Por TC Cav André Ricardo da Conceição Barreto (Comandante do Centro de Adestramento Leste)
Em 2018, o Exército Brasileiro adquiriu 16 Viaturas Blindadas Multitarefa Leve Sobre Rodas (VBM-LSR) Lince, para serem empregadas em proveito das ações do Comando Conjunto (CCj) na Intervenção Federal do Estado do Rio de Janeiro.
Devido à aquisição desse novo Material de Emprego Militar (MEM), que possui diversas peculiaridades, foi necessária a elaboração de procedimentos operacionais para o seu emprego nas Op GLO na cidade do Rio de Janeiro.
O 15º Regimento de Cavalaria Mecanizado (15º RC Mec), como Organização Militar gestora desse novo MEM, participou de um esforço conjunto com o Centro de Adestramento – Leste (CA-Leste) na elaboração de procedimentos operacionais, visando a capacitação técnica das guarnições para o emprego da VBMT e contribuindo com as suas experiências no emprego de tropas mecanizadas em Operações em Áreas Edificadas. Dessa maneira, foi possível consolidar tais conhecimentos com a expertise do CA- Leste, na preparação de tropas para operações dessa natureza.
Foram concebidas três situações que envolviam a necessidade de maior grau de proteção para a tropa, proporcionado pelas VBMT Lince:
– Ações de patrulhamento motorizado em áreas críticas;
– Ações de cerco e isolamento, e
– Ações de investimento.
Nos dias 03 e 04 de dezembro de 2018, foi realizado o primeiro adestramento de emprego de frações utilizando as VBMT Lince. Na oportunidade, militares do 15º RC Mec e do 1º Esquadrão de Cavalaria Paraquedista (1º Esqd C Pqdt) participaram de instruções relativas à capacitação técnica para o uso da viatura e de oficinas com o uso de Dispositivos de Simulação de Engajamento Tático (DSET), com o envolvimento dos Observadores e Controladores do Adestramento (OCA) e da Força Oponente do CA-Leste.
Dos estudos e adestramentos realizados com a VBMT Lince, observou-se que, embora a viatura forneça uma célula de sobrevivência blindada para a sua guarnição, os danos causados pelos projéteis nos para-brisas e no chassi demandariam, posteriormente, a substituição das peças atingidas, acarretando em custos elevados de manutenção.
Tal ação se devia à perda das caraterísticas balísticas do material avariado, diante de um futuro confronto.
Ressalta-se que, embora o para-brisas ofereça uma resistência de até 300 tiros, ao ser atingido ele fica fragmentado, diminuindo assim o campo visual do motorista a cada tiro recebido.
Figura 2: OCA do CA-Leste realizando a Análise Pós-Ação Parcial (APA Parcial) durante o treinamento de tropas dotadas de VBMT Lince (FOTO: CA-Leste)
Essas características evidenciaram uma diferença de emprego em relação às Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal (VBTP) URUTU e GUARANI, tendo em vista que essas não são avariadas quando atingidas por projéteis.
A peculiaridade de emprego da VBMT Lince, para as operações com maior grau de risco de confronto com os APOP, como nas ações de cerco e investimento, foi concebida de forma que se colocasse à frente da coluna de marcha uma VBTP URUTU ou GUARANI, a fim de receber os possíveis “fogos de contenção” dos Agentes Perturbadores da Ordem Pública (APOP). Isso permitiu que a tropa chegasse em segurança nas posições de cerco ou de investimento, onde as VBMT Lince seriam empregadas, a fim de dar maior flexibilidade para a manobra, nas demais vias de acesso não batidas pelos fogos diretos dos APOP.
Pelas suas reduzidas dimensões em relação às VBTP, a VBMT Lince permite o deslocamento da fração embarcada em vias de acesso mais estreitas, garantindo que a tropa atinja os objetivos mais profundos na sua Zona de Ação, evitando, assim, o confronto ao longo do itinerário e garantindo a ocupação de um ponto no interior da localidade com maior rapidez.
Figura 3: Proposta de organização de pelotões dotados de VBMT-LSR (FOTO: CA – Leste)
Observou-se nos treinamentos, sendo ratificado no emprego, que a melhor formação de uma fração com proteção blindada para operar em áreas edificadas de difícil acesso seria a constituída de um pelotão com a mescla de uma VBTP URUTU à frente, duas VBMT Lince ao centro e uma VBTP GUARANI, dotada com a estação de armas remotamente controlada REMAX¹ à retaguarda da coluna de marcha.
Figura 4: Atuação da Força Oponente do CA-Leste contra o Pelotão dotado de VBMT Lince (FOTO: CA – Leste)
A VBTP URUTU, dotada de elevada proteção blindada e ação de choque, por ser um pouco mais estreita que a VBTP GUARANI e quando deslocada à frente da fração, ofereceu maior proteção à tropa dos fogos de contenção dos APOP, possuindo também, maior facilidade para a transposição de obstáculos lançados pelos APOP no interior das comunidades.
Por outro lado, as VBMT Lince, mais ágeis e com relativa proteção blindada à tropa contra fogos fortuitos dos APOP, evitariam a concentração inicial dos fogos de contenção dos criminosos, atuando em vias de acesso adjacentes, explorando o avanço na localidade pelos flancos (realizando “golpes de sonda”), dando maior flexibilidade ao avanço das frações. Além disso, essas viaturas podem ser utilizadas na extração e apoio a elementos sob fogo, em áreas de difícil acesso.
O emprego da VBTP GUARANI à retaguarda ofereceu a devida proteção blindada à tropa, além possibilitar o aprofundamento de fogos precisos de proteção da fração, com o uso do REMAX.
A VBMT Lince, tendo em vista uma gama de peculiaridades para a sua operação e emprego, não pode ser encarada como uma simples VBTP. O preparo das frações deve ser realizado nos mesmos moldes das guarnições de blindados, onde a capacitação técnica e tática é realizada mantendo-se sempre a integridade tática da fração.
Do exposto, pode-se concluir que, a melhor constituição de um pelotão de fuzileiros para seu emprego em Op GLO em áreas de alto risco, na cidade do Rio de Janeiro, pode ser com a combinação da dotação das VBTP (GUARANI e URUTU), com as VBMT Lince.
Os procedimentos operacionais concebidos pelo trabalho conjunto entre o CA-Leste e o 15º RC Mec foram ratificados, pelo largo e exitoso emprego das Viaturas Blindadas nas Op GLO realizadas pelo CCj, durante a Intervenção Federal no Estado do Rio de Janeiro. Essas viaturas proporcionaram às tropas maior mobilidade tática, proteção blindada e ação de choque, em particular nas Operações de Cerco e Investimento em áreas críticas. Além disso, contribuíram também para o aumento do poder dissuasório da tropa, inibindo qualquer iniciativa por parte dos APOP, mitigando, assim, os riscos de danos colaterais nas operações realizadas.
Portanto, pode-se inferir que o emprego dessas Viaturas Blindadas nas Op GLO, no âmbito do Comando Militar do Leste, torna-se imprescindível para o sucesso das operações.
Nota do Autor: 1 estação de armas remotamente controlada giro-estabilizada para metralhadoras 12,7 mm e 7,62 mm que foi desenvolvida a partir dos requisitos do EB por meio de uma parceria da ARES com o CTEx (Centro Tecnológico do Exército).
FONTE: CI BLD
O Lince da IVECO é de longe o melhor veículo do gênero, bem superior aos concorrentes, é usado por exércitos modernos, tal como: Itália, Rússia, Noruega, Espanha, Reino Unido, Austria e Bélgica. O veículo já passou por todos os testes possíveis, inclusive em combate real. A empresa IVECO é de confiança, gera empregos e pesquisa no Brasil, é de um grupo italiano (o que é bom diante da nossa proximidade cultural e política), serão construídos futuramente aqui no Brasil centenas desse veículo, é a empresa que já produz o GUARANI…tudo isso irá ajudar a padronizar a força terrestre.
O exxército precisa do melhor veículo e NÃO beneficiar empresa nacional, estamos passando por uma crise nacional imensa em grande parte por esse motivo, grupos empresariais corruptos que tomaram conta do Estado, centenas de bilhões de reais dados a esses homens, sem critério algum, sem juros e a pagar em 30 anos. Desde frigoríficos (Família Batista que recebeu 11 bilhões), grupos de mídia, grupos de petróleo (Eike batista que recebeu 17 bilhões), grupos de Varejo, grupos bancários, grupos automotivos etc…Vamos acordar!
Cidadão este veículo e caro Dr comprar, mais de 400 mil euros a VTR, caro de operar, tanto que o exército britânico não aguentou e ainda no Afeganistão foi uma plêiade de problemas de motor.
No momento não deveria ser prioridade pois pelo preço de 2,5 veículos deste se compra um Guarani sem torre.
Outra coisa, oe mehor veículo Mirad hoje chama-se Dingo II, e este candango disfarçado esta muito longe dele.
ou seja! esse lince é bem caro,e apresenta
algumas dificuldades de emprego e na sua balística de proteção a tropa.
sera que o carro da àvibras também apresentou os mesmos “defeitos”?
Moço, vc leu o texto? Lá informa que a questão é que ao levar tiro no para-brisa(que suporta levar muitos conforme o texto) o mesmo fica cheio de marcas/trincas que atrapalham a visibilidade do condutor do veículo e nisso se fez(o que deveria ter sido feito antes) o treino onde se chegou a uma melhor configuração para operação GLO e tal ,operação em áreas cheias de edificações. Nenhum momento desmereceu ou desqualificou o veículo,muito pelo contrário.
Estudos , estudos , estudantes e estudos , aí mais estudos , fico admirado como são interessantes e *Ágeis* Heeiimm !!!
Os Fuzileiros Navais irão adquirir duas versões do HUMVEE, uma para tropas de Operações Especiais e outra para as tropas convencionais, inclusive no ano passado e em fevereiro desse ano técnicos da General Dynamcs visitaram o Batalhão Tonelero, para ver os requisitos propostos por aquela unidade.
Verdade! Pensava que eu era o único com essa info! Rsrsrs Se trata de uma versão muito moderna do humvee… Estão desde 2017 em conversas.