Por Luiz Padilha
O inicio da Press Tour Euronaval 2024, na qual o Defesa Aérea e Naval (DAN) participou, ocorreu na sede da MBDA na região de Le Plessis-Robinson, na França, onde fomos recepcionados por Éric Béranger, CEO da MBDA, que nos deu as boas vindas à empresa. Ele enfatizou a importância de mais uma edição da Euronaval e falou da relação que a MBDA tem com Marinhas de todo o mundo, como a Royal Navy, Marine Nationale, Italian Navy e Marinha do Brasil, dentre outras. O sucesso da MBDA vem do compromisso em oferecer suporte total aos clientes, uma característica da empresa que atualmente integra mais de 17.000 funcionários de diferentes países.
Em seguida, fomos convidados a conhecer as seções de equipes técnicas e operacionais na área de protótipos e testes, onde ocorrem os desenvolvimentos do sistemas Sky Warden, dos mísseis Mistral 3, Aster 15, Aster 30 Block1NT, Exocet Block 3C, e o novíssimo Exocet SM40.
Certamente toda a atenção durante a Euronaval estará voltada para o lançamento do novo míssil Exocet SM40, um produto que, quando entrar em operação, trará para as Marinhas uma arma submarina muito mais avançada do que o atual Exocet SM39.
Mistral 3 e Simbad RC
A evolução do míssil Mistral 3 tem como característica básica a simplicidade de operação, fornecendo ao cliente uma arma de custo atraente e com capacidades únicas em sua categoria, como pesar apenas 20kg, ser fire and forget, possuir velocidade supersônica, manobrar até 30g e ter um alcance de até 8 km. Operar com precisão o Mistral 3 não depende de treinamento intensivo, face a sua simplicidade operacional.
O Mistral 3 é um míssil versátil que pode ser utilizado pelo Exército, Marinha e Aeronáutica, através de diferentes plataformas de lançamento, contra uma ampla gama de ameaças, com uma taxa de sucesso de mais de 96%.
Mas vamos falar de meios navais. Atualmente, a MBDA oferece aos clientes o lançador Simbad RC, um lançador duplo para autodefesa do navio controlado remotamente, ou diretamente do CIC (Centro de Informações de Combate) do navio, através de fácil integração. Existe também a versão do Simbad RC com 4 mísseis Mistral 3, aumentando ainda mais a capacidade de defesa do navio. A ampla capacidade de utilização para a defesa do navio contra as novas ameaças, como drones aéreos e navais, torna o binômio Mistral 3-Simbad RC uma excelente opção.
A MBDA ofereceu à Marinha do Brasil a opção de equipar o NAM Atlântico com 3 sistemas Mistral 3/Simbad RC, como CIWS (Close-in Weapon System) no lugar dos Phalanx, que estavam instalados anteriormente no navio quando ainda operava como HMS Ocean na Royal Navy.
Misseis Aster 15, Aster 30 Block 1NT
Os mísseis Aster foram desenvolvidos para interceptar e destruir todo o espectro de ameaças aéreas, desde aeronaves de combate de alto desempenho, UAVs, helicópteros, mísseis anti-navio supersônicos de cruzeiro e, na nova versão 30 Block 1NT, até mísseis balísticos.
Ambas versões equipam navios das Marinhas da França, Inglaterra, Itália, Arábia Saudita, Argélia, Egito, Grécia, Marrocos, Qatar, Cingapura e Ucrânia.
Recentemente, os mísseis Aster provaram sua eficácia quando foram utilizados pela fragata FREMM Alsace no abate de três mísseis lançados pelo Iêmem, quando navegava no Mar Vermelho.
Variantes do míssil Aster
- Aster 15 : Míssil superfície-ar de curto a médio alcance;
- Aster 15 EC : Nova versão do Aster 15 com o dobro do alcance (60+ km); em desenvolvimento em 2023 e com introdução prevista para 2030;
- Aster 30 : Míssil superfície-ar de médio a longo alcance. Pode realizar manobras superiores a 50g;
- Aster 30 Block 1 : Variante com capacidade antimísseis balísticos; adaptado para combater mísseis balísticos de curto alcance de classe 600 km (370 mi);
- Aster 30 Block 1NT : NT significa “Nova Tecnologia”, projetada para combater mísseis balísticos de curto e médio alcance de 1.500 km (930 mi).
O vídeo abaixo possui legendas em português e explica em detalhes como funciona a manobrabilidade dos mísseis Aster, algo quase imperceptível, mas que lhe confere alta letalidade.
No último dia 8 de outubro, ocorreu o primeiro lançamento de qualificação do míssil Aster 30 B1 NT. O lançamento ocorreu no site de testes de mísseis da DGA em Biscarrosse (South Western France). O teste teve dois alvos aéreos implantados para simular uma complexa situação de defesa anti-aérea, com um alvo simulando um caça inimigo e uma aeronave amiga a ser defendida.
Mísseis Exocet MM40 Block 3C e SM40
Velho conhecido de diversas Marinhas mundo afora, o míssil Exocet está sempre sendo atualizado pela MBDA, afinal os cenários de combate superfície-superfície estão sempre em evolução, e a mais nova versão do Exocet MM40 Block 3C mantém as mesmas capacidades da versão Block 3, porém com o aprimoramento das capacidades multi-alvo contra alvos em movimento à longa distância, ataques com diferentes azimutes e maior capacidade anti-jamming.
Tivemos em primeira mão a informação dos estudos para o lançamento da nova versão do míssil Exocet, a SM40, que é a versão lançada por submarinos. A versão SM40 utilizará o mesmo lançador do SM39, pois o mesmo é eficiente e o sistema de lançamento é o mesmo, porém. O SM40 utilizará, no entanto, um booster que lhe dará o dobro do alcance do atual SM39, ou seja, passará de 60km para 120km, algo realmente impressionante e que irá tornar os submarinos que venham a utilizá-lo mais temidos do que nunca pelas forças de superfície.
Infelizmente ainda não há imagens disponíveis do SM40, apenas uma maquete e como ainda está em desenvolvimento, o SM40 poderá sofrer modificações. Esperamos que na Euronaval, onde o Defesa Aérea e Naval estará cobrindo, nós possamos trazer imagens para nossos leitores.
Sistema Sky Warden
A MBDA atenta as novas ameaças que surgem das atuais guerras Ucrânia-Rússia, tendo desenvolvido, por exemplo, o Sky Warden, um sistema para combater ameaças aéreas não tripuladas, que neutraliza Drones (UAVs) classe 1 e 2.
A imagem acima demonstra o efeito que o Counter Unmanned Aerial System (C-UAS) Sky Warden produz no combate a ofensivas de drones, com a utilização de inteligência artificial (IA) para auxiliar os operadores a identificar e classificar as diferentes ameaças com seu conjunto completo de sensores (radar, RF passivo, câmeras eletro-ópticas, etc). Em um anvio a solução ideal para instalação do Sky Warden seria como a da imagem abaixo.
O sistema Sky Warden atribuiu automaticamente qual o meio mais apropriado e disponível será usado para combater as ameaças, que podem ser bloqueadores, drones caçadores ou laser, como pode ser visto no vídeo abaixo:
Nós vimos drones de diferentes tamanhos abatidos por laser e o estrago realizado neles é devastador.
Por ser um sistema modular, escalável e evolutivo, o cliente pode adaptar o Sky Warden aos seus requisitos específicos, seja montado em veículos ou em terra.
Nessa Press Tour Euronaval 2024 a MBDA mais uma vez mostrou toda sua pujança, onde sua visão de futuro se reflete na atualidade, com produtos sempre a frente de seu tempo.
A MBDA é o tipo de missile house completa, que o Brasil deveria aspirar um dia construir.
“A MBDA ofereceu à Marinha do Brasil a opção de equipar o NAM Atlântico com 3 sistemas Mistral 3/Simbad RC”
A falta de capacidade de auto defesa do NAM Atlântico é chocante. Conta apenas com 4 canhões de 30mm e metralhadoras. É inacreditável.
Isto parece ser algum tipo de doutrina suicida da MB pois é algo comum em seus vasos de guerra.
Para as Tamandarés escolheram a versão mais perna curta do Sea Ceptor com 25Km de alcance.
Não tem grana para manter sistemas de defesa modernos e eficazes?
Não tenho dúvidas que se cortarem as toneladas de lagosta, lombo de bacalhau e picanha e as milhares de caixas de vinhos finos vai sobrar muito para a mb cumprir o papel para o qual foi criada. Uma força de defesa e não um clube de barões.
Mas aí você quer mexer no conforto do funcinário público né! Afinal, o cara estudou árduamente pra poder usufruir desses privilégios um dia,
É assim que funciona o setor público neste país.
Bom dia
Parabéns pela excelente matéria.