Por Edmar Bacha, economista
“O Ministério da Defesa enviou ao Congresso a estratégia nacional da defesa, propondo um orçamento para as Forças Armadas de 2% do PIB. O mesmo número que Trump quer que os parceiros dos EUA na OTAN atinjam.
Segundo o SIPRI (Stockholm International Peace Research Institute), que é a fonte básica de dados neste tema, o Brasil gasta atualmente 1,5% do PIB com os militares. O Ministério da Defesa acha pouco, mas não é isso que dizem os dados do SIPRI.
Quem gasta muito com militares são regiões conflagradas, como Oriente Médio e Norte da África, ou então potências militares como EUA e Rússia. Os países da Ásia e Oceania, com a presença conflituosa da China, Índia, Paquistão e Coreia do Sul, gastam em média 2% do PIB com os militares.
O Brasil está nas Américas, com a África Subsaariana e a Europa no outro lado do Atlântico. Neste amplo conjunto de países do qual somos parte, prevalece a paz. Nele, o gasto militar é, em média, 1,5% do PIB, igual ao do Brasil. Melhor ficar por aí do que seguir o mau conselho de Trump.”
Quanto ao artigo de hoje do economista Edmar Bacha sobre o orçamento do Ministério da Defesa, a coluna recebeu a seguinte “Nota de Esclarecimento” assinada pelo Vice Almirante Carlos Chagas Vianna Braga, coordenador da Comunicação Social e Porta-voz do Ministério da Defesa.
Segue a resposta
“O Ministério da Defesa (MD) esclarece que a nota ‘Quem gasta muito com militares são regiões conflagradas’, de autoria do economista Edmar Bacha, publicada na Coluna Anselmo Gois, no jornal O Globo de 19/08, está equivocada e suas conclusões não correspondem ao contido na fonte citada.
De acordo com o citado “SIPRI Year Book”, em termos regionais, o Brasil (com 1,47 % do PIB) ocupa atualmente, na América do Sul, o sétimo lugar em gastos proporcionais de Defesa, ficando atrás de Colômbia, Equador, Uruguai, Chile, Guiana e Bolívia, sem contar a Venezuela, que não disponibiliza seus gastos.
Em termos globais, vários países, que claramente não se encontram em regiões conflagradas, como Austrália, França, Inglaterra e México, dentre outros, possuem gastos proporcionais bastante superiores aos do Brasil.
A estatura estratégica do Brasil, suas dimensões continentais, extensas fronteiras, águas jurisdicionais (“Amazônia Azul”), inestimáveis riquezas naturais, espaço aéreo e vigoroso comércio, assim como sua vocação como líder regional e ator global, recomendam a busca de investimentos compatíveis para a sua defesa.
Além disso, em função das características do País, as Forças Armadas, há muitos anos, realizam, inclusive por força de lei, atividades subsidiárias, diretamente ligadas ao desenvolvimento social e ao bem-estar da população. Tais atividades abrangem áreas de atuação de diversos ministérios, levando água às populações atingidas pela seca no Nordeste, prestando atendimento de saúde às populações ribeirinhas, construindo e reparando infraestrutura, realizando pesquisa científica na Antártica, participando de operações de paz em vários países, coordenando projetos sociais em todo território nacional, acolhendo imigrantes e refugiados, dentre inúmeras outras atividades. Em vários locais, muitas vezes, representam a única presença do Estado e a única esperança das populações. No momento, além de tudo isso, as Forças Armadas empregam diariamente cerca de 34 mil militares no combate ao novo coronavírus e combatem os crimes ambientais na Amazônia Legal.
A busca gradual de um patamar de 2% do PIB, longe de “seguir um mal conselho de Trump”, reflete iniciativa da OTAN, datada de 2014, ou seja, anterior à gestão do atual presidente dos EUA. Dos 28 países integrantes, nove já ultrapassaram essa meta e outros sete estão muito próximos de atingi-la. O percentual médio vem subindo ano após ano e, hoje, o investimento médio se encontra em torno de 1,8 % e em ascensão.
Finalmente, sob a ótica da economia, é fundamental destacar que os investimentos em Defesa constituem importante fator de desenvolvimento. No Brasil, são gerados 285 mil empregos diretos e 850 mil indiretos. A indústria de Defesa, em 2019, exportou mais de R$ 6 Bi e, para 2022, há previsão de mais de R$ 20 Bi. A Base Industrial de Defesa representa hoje cerca de 4% do PIB do País, de maneira direta, e o efeito multiplicador é o maior de todos os setores, industriais ou não, mostrando o enorme potencial dos investimentos. Além disso, esses investimentos estão fortemente relacionados à ciência, tecnologia e inovação, uma vez que a Defesa vive, necessariamente, na fronteira do conhecimento tecnológico e tem, como uma de suas características principais, o caráter dual. Recentemente, essa característica permitiu rápida adaptação da indústria de Defesa, contribuindo diretamente para a produção de respiradores, essenciais na atual pandemia.”
FONTE: O Globo
De cara, o primeiro parágrafo já define a que veio o autor da matéria: política! Estamos tratando de interesses nacionais e não de governantes estrangeiros. Essa observação já ajuda a interpretar o texto de forma explícita, ou seja, qual é o objetivo da matéria.
Ele cai em contradição no segundo parágrafo quando se refere a uma região pacífica sendo que a Venezuela não divulga seus investimentos nessa área. Se não temos registros oficiais de seus “gastos” não temos como saber a que ponto eles são uma ameaça aos países vizinhos, em particular o Brasil.
Quando ele diz “gasto com militares” está se referindo ao pessoal ao invés de pensar na função desses militares: defesa da pátria. Portanto uma demonstração de politicagem. Não estão preocupados com a soberania nacional e sim com seus interesses. Por falar em soberania o Brasil não podemos depender de dados internacionais para, a partir daí, resolver sobre quanto investiremos em soberania nacional.
Mais uma vez a mídia prestando um desserviço para o país.
o que adianta aumentar o investimento do PIB para 2% em defesa sendo que 75 a 80% desse valor será gasto com pensões e salário de pessoal, quase não sobra nada para compras, investimentos e manutenção.
Tem que acabar com esse monte de oficiais que não fazem nada, enxugar o oficialato e aumentar a força.
Acabar com pensões vitalicias para filhos e filhas de oficiais; muito dinheiro mal investido.
Quando acabarem com as mordomias ai sim termos forças armadas condizentes com o tamanho do Brasil.
Os caras defendem 2% do PIB pra defesa, mas onde está falando que 20% disso aí será voltado a INVESTIMENTOS, com o a OTAN prega????
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Se passar, esses 2% vão virar mais gente e uma merrequinha a mais vai para investimento. Pode anotar.
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E adeus reforma estrutural. Os acomodados vão ficar ainda mais acomodados.
Quantos milhões de reais perdemos no setor de turismo e impacto ambiental na costa brasileira devido aquele misterioso derramamento de óleo. Não é mais barato investir na defesa para não termos esses prejuízos? Onde ficam os especialistas em economia sobre esse fato? Onde estão os ambientalistas cobrando mais investimentos em defesa para nos proteger desse tipo de agressão? Ondem estão????
Como disse o colega acima, nada de novo dentro do universo dos “especialistas” de certos meios de imprensa. A única novidade realmente, é este meio ter publicado a nota de resposta do MD. Espero que este costume continue
A opinião do economista reflete à da própria imprensa. Mas quando o dia mau chegar, serão esses os primeiros a questionar porque não foi investido o necessário na defesa do país.
É a mídia mainstream com seus infelizes pitacos.
“Especialistas” falando besteiras, discursando sobre matérias estranhas à sua área de atuação ou sobre influência/soldo de interesses estranhos ao povo brasileiro é comum e isso reflete no grande número de matérias esdrúxulas em diversas áreas, mas em especial nas de Defesa, Saúde e Educação (curiosamente áreas estratégicas não só para a defesa do povo como na construção de sua identidade), não é novidade. As novidades são: 1a) O Globo publicar nota de esclarecimento do MD. Em circunstâncias normais, estas notas são solenemente ignoradas. 2a) A frequência de respostas do MD. Nos últimos anos tem havido uma campanha de desinformação e desconstrução de nossas Forças Armadas, quase que sistemática, que ficavam sem resposta. Hoje, a resposta vem na “lata” e com os devidos fatos comprovantes. Até que enfim temos uma comunicação social ativa.