Por André Duchiade
Durante mais de seis décadas, dos anos 1950 a 2018, a empresa de criptografia suíça Crypto AG forneceu a 120 países do mundo aparelhos de comunicação secreta, sem nunca revelar que tinha vínculos com a CIA. Enquanto chefes de Estado, líderes militares e diplomatas trocavam mensagens de alta importância estratégica acreditando estar em sigilo, na verdade eram espionados por agentes americanos e, na maior parte do tempo, por seus parceiros alemães.
A Marinha, o Exército e o Itamaraty estiveram entre os clientes da empresa, mostram documentos inéditos descobertos por pesquisadores brasileiros e passados ao GLOBO. Começando na década de 1950 e indo pelo menos até dezembro de 2019, um ano depois de a Crypto AG mudar de mãos, órgãos de Estado do Brasil pagaram por equipamentos e serviços de comunicação secreta de uma empresa que, durante décadas, era na realidade controlada por serviços de inteligência dos Estados Unidos.
Alguns dos produtos da empresa adquiridos pelo Brasil entre 2014 e 2019 têm como propósito equipar os submarinos brasileiros do programa Prosub,atualmente em desenvolvimento. Descrito pela Marinha como “um dos maiores contratos internacionais já feitos pelo Brasil e o maior programa de capacitação industrial e tecnológica na história da indústria da defesa brasileira”, os submarinos podem estar vulneráveis à interceptação americana devido a dispositivos de comunicação propositalmente corrompidos.
Recibos recentes
‘O golpe do século’
A maioria das denúncias contra a Crypto AG foi publicada em fevereiro deste ano no Washington Post por Greg Miller, correspondente de segurança nacional do jornal, em parceria com a TV alemã ZDF. No texto chamado “O golpe de inteligência do século: por décadas, a CIA leu as comunicações encriptadas de aliados e adversários”, Miller conta como a empresa suíça Crypto Aktiengesellschaft (Crypto AG), a princípio privada, passou para o controle da Agência Central de Inteligência (CIA) e de sua homóloga alemã, o Serviço Federal de Inteligência Alemão (BND) .
Baseando-se em um relatório interno da CIA, Miller relata como, começando nos anos 1950, mas sobretudo a partir da década de 1970, estas agências, em parceria com a também americana Agência de Segurança Nacional (NSA), inseriram falhas ocultas nos códigos dos dispositivos para conseguirem ler mensagens criptografadas, ao mesmo tempo em que vendiam os aparelhos mundo afora.
Além de lidas, as mensagens eram frequentemente encaminhadas aos aliados mais próximos dos dois países. “Governos estrangeiros pagavam um bom dinheiro aos EUA e [ao que era então] a Alemanha Ocidental pelo privilégio de ter suas comunicações mais secretas lidas por pelo menos dois (e possivelmente cinco ou seis) países estrangeiros”, diz o documento da CIA. A Alemanha manteve-se sócia da empresa até 1992, quando, com receio de ser descoberta, abandonou a parceria.
As denúncias do Post comprovaram antigas suspeitas contra a Crypto AG. Em 1982, durante a Guerra das Malvinas, a Argentina convenceu-se de que mensagens secretas suas haviam sido decifradas por forças britânicas. Após um executivo da empresa suíça viajar para Buenos Aires, acabou persuadindo os argentinos de que o problema estava em um único equipamento desatualizado, conseguindo esconder que, na verdade, as informações foram entregues a Londres pelo governo Reagan.
Já em 1992, o Irã tomou uma atitude contra a empresa. Após anos de suspeitas, deteve um vendedor da companhia durante 9 meses, até o pagamento de um resgate. O caso levou atenção midiática à Crypto AG, e várias reportagens nos anos seguintes investigaram o seu envolvimento com o governo americano. Uma dessas matérias foi feita em 1995 pelo Baltimore Sun, e expunha parte do envolvimento da Crypto AG com a NSA. Segundo o Washington Post, isso reduziu muito o número de países que faziam negócios com a empresa, que se tornou deficitária.
Dispositivo HC-2650
Esses antecedentes não foram suficiente para impedir o Estado brasileiro de contratar serviços da Crypto AG. Pelo contrário, a Marinha continuou a comprar produtos da empresa a até menos de um ano atrás. Procurada, a força afirmou por escrito anteontem que “a Marinha do Brasil (MB) desconhece, oficialmente, alegações de comprometimento da qualidade ou da segurança dos equipamentos” por ela adquiridos.
A ligação da Crypto AG com o Brasil começou a ser mapeada por Vitelio Brustolin, professor de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador de Harvard, que convidou para ajudá-lo os colegas Dennison de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Alcides Peron, da Universidade de São Paulo (USP). Ao vasculhar arquivos no Brasil e nos EUA, o trio encontrou várias situações em que órgãos brasileiros adquiriram equipamentos da Crypto AG, analisadas em um artigo científico publicado na última semana.
Os dados mais recentes envolvem a Marinha. Documentos no Portal da Transparência da CGU listam 27 despesas, com valores que chegam a R$ 1.371.826, pagas à Crypto AG entre 2014 e 2019. Nem todos detalham a que se referem os pagamentos, mas alguns especificam terem sido para a compra do dispositivo de criptografia HC-2650, assim como para softwares para o mesmo. Na maior nota, de 2015, o Comando da Marinha adquiriu 10 unidades do aparelho, ao custo de R$ 137.182 cada.
Segundo um anúncio da Crypto AG, o HC-2650 é uma “plataforma de criptografia universal compatível com todas as faixas de frequência (HF, VHF, UHF, SatCom) (…) O flexível HC-2650 é adequado para conexão com todas as redes militares e para tornar todas as redes de rádio seguras (…) Unidades deste tipo continuarão a ser usadas em muitas redes no futuro, porque são criptograficamente, eletricamente e mecanicamente extremamente robustas e oferecem a maior confiabilidade”.
Amazônia Azul
Não se sabe onde todos os aparelhos adquiridos pelo Brasil são empregados nem se outros órgãos de Defesa os utilizam. Sabe-se que um destino dos dispositivos são os submarinos de propulsão convencional em desenvolvimento, que aparecem nominalmente listados em várias notas, incluindo uma de 25 de novembro de 2019, no valor de R$ 113.415,82, para atualização do software que opera no sistema do dispositivo HC-2650.
O Brasil constrói quatro submarinos convencionais. O primeiro deles, o Riachuelo, está no mar desde 2018 e tem o fim dos testes no mar previsto para o mês que vem. O seu sistema de comunicação pode estar corrompido e vulnerável à interceptação estrangeira antes de que ele possa começar a cumprir seu propósito de, segundo a Marinha, “elevar substancialmente a capacidade de resposta eficiente do Poder Naval frente ao enorme desafio de controle e proteção da ‘Amazônia Azul’, que encerra grandes reservas naturais e representa um terço da extensa fronteira do país”.
Um submarino é uma arma estratégica. Um só submarino oculto cria um perigo para um adversário. Em algum momento, ele precisa se comunicar com a terra, e justamente nessa hora pode ser descoberto, afirmou Brustolin. Se a sua comunicação pode ser interceptada e decifrada, se saberá o que o submarino irá fazer. Isso compromete toda a funcionalidade estratégica do equipamento.
FONTE: O Globo
É muita burrice, sabendo de toda essa sujeira no ar , etc e tal e continuou á comprar equipamento e sendo monitorado por essas potencias estrangeras, ai já é demais.
De duas uma, ou as nossas forças armadas são dominadas por gente sem capacidade para lidar com a segurança ou alguém comeu bola.
Cada dia á gente se surpreende com INCOPETÊNCIA, dessa gente que dirige as F.A. desse país, estão sempre pronto adquirir materiais velhos, ultrapassados e depois gastar o dinheiro do contribuinte em sua reforma e dizer que foram atualizados tecnologicamente.
Exemplo são esses aviões de caça da marinha (os A4), ou os navios sucateados da marinha, alvos fáceis pra qualquer avião ou marinha mais moderna.
Outro, essas fragatas (só 4) com toda essa costa nossa, essa imensa riqueza, cobiça internacional grande quando elas ficarem prontas, já vão estar desatualizadas, esse é o grande problema desse país á demora de se resolver as coisas principalmente as coisas sérias, porque se fosse aumento de salário de políticos é resolvido de um dia pro outro.
O negócio é que esses homens que comandam as nossas F.A., não estão nem aí com nada desde que no fim do mês o DIM pinga em suas contas e na hora de suas APOSENTADORIAS, eles continuam a ganhar plenamente o salário como se estive na ativa.
não creio q seja novidade q qualquer um q consiga espionar o outro o faria. os americanos ja vinham espionando os telefones dos presidentes do Brasil. querem o 5 G para eles terem controle também. Os chineses farão o mesmo. temos q desenvolver um dispositivo q nos de segurança real.
Jesus! Que amadorismo sensacional da MB! Mesmo depois das suspeitas levantadas ainda continuaram comprando? A MB vai abrir inquérito militar? 70 mil homens sem navios e nenhum deles suspeitou de nada?
O serviço de contra-inteligência da MB não funciona, antes de comprar qualquer coisa tem que identificar as ligações desta empresa com organismos de inteligência de seus países de origem e outros como é o caso, depois não sabem como levam fumo…
O bom dessa história é que os britânicos puderam ouvir os argentinos quando foram expulsá-los das Falklands depois da criminosa invasão.
Olá oziris kkkkkkk
Normal, qualquer país que tivesse a oportunidade faria o mesmo, trouxa é quem caiu no golpe….
Falou tudo meu amigo, basta ver a espionagem chinesa via Huawei
Pelo menos ainda não esta instalado no Alvaro Alberto o SNBR que é o submarino de maior valor estratégico da nação, ainda dá para corrigir esse tremendo erro, mas todo o equipamento de segurança informática ou de comunicação produzido no ocidente terá sempre um componente americano, logo o ideal seria o Brasil produzir os seus próprios mecanismos de segurança.
kkkkkkk
Vocês estão surpresos com o que ?
Lembram quando eu perguntei o que os militares brasileiros estavam dando em troca de tantas premiações pelas Forças Armadas da Metrópole (EUA) ?
Esta aí a resposta
Mais do mesmo ou seja, proselitismo político chinfrim…..
Eu sugeriria que você fizesse isso na próxima plenária do DCE mas diante da Pandemia lhe restam alguns sites chinfrins como DCM, Brasil247, etc….
Poxa Paulo Brasil, até aqui?
Não é possível. Isso seria um desastre e definitivamente faria de nossas Forças Armadas uma piada!
Todos os países realizam espionagem, a única forma de evitar é desenvolver a própria tecnologia, mesmo assim no mundo moderno ninguém é imune. Essa matéria esta cheirando desinformação por parte do governo chinês, ano que vem tem leilão do 5G e o governo brasileiro já sinalizou que não vai permitir a Huawei participar como vários outros países estão proibindo. A relatos de que empresas chinesas estão comprando participações de empresas de comunicação brasileira. O leilão do 5G no brasil vai ser um dos maiores do mundo ate lá vamos ver varias matérias como essa na grande mídia.
BOMBA!
isso e sério?
acabou!
Pelo que fala a reportagem a denúncia da ligação da empresa com a CIA veio a tona este ano e as nossas compras foram feitas até o ano passado quando ninguém sabia, e outra coisa não foi só o Brasil que comprou dessa empresa! Agora é correr atrás do prejuízo pelo que fala a reportagem a empresa foi vendida e não tem mais ligação com a CIA é exigir dela que altere os protocolos e nos garanta a segurança prometida!
Misericórdia
Mas tem gente que gosta de se enganar mesmo eim
Ainda fazendo esse proselitismo político chinfrim meu caro!? Sua atitude além de jogar o nível do debate no chão emporcalha completamente o espaço…
No chão?, então jogou no atual presidente que apoia
Cara
O tirelles é assim mesmo
Se sai alguma reportagem indicando o modus operandi dos USA, ele tenta reverter a cenário com um argumento do tipo “Eles fazem o que a China também FARIA”
Ai ele parte para os argumentos AD HOMINEM e fala dos politicos de sempre: Lula, PT
E bla bla bla
Já são mais de 10 anos lendo os comentários dele
É melhor concordar para encerrar o assunto e deixa-lo feliz
rs
Realmente…..
São dez anos vendo seu risível teatro meu caro positrônico…kkkk
Do “Messias” atual as urnas irão cuidar! Agora trate de se preocupar com o seu “Messias”, a alma penada do ABC