Empresas que fariam a reciclagem ambiental do navio afirmam que não tem mais condições de manter o projeto da Nae São Paulo, resíduo exportado que pertence ao Brasil e deve retornar ao país de origem
Cumprindo com as determinações internacionais de responsabilidade social e ambiental as empresas MSK Maritime Services & Trading e a SÖK, responsáveis pelo transporte e recebimento ex-porta-aviões da marinha brasileira Nae São Paulo, enviaram nesta terça-feira (20/12) um comunicado formal à Organização das Nações Unidas (ONU), órgãos ambientais e representantes dos governos brasileiro, turco e francês reportando a falta de assistência das autoridades brasileiras em encontrar uma solução para o navio.
Segundo determina a Convenção da Basileia, o país exportador, no caso o Brasil, é responsável por admitir o retorno dos resíduos exportados, sendo esta uma obrigação de natureza internacional, cabendo à Marinha, e não ao Estado de Pernambuco ou ao Porto de Suape, dispor sobre portos marítimos e determinar o destino da embarcação, que se encontra próxima ao litoral pernambucano queimando combustível em prejuízo à fauna e flora marítima.
No material endereçado aos órgãos internacionais, é citado o processo judicial do Governo de Pernambuco contra o Governo Federal e as consequências descabidas para as empresas que já chegam à ordem de US$ 5 milhões. “Infelizmente, as autoridades simplesmente ignoraram nossa situação e agiram como se esse sangramento financeiro não tivesse relação com eles, embora fossem os verdadeiros proprietários desses resíduos há cerca de um ano”, aponta o material. (íntegra está abaixo)
“São mais de 80 dias vivenciando essa agonia. Vemos dia a dia nossos pedidos de assistência e cooperação serem ignorados pelas autoridades brasileiras”, afirma o advogado especialista em Direito Marítimo, Zilan Costa e Silva.
O material foi endereçado à Diretoria de Qualidade Ambiental do Ibama; à Yvonne Ewang-Sanvincent, assessora jurídica das Nações Unidas para o Meio Ambiente; Emilia Wahlstrom, diretora das Nações Unidas para o Meio Ambiente; ao Ministério da Transição Ecológica e Coesão Territorial da França; ao Secretariado das Convenções de Basileia, Roterdã e Estocolmo; ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente; Claude Wohrer, a Secretária-geral dos Assuntos do mar da França; Jean Romnicianu, diplomata francês; ao Chanceler da Turquia na França; Sadiye Karabulut, responsável pelo Departamento de Economia Circular e Gestão de Resíduos da Turquia; além do consulado turco em São Paulo, entre outros.
Leia a íntegra do material enviado às autoridades mundiais:
“Caros senhores,
Como o assunto é muito conhecido e todas as partes são bastante familiares, não vemos razão para repetir toda a história do projeto desde o início, mas certamente acreditamos que devemos pelo menos enfatizar o que aconteceu desde que nosso comboio foi injustamente declarado como “ilegal ” devido às informações de alegações falsas e infundadas em 26 de agosto de 2022, depois deixar o Brasil em 4 de agosto, após a conclusão de todos os procedimentos exigidos e de acordo com todos os regulamentos relevantes.
Nossa empresa, Sok Denizcilik, sempre agiu de acordo e respeitou os regulamentos, leis e regras desde a fundação, portanto seguimos as instruções da autoridade competente do país exportador, Ibama, quanto à devolução dos resíduos (conforme Convenção da Basileia) ao país exportador, Brasil.
No dia 05 de outubro de 2022 o comboio chegou às estradas de Suape (distrito de Pernambuco-BR), ao local que nos foi indicado pela Marinha do Brasil.
Embora tivéssemos solicitado várias vezes durante a viagem de volta, infelizmente nenhum porto de refugiados (ou pelo menos um ancoradouro) foi designado. Pelo contrário, fomos ordenados a manter os “resíduos” fora das águas interiores brasileiras, como se os resíduos não tivessem sido exportados do Brasil nem fossem de propriedade do Brasil.
Ao mesmo tempo, fomos instruídos a fornecer um Relatório Principal de Salvamento, pois um dano foi determinado nos resíduos na chegada. Concluímos o mesmo relatório que também foi apoiado por uma pesquisa subaquática e também obtivemos o Non-Coral Sun Report. Estes foram os itens que nos foram instruídos para podermos obter a permissão para entrar nas águas interiores. Durante esse tempo, participamos de várias reuniões com a Marinha, Engeprom e autoridades locais para declarar nossa intenção de encontrar uma maneira adequada que nos permitisse continuar o projeto que era a reciclagem e descarte ambientalmente correto de um lixo brasileiro.
Afirmamos várias vezes que as autoridades brasileiras deveriam intervir responsavelmente a esse respeito e nos indicar um local para atracar, mas infelizmente não encontramos nenhuma resposta séria. Pelo contrário, apesar de todos os nossos esforços, as autoridades se recusaram a prestar assistência sólida e eficiente e o comboio manteve-se em alto mar, com desculpas descabidas. Na verdade, o mesmo poderia facilmente ser considerado irresponsável, pois o Salvage Master Report exigido afirmava claramente que os danos nos resíduos deveriam ser reparados sem muita demora.
Enquanto esperávamos um ancoradouro protegido para os reparos e a conclusão do procedimento necessário para reiniciar o processo de reexportação, tudo o que nos deparamos foram recusas e mais recusas com desculpas irracionais. Ao final, o Brazilian Waste (casco do ex-Nae São Paulo) foi totalmente indeferido para qualquer tipo de entrada em águas interiores em Recife (PE), pois o Governo do Estado abriu um processo judicial contra o Governo Federal.
De repente, nosso comboio, e certamente nossa empresa, acaba de se tornar vítima de uma vingança em que nem éramos parte. Este conflito já nos custou cerca de US$ 5 milhões, o que pode facilmente ser considerado uma pequena fortuna. Infelizmente, as autoridades simplesmente ignoraram nossa situação e agiram como se esse sangramento financeiro não tivesse relação com eles, embora fossem os verdadeiros proprietários desses resíduos há cerca de um ano.
Perdendo a esperança de um lugar seguro em Pernambuco (que nos foi ordenado como destino pela Marinha…) então tentamos com todas as opções possíveis; todos os estaleiros e quase todo os portos no Brasil, mas todos terminaram com mais recusas. Até tentamos, com as nossas próprias capacidades, encontrar um local para ancorar, mas com a instrução da Marinha no que diz respeito à proibição de qualquer ancoragem isso também se tornou impossível.
No final, apesar de todos os nossos esforços, não conseguimos obter o apoio necessário das Autoridades que nos permitisse continuar neste projeto. Como afirmamos várias vezes, nossa intenção era concluir o procedimento de reexportação e concluir a reciclagem e descarte do lixo brasileiro de acordo com o contrato que assinamos. No entanto, hoje já se passaram 77 dias desde a nossa chegada e, no entanto, todos os nossos pedidos de assistência e cooperação foram completamente ignorados. O que nos leva a concluir que não estamos mais em condições de manter este projeto de reciclagem e descarte de resíduos, especialmente enquanto qualquer dos estados envolvidos não assuma qualquer responsabilidade.
Também deve ser apreciado pelas partes envolvidas que nós, como um estaleiro de reciclagem profissional, aprovado e certificado pelo Green Ship, fazemos todos os esforços para continuar a sustentabilidade e proteger o meio ambiente desde o primeiro dia de nosso envolvimento.
A partir de agora, qualquer ação nossa será apenas para nos proteger das “batalhas” das quais certamente não fazemos parte, nem fronteira.”
DIVULGAÇÃO: Assessoria de Imprensa – Infographya
Prevejo ele finalmente tendo o merecido descanso, como MUSEU, o que deveria ter ocorrido com o NAeL A-11 Minas Gerais… Acredito que o novo presidente ajudara no que puder para transformá-lo em museu…
Simples. Encara como oportunidade para certificar u estaleiro brasileiro para desmontar navios dessa categoria e dar destino final para os resíduos. E uma atividade que pode render alguns recursos para um setor que por vezes sofre com a carência de encomendas como o polo naval de Rio Grande por exemplo.
Bom alvo para o Mansup e torpedos.
deviam ter usado ele para testar os novos misseis, ver se condições de afundar um navio desta categoria.(mansup)
Reincorpora este traste de novo. Ainda tá bom, não afundou ainda, é sinal que o Casco tá bom.
Eu também concordo. Pelo tempo que esse Navio está parado 10 anos+ se tivesse reformado ele nem que não entrasse em operação no momento mas ia mantendo ele. Dinheiro 💰 pra furar teto tem.
Mas esse casco foi vendido!! Ou seja, não pertence mais ao proprietário anterior. Ele é um “ex porta-avião da Marinha Brasileira” como bem declara o texto. Pelo que estou entendendo desse caso, a empresa que comprou o casco não sabe mais o que fazer com ele e quer nos devolver algo que não queremos mais. Bem que dizem que o barato sai caro: nem sempre comprar bens baratos é uma boa opção.
O Brasil não é para amadores !!!
Se isso está acontecendo com um navio que contém apenas amianto, imagina quando Marinha tiver que dar baixa no submarino de propulsão nuclear, processo é muito mais complicado por ter material radioativo!
Isso vira um absurdo cada vez maior.
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Fica aqui o meu parabéns ao cancerígeno “instituto”, que começou essa palhaçada toda.
Transforme em shopping flutuante, em museu ou em casinha de peixes.
É muito mi, mi, mi!
Que nojo desta geração!
CM (Sgto Moreno)
Gostei da resposta! Estava pensando o mesmo…… Tambem que tal um pequeno museum e bar flutuante em uma praia, teriam visitantes de todas as partes!
Situação vergonhosa e suas consequências…