A Via Marítima do Norte, através dos mares do oceano Glacial Ártico, é o caminho mais curto entre a Europa e a Ásia. O transporte de mercadorias através desta via poderá aumentar em mais de 8 vezes, considera o Ministério dos Transportes da Federação Russa. O transporte de cargas da Europa para a Ásia (e vice-versa) está crescendo, ao mesmo tempo que as vias através dos mares de Barents e Kara vão sendo dominadas. Para realizar as potencialidades desta rota, é necessário criar uma nova frota de navios, assinalam os especialistas.
Na época soviética, os navios estrangeiros não podiam usar esta rota. A Via Marítima do Norte (VMN) foi aberta à navegação estrangeira em 1993 e o primeiro navio estrangeiro passou por lá somente em 2009. Até agora, o principal tráfego comercial entre os dois continentes passa pelo canal do Suez ou em torno da África. Segundo avaliações de especialistas, o tempo de transporte de cargas entre o Ocidente e o Oriente usando a Via Marítima do Norte é reduzido em cerca de 20-30%.
O problema é que a VMN está coberta de gelo durante a maior parte do ano. Para passar por ela é preciso usar quebra-gelos, e isto aumenta consideravelmente o custo dos transportes. No entanto, o aquecimento global nos últimos anos levou à redução da cobertura de gelo. Isto simplificou a navegação pelos mares do Norte. Segundo as previsões mais ousadas, a Via Marítima do Norte já dentro de algumas décadas poderá estar totalmente livre do gelo. Além disso, as rotas tradicionais nos últimos tempos tornaram-se inseguras, assinala o especialista do Centro de Direito Marítimo, Vassili Gutsulyak:
“Quando o número de ataques piratas aumentou bruscamente, aumentou também o número de navios que começaram a realizar seus transportes tradicionais justamente através da Via Marítima do Norte, até mesmo usando quebra-gelos. Considerando o perigo de ataques de piratas, esta via é mais atraente.”
Segundo avaliações do Ministério dos Transportes da Rússia, até 2020 os volumes de transporte através da Via Marítima do Norte podem aumentar para trinta milhões de toneladas anualmente. Aproximadamente metade desse volume será de trânsito, no qual parte serão cargas da península de Yamal, onde há explorações de jazidas de gás. Igor Davidenko, doutor em ciências geológicas e mineralógicas, comenta a situação:
“Só os recursos minerais primários e secundários de matéria-prima acumulados nos nossos territórios do norte são suficientes para dar cerca de 10 milhões de toneladas de carga anualmente. A maravilhosa experiência de transporte de gás liquefeito da Noruega para a China mostrou que, em primeiro lugar é barato, em segundo lugar é seguro e em terceiro é rápido.”
Segundo o cientista, para realizar todas as possibilidades da Via Marítima do Norte é preciso resolver duas tarefas: criar a infraestrutura, incluindo uma rede de estações meteorológicas e bases para reparação de navios. Mas o principal é construir uma frota comercial, prossegue Igor Davidenko.
“Precisamos de fato de criar uma frota para transporte de quaisquer cargas, construir novos quebra-gelos. Nós temos quebra-gelos, eles até mesmo trabalham por contrato em outros países, mas já são navios do passado. É que para o Norte são necessários novos navios, contados às centenas. Fala-se de 280-300 navios, que devem ser construídos rapidamente e eu concordo com isso.”
Aliás, as companhias russas que têm interesses na região do norte já começaram a criar flotilhas próprias. A Lukoil construiu três petroleiros e um quebra-gelo para retirada do petróleo do terminal no mar de Pechora.
A Gazprom desenvolve sua frota. A Rosneft está construindo uma série inteira de petroleiros de classe glacial para retirar derivados de petróleo de Arkhanguelsk e Vitino. A Norilsk Nickel, a desde 2006, construiu cinco navios porta-contentores, capazes de navegar em gelos com espessura até um metro e meio.