Por Thayná Fernandes
O acordo AUKUS para aquisição e desenvolvimento de submarinos de propulsão nuclear à Austrália, junto aos Estados Unidos (EUA) e ao Reino Unido, vem impulsionando Camberra a desenvolver suas capacidades de manejo deste tipo de tecnologia: no início de julho, pela primeira vez submarinistas australianos se formaram na Escola de Energia Nuclear da Marinha dos EUA; na mesma semana, a Agência Australiana de Submarinos (ASA, em inglês) iniciou suas operações.
Embora sejam realizações importantes, há algumas incertezas: o diretor geral da ASA, Vice-Almirante Jonathan Mead, esclareceu que dos três (ou mais) SSN Virginia que a Austrália irá adquirir, apenas um será novo, enquanto os outros dois serão transferidos da Marinha americana com 20 anos de vida útil restantes. Ainda, estes submarinos já estão inclusos na composição da futura classe SSN-AUKUS, cujo número de embarcações pode variar de acordo com os próximos governos. Considerando esse cenário, é vantajoso a Camberra investir robustamente em sua indústria de construção naval?
Uma das argumentações dos estadistas australianos sobre as vantagens do AUKUS é o desenvolvimento da indústria de Defesa nacional, criando postos de trabalho e tornando a Austrália fornecedora de materiais aos programas homólogos dos EUA e do Reino Unido. Contudo, embora o contrato inicial estipule o desenvolvimento de oito embarcações, caso os australianos adquiram mais submarinos, diminuindo o número previsto para construção local, o que fazer, para além de manutenções, com os estaleiros criados para a construção dos submarinos após estes serem entregues?
Como agir diante da provável diminuição da mão de obra especializada?
Analisando-se o quadro de segurança no entorno da Austrália, os países do Sudeste Asiático seriam clientes interessantes para preencher os estaleiros australianos. As Filipinas, além do Mar do Sul da China, possuem interesses em outras regiões marítimas do entorno e pretendem obter submarinos. A Tailândia tem acordo com os chineses para aquisição de três Type S26T; a Indonésia tem contrato com a Coreia do Sul para seis classe Nagapasa; Cingapura adquiriu cinco submarinos alemães Type 218SG.
É possível que estes ou outros países do entorno renovem suas esquadras ou modifiquem seus programas; nesse sentido, a Austrália tem potencial para se colocar como fornecedora. Aos contratantes, devido à proximidade geográfica, os custos seriam menores do que os europeus, além de ser uma alternativa diferente de Pequim e Seul. Para Camberra, novos contratos poderiam preencher a capacidade ociosa de seus estaleiros e causar menos impacto em relação à mão de obra.
Em suma, embora projetos navais sejam importantes aos países com vasta extensão marítima e interesses em regiões estratégicas, como é o caso da Austrália, essas decisões precisam visualizar também o longo prazo para além da entrega das embarcações contratadas, pois, após o fim dos acordos, o grande investimento em infraestrutura pode ficar subaproveitado. Ampliar as parcerias e capacitar-se para se tornar um fornecedor confiável pode ser uma solução ao caso australiano, e comparativamente, alinha-se ao caso brasileiro, após a finalização do PROSUB.
FONTE: Boletim GeoCorrente
A política Internacional para desenvolvimento de submarino nuclear e augo nogento! O Brasil vem a anos tentando acordos do gênero com o EUA e nuca conseguiu nada!! E por conta própria desenvolveu o ciclo completo do enriquecimento do urânio e fechou um acordo com a França no desenvolvimento do casco do Submarino sem o reator nuclear!! Quando o Brasil fecha um acordo de soluções de engenharia para o reator com a Rússia fica vários países de olho Grande querendo boicotar o mesmo!!