A Airbus Military busca parcerias com empresas brasileiras do setor aeroespacial e de defesa para ter uma presença industrial do grupo no país. A empresa europeia não descarta a aquisição de companhias nacionais de pequeno porte que atuam na área de manutenção e reparos de aeronaves.
O primeiro passo na estratégia da companhia europeia será dado com a instalação de um centro de serviços e manutenção para a frota de aeronaves da marca, operadas pela Força Aérea Brasileira (FAB), informou o diretor regional de Vendas da companhia para a América Latina, Eduardo Pérez Valverde. O centro deverá ser instalado em São Paulo ou no Rio de Janeiro e, em um segundo momento, poderá atender a frota de 110 aeronaves da companhia na América Latina.
A FAB adquiriu, em 2005, um lote de doze aeronaves de transporte logístico C-295, fabricados pela unidade da Airbus Military na Espanha. A divisão militar da Airbus também fez a modernização de nove aeronaves de patrulha marítima P-3 para a FAB. A entrega do primeiro P-3 modernizado foi realizada em dezembro de 2011. “Já entregamos seis aeronaves até o momento e o restante será entregue até o fim deste ano”, disse o executivo.
Valverde estima que, num prazo de cinco anos, o potencial de vendas das aeronaves militares da Airbus no mercado latino-americano seja de 25 a 30 unidades. “Temos a expectativa de concretizar, até o fim deste ano, a venda de um segundo lote de aeronaves C-295 para a FAB”, afirmou.
Os contratos de vendas para a FAB, avaliados em mais de US$ 700 milhões, incluíram acordos de transferência de tecnologia. Uma das empresas beneficiadas por esses acordos, segundo o diretor da divisão militar da Airbus, foi a brasileira Atech, hoje controlada pela Embraer.
Os engenheiros da Atech participaram do desenvolvimento do sistema de missão do P-3. Parte desse conhecimento vem sendo usado hoje pela Atech no desenvolvimento de sistemas críticos. A Airbus desenvolveu um projeto com a brasileira Sobraer, que capacitou a empresa para a produção de várias parte da fuselagem dos jatos da Embraer 170/190, assim como dos Legacy 450/500/600. Está previsto um plano de produção até 2015. A Sobraer tem fábrica em São José dos Campos..
Outro resultado do acordo de compensação tecnológica originado da compra dos aviões da Airbus Military, segundo Valverde, foi a área médica brasileira, através da investigação com pesquisadores e universidades espanholas sobre a leishmaniose.
No Brasil, a Airbus Military tem um escritório comercial desde 2010, mas o relacionamento da empresa com a FAB foi iniciado em 2005. “O Brasil é hoje um dos países mais ativos do mundo na área de defesa e também um dos que mais interessa para a Airbus Military se estabelecer a longo prazo”, afirmou o executivo.
Sobre a concorrência que a companhia acaba de perder para o fornecimento de duas aeronaves de reabastecimento para a FAB, vencida pela israelense IAI, o diretor da empresa disse que a decisão não afetou a parceria sólida que o grupo europeu possui com a Aeronáutica brasileira.
“Nosso projeto com o Brasil é de longo prazo. Viemos para ficar”, disse. A Airbus disputou o contrato com o modelo A330 MRTT, que entrou em serviço em outubro de 2010 e possui 28 unidades vendidas para a Força Aérea da Austrália, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Inglaterra, além da França, que já confirmou a sua intenção de comprar o avião. Até o momento, a empresa entregou 12 aviões.