Ultrapassar as divergências e dar uma imagem de unidade: esse é o difícil objetivo dos 29 membros da NATO no septuagésimo aniversário da Aliança Atlântica, realizado em Londres.
O arranque das supostas celebrações ficou marcado pelas declarações recentes do presidente francês de que a organização se encontra em estado de “morte cerebral” e as tensões crescentes acerca da intervenção turca na Síria.
Antes grandes amigos, Emmanuel Macron e Donald Trump não hesitam agora em disparar críticas cara a cara. Num encontro com o homólogo norte-americano, o presidente francês lamentou que os membros da NATO “não tenham todos a mesma definição de terrorismo”.
Trump disse, gozando, que podia oferecer a Macron “alguns combatentes simpáticos do Estado Islâmico”, sem dúvida numa referência a “jihadistas” franceses. O chefe de Estado francês replicou afirmando que “devemos ser sérios” e que “o grande número de combatentes no terreno vem da Síria, do Iraque e do resto da região. O problema número um não são os combatentes estrangeiros do Estado Islâmico, mas sim os regionais, que são cada vez mais numerosos devido à situação atual”.
Trump jogou mais lenhauna fogueira, acrescentando que Macron é “um ótimo político”, porque deu “uma das melhores não-respostas” jamais ouvidas.
O presidente francês também exigiu ao homólogo turco explicações sobre a incursão contra as forças curdas no norte da Síria, mas sem obter resposta num encontro destinado a apaziguar tensões na Downing Street 10, que contou também com a presença da chanceler alemã e teve como anfitrião o primeiro-ministro britânico.
No final, houve apenas uma simples declaração de compromisso em “criar as condições para o regresso seguro, voluntário e sustentável dos refugiados” e “continuar a lutar contra o terrorismo em todas as suas formas”.
A Turquia ameaça bloquear os planos de expansão da Aliança Atlântica no Báltico se as milícias curdas não forem reconhecidas como terroristas. Um obstáculo ultrapassável, na opinião do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que afirmou que “existem visões divergentes […], mas há planos para proteger os países bálticos, a Polônia e outros aliados”.
O aniversário da NATO é celebrado em Londres em plena campanha eleitoral e milhares de pessoas sairam à rua para protestar contra a Aliança Atlântica e, em particular, a presença de Donald Trump.
FONTE: Euronews
FOTO: NATO