Por Victor Magalhães Longo
Noruega e Estados Unidos são aliados de longa data. Os Estados são membros fundadores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e é comum que exercícios militares da organização em clima subártico sejam realizados no norte da Noruega. Essa parceria deu mais um passo em abril de 2021, quando os dois países assinaram o Supplementary Defense Cooperation Agreement. Sendo assim, quais as possíveis razões para essa maior aproximação e quais as implicações futuras para a estratégia de defesa norueguesa?
A anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 causou um revés em suas relações com vários países europeus, incluindo a Noruega, e criou uma tensão que perdura até hoje com os membros da OTAN. Entretanto, os noruegueses tradicionalmente adotam uma postura apaziguadora, buscando evitar um conflito que, em termos de capacidades militares, favoreceria os russos. Mas o aumento da presença russa no Ártico, representada pelo fortalecimento da Esquadra do Norte, atualmente a mais poderosa esquadra russa, parece ter incomodado a Noruega.
A assinatura desse acordo sinaliza a procura de um maior apoio de Washington frente a essa ameaça. O ponto principal do documento consiste em possibilitar os estadunidenses a realizar investimentos de infraestrutura em três bases aéreas e uma base naval norueguesas, além de utilizar essas bases caso necessário. O acordo também facilita o envio e a presença de militares estadunidenses na Noruega. Cabe ressaltar que isso não significa que os Estados Unidos terão bases militares no país, o que iria de encontro a um dos princípios da Política de Segurança Norueguesa.
A assinatura do acordo, que deve ser votada entre setembro e dezembro no Parlamento norueguês, gerou declarações duras do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, que durante o encontro do Conselho do Ártico, em maio de 2021, requisitou a realização de uma reunião militar dos membros da organização devido à escalada de tensão na região.
Ainda que a Noruega tenha sempre preferido evitar conflitos no Ártico e nas suas imediações, esse alinhamento enfatiza que não haverá hesitação em tomar o lado da OTAN caso as tensões escalem. A defesa do “flanco norte” da Organização interessa especialmente aos nórdicos e ao membro mais poderoso da aliança, os Estados Unidos.
Enquanto ele gerar preocupações, a cooperação entre Noruega e Estados Unidos tende a se fortalecer.
FONTE: Boletim Geocorrente