Um foguete foi disparado da Faixa de Gaza em direção ao sul de Israel nesta segunda-feira, depois que confrontos eclodiram pelo terceiro dia em uma semana no Monte do Templo/Haram al-Sharif, enquanto judeus visitavam o local e os fiéis se reuniam para a Bênção Sacerdotal no Muro das Lamentações. O projétil foi interceptado pelas defesas aéreas israelenses (Iron Dome).
A última vez que foguetes foram disparados dessa região em direção a Israel foi em 1º de janeiro de 2022. Em maio de 2021, no auge de um grande conflito entre Israel e Hamas, pelo menos 30 pessoas morreram e 100 ficaram feridas por conta de ataques com mísseis e foguetes.
As atuais tensões na região acontecem desde a manhã de sexta-feira, quando começou uma série de distúrbios na Esplanada das Mesquitas/Monte do Templo, em Jerusalém. Jovens palestinos, aproveitando a liberdade de entrada e saída do local sagrado sem passarem por revista, começaram a juntar pedras, paus e fogos de artifício dentro da Mesquita de Al Aqsa, a 3° mais sagrada do mundo. Ao terminarem a reza da madrugada, começaram a atirar pedras contra o espaço onde fica o Muro das Lamentações, que fica muito próximo da esplanada, onde judeus rezavam devido à entrada do Pessach, a Páscoa judaica.
Os palestinos também atiraram contra as forças policiais, que ficam estacionadas nas entradas da esplanada, justamente para garantir a segurança e para impedir que não muçulmanos entrem no local sagrado fora do horário de visitas. As forças israelenses interviram, e fortes embates aconteceram no local, com mais de 500 detenções.
No Domingo de Páscoa, mais ataques aconteceram em Jerusalém. Alguns jovens palestinos radicais atacaram um ônibus de linha convencional, que fazia seu trajeto diário da estação central até o Muro das Lamentações. No ônibus, estavam crianças e mulheres que se dirigiam ao local sagrado para rezar. Além disso, judeus ortodoxos que caminhavam em direção ao Muro das Lamentações foram brutalmente atacados por jovens palestinos.
Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro da Jordânia, Bisher Khasawneh, apoiou a atividade dos palestinos durante uma sessão do parlamento jordaniano e usou uma linguagem hostil para condenar “simpatizantes sionistas que profanam a mesquita de Al-Aqsa” e o que ele chamou de “governo de ocupação” de Israel.
André Lajst, cientista político e presidente-executivo da StandWithUs Brasil, teme que ações como esta possam intensificar cada vez mais os conflitos na região, como já vem acontecendo. “No ano passado, foram atos assim que acabaram aumentando as tensões. O Hamas tem total interesse em criar um ambiente de caos na Cisjordânia. Ele ganha popularidade em dose dupla: enfraquece a Autoridade Palestina e se coloca como vitorioso contra Israel”, ele afirma. Sobre o posicionamento do primeiro-ministro da Jordânia, Lajst aponta para a possibilidade de uma grande deterioração entre as relações do país com Israel, deixando o cenário local ainda mais instável.
O primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, respondeu aos comentários de Khasawneh dizendo que Israel “vê com gravidade” comentários que o culpam pela violência, e que Israel continuará a manter a liberdade para todas as religiões, com as forças de segurança para continuar a fornecer segurança aos cidadãos israelenses.
A respeito dos conflitos entre israelenses e palestinos da sexta, o ministro das Relações Exteriores, Yair Lapid, em comunicado publicado em hebraico e árabe, disse que “Israel está comprometido com a liberdade de culto para pessoas de todas as religiões em Jerusalém, e nosso objetivo é permitir orações pacíficas para os crentes durante o feriado do Ramadã” e que os tumultos de sexta-feira no Monte do Templo “são inaceitáveis e vão contra o espírito das religiões em que acreditamos. A convergência de Pessach, Ramadã e Páscoa simboliza o que temos em comum. Não devemos deixar ninguém transformar esses dias sagrados em uma plataforma de ódio, incitação e violência”, disse ele.
Para André Lajst, a violência vista em Israel nos últimos dias não leva a lugar algum. “Não há qualquer justificativa que possa ser feita para atos como esses. Enquanto a população palestina radical, que são uma minoria, continuar a ser incentivada pelos seus líderes e pelo Hamas a cometerem atos de violência e a receberem prêmios por isso, a violência nunca vai parar. Um acordo de paz entre Israel e palestinos passa por negociações e diplomacia e não por violência”, defende.
FONTE: Art Presse