A Rússia foi alvo de numerosas condenações, durante uma reunião de urgência da Assembleia Geral da ONU, nesta segunda-feira (28/02), com vários dos 193 membros pediram o fim da invasão russa da Ucrânia.
Na abertura, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu o fim da invasão: “A luta na Ucrânia deve parar. Basta. Os soldados devem regressar aos quartéis.”
Na reunião, Ucrânia e Rússia estiveram novamente em confronto, enquanto a Dinamarca denunciou uma aventura militar russa “sem sentido”. “Se a Ucrânia não sobreviver, a ONU não sobreviverá”, alertou o embaixador ucraniano Sergiy Kyslytsya, que vê condições para “salvar a Ucrânia, as Nações Unidas e a democracia”. Numa posição defensiva, o homólogo russo reafirmou que a Rússia está a exercer o direito de legítima defesa, previsto no artigo 51 da Carta da ONU, apontando para “o sofrimento” na região separatista de Donbass, no leste da Ucrânia.
O Ocidente e a ONU acusam a Rússia de violar o artigo segundo da Carta das Nações Unidas, que exige aos países-membros que se abstenham de ameaças e do uso da força para resolver uma crise. Uma resolução para rejeitar a guerra desencadeada pela Rússia deverá ser votada possivelmente na quarta-feira. O documento precisa de dois terços dos votos a favor para ser adotado, tendo a linguagem do texto sido alterada para passar a “deplorar nos termos mais fortes” em vez de “condenar a agressão da Rússia”.
Nos corredores da ONU, alguns dos diplomatas apressaram-se entre a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança, que teve nova sessão de emergência, a quinta em uma semana, para discutir a crise humanitária causada pela invasão da Rússia da Ucrânia. Antes, o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, anunciou que os Estados Unidos tinham decidido expulsar os 12 membros da missão diplomática russa nas Nações Unidas, por espionagem. “Não nos sentimos isolados”, assegurou Vassily Nebenzia aos meios de comunicação, pouco depois de anunciar a expulsão de 12 elementos da equipe, que inclui uma centena de pessoas.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeio de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e quase 500 mil refugiados na Polônia, Hungria, Moldávia e Romênia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário. O ataque foi condenado pela comunidade internacional. A União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscou.