O congelamento ainda vai levar à perda de 34.000 postos de trabalho no Ministério da Defesa num momento de crescente desemprego na França, de acordo com uma revisão estratégica anunciada nesta segunda-feira.
A decisão também significa que o governo socialista terá que procurar outro lugar para angariar fundos, uma vez que tenta reduzir os gastos do Estado em 60 bilhões de euros ao longo do seu mandato de cinco anos e cumprir as metas do déficit.
“A França quer manter a sua capacidade de reagir sozinha. Este período recente tem demonstrado que há uma falta definitiva no Exército em termos de equipamento”, disse o presidente François Hollande.
Hollande estava sob pressão de seus próprios parlamentares de esquerda e de oficiais das forças armadas que temiam que os cortes ordenados pelo Ministério das Finanças prejudicariam a capacidade militar da França.
O Exército foi aplaudido pela sua intervenção no Mali em janeiro, que afastou rebeldes islâmicos. Mas a operação mostrou suas limitações no reabastecimento em pleno ar, transporte de tropas e coleta de informações de inteligência.
A revisão, que descreve as prioridades de defesa para o período 2014-2019, vem num momento delicado para a França, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e uma potência nuclear.
O documento visa reformar as forças armadas para criar um Exército mais móvel e aumentar os recursos de inteligência e forças especiais. A revisão também torna a segurança cibernética uma prioridade.
Hollande ordenou a revisão para levar em conta as revoluções recentes no mundo árabe, bem como alterações aos laços históricos da França na África, e uma mudança no foco dos Estados Unidos da Europa para a Ásia.
O Ministério da Defesa tem suportado o peso dos cortes nos últimos anos, ao ver o seu orçamento anual cair de cerca de 2,5 por cento da produção econômica desde o fim da Guerra Fria.
O documento definiu um orçamento global para o período de 179,2 bilhões de euros (233,4 bilhões de dólares) e manteve a despesa de 2014 em 31,4 bilhões de euros, o equivalente a 1,5 por cento do PIB.
“No total, de 2014 a 2019, o Ministério da Defesa terá que reduzir seu pessoal em mais ou menos 34 mil pessoas”, disse o documento.