destes outros paises para criarmos uma base industrial militar de grandes proporcoes.
Dou alguns exemplos:
Nossos Super Tucanos, os Gripens NG, sistemas Astros 2020, misseis Mectron, veiculos Guarani, KC390, R-99 A/B, fuzis Imbel, submarinos Scorpenes BR, Corvetas Barroso Mod dentre inumeros outros artefatos poderiam ser comercializados com estes mercados constituidos por estes paises.
Em troca, poderiamos adquirir os produtos militares dos mesmos como os treinadores KT-50 da coreia do sul, participarmos no desenvolvimento conjunto de uma nova aeronave de quinta geracao com a Turquia e Coreia do Sul / Malasia, bem como abrirmos linhas de producao comuns para toda esta demanda.
Um mercao muito significativo e de grande porte comercial, industrial e militar.
Excelente matéria, muito completa…, quero parabenizar os jornalistas que a escreveram, e concordo com o amigo Marcelo Junior, quando diz, que esta deveria estar nos principais veículos de comunicação do pais.
Parabenizo aos senhores: Lucas Kerr Oliveira, Giovana E. Zucatto, Bruno Gomes Guimarães, Pedro V. Brites, Bruna C. Jaeger, e principalmente ao Guilherme Wiltgen e Luiz Padilha, pelo excelente trabalho realizado a frente do defesaaerenaval.com.br
Grande abraço…
Linda matéria !! Isso que eu acho que deveria aparecer nos portais do G1 da globo, no r7 , na folha de são paulo e entre outros jornais critícos da oposição assim trazendo a realidade para todos os brasileiros , mostrando no fantastico , jornal nacional , jornal da record , rádio. Em todas as mídias para concientizar o povo.