O Brasil possui uma das maiores reservas de urânio do mundo e a busca pelo domínio da tecnologia nuclear no País, iniciada na década de 1970, obteve desde então, importantes resultados, entre estes, o domínio completo do ciclo do combustível nuclear, uma conquista alcançada pelo Programa Nuclear da Marinha.
A capacidade de fabricar o próprio combustível nuclear para fins pacíficos coloca o Brasil em uma posição diferenciada no cenário internacional, diminuindo a dependência externa do País nesta atividade específica, assim como em diversas outras áreas de aplicação desta tecnologia.
O reator nuclear desenvolvido pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) para o submarino com propulsão nuclear brasileiro reúne um know how que poderá ser utilizado pela sociedade nos campos da Energia, da Medicina, da Agricultura, da Indústria, entre outros.
“O programa nuclear da Marinha traz consigo um arrasto de conhecimento tecnológico e de capacitação de pessoas que poderão, no futuro, contribuir para a evolução de diversos setores produtivos”, expõe o Contra-Almirante Newton de Almeida Costa Neto, Gerente do Empreendimento Modular da Construção do Estaleiro e da Base Naval.
Desde a criação do Programa Nuclear da Marinha, o Brasil vem adquirindo uma considerável expertise para o desenvolvimento e a produção de componentes e equipamentos, frutos da inovação e de pesquisas inéditas conduzidas pela cooperação entre universidades,empresas e a própria Marinha. São produtos com alto valor agregado, derivados de uma tecnologia crítica e, muitas vezes, indisponíveis no mercado internacional.
“Hoje temos uma base de conhecimento evolutiva que nos dá segurança para a condução do Prosub, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos, cujo objetivo precípuo é a obtenção do submarino com propulsão nuclear brasileiro.
A estrutura física do Estaleiro e da Base Naval, ora em fase de execução em Itaguaí-RJ, serve a esse propósito. É possível afiançar que ao final desse processo de construção das instalações dos submarinos convencionais, já em andamento e, por fim, do submarino com propulsão nuclear, teremos criado uma grande capacidade tecnológica e produtiva para o País”, assinala Almirante Newton.
Atualmente, a construção do Estaleiro caminha em uníssono à fabricação dos dois primeiros submarinos convencionais previstos no Prosub. A inserção de áreas específicas para a manutenção e operação do submarino com propulsão nuclear, neste estágio da obra, torna o projeto mais complexo, refletindo desde já os desafios que estão por vir no desenvolvimento crescente do empreendimento.
O projeto dessas áreas nucleares requer soluções construtivas próprias e inéditas para atendimento às necessidades do programa e, principalmente, aos rigorosos requisitos de segurança determinados pela legislação brasileira e internacional.
Esta é uma obra ímpar para o Brasil e um grande desafio para a Marinha e empresas envolvidas, pois apesar da excepcional capacitação brasileira no campo da Engenharia e da experiência nacional na construção de usinas nucleares, este empreendimento constitui a primeira instalação naval nuclear empreendida no País, o que, inevitavelmente, encerra um alto grau de ineditismo com imensos desafios de projeto e de execução.
Segundo o Almirante Newton, o desenvolvimento do projeto da área nuclear envolve inúmeras discussões com a participação de técnicos da Marinha, das empresas e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN),o que imprime maior confiabilidade para a evolução técnica dos trabalhos.
“Pessoas de grande saber estão trabalhando neste projeto que é um desafio tanto para os profissionais, quanto para as empresas envolvidas, credenciando-os e, sobretudo o Brasil, a realizar outras obras com igual ou maior complexidade. No momento, o nosso maior desafio é o licenciamento e a construção da área nuclear, por se tratar de um assunto inédito e por requerer o máximo da expertise nacional para a obtenção de soluções inovadoras próprias para este projeto.”
Com o objetivo de conferir maior celeridade e segurança ao desenvolvimento desta fase do programa, a Marinha criou uma nova gerência na estrutura organizacional existente, dedicada a área nuclear com a atribuição de coordenar a interface entre a Marinha e os diferentes interlocutores do projeto – a CNEN, a Odebrecht e o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) – e de responder pela análise e implementação dos requisitos necessários ao licenciamento da obra e à qualidade do projeto e da construção das instalações nucleares do empreendimento.
Paralelamente, a obra do Estaleiro de Construção avança com a conclusão das fundações e com o início da edificação da superestrutura para a entrega do main hall e das oficinas principais no final de 2014. O Almirante Newton explica que em se tratando de uma obra complexa, de grande porte, com diversas áreas distintas dentro de um mesmo ambiente – Estaleiros, Base Naval e Área Nuclear –, a metodologia de progresso da infraestrutura física é sincronizada com os demais projetos dos submarinos.
“O estaleiro de construção deverá ser concluído no tempo previsto para receber as seções do primeiro submarino convencional que já está em fase de fabricação na Nuclebrás Equipamentos Pesados (NUCLEP) e na Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM). Temos um prazo ousado e estamos trabalhando para cumprir este desafio.”
A aquisição dos equipamentos para os Estaleiros de Construção, Manutenção e da Área Nuclear é outro ponto crucial do projeto. Apesar da recente experiência da Marinha e da Odebrecht nas atividades de suprimento da UFEM, o volume de itens para as demais instalações é muito maior. E, tal como na UFEM, o propósito da Marinha é priorizar a indústria nacional na aquisição do máximo de itens possíveis, fomentando assim, a capacitação e a qualificação das empresas brasileiras para um fornecimento contínuo ao Prosub.
“Buscamos empresas parceiras para a produção dos equipamentos, componentes e sistemas possíveis de serem feitos no Brasil. Este é um processo que demanda anos, pois não compramos os itens de uma só vez. Temos um programa gradativo de compra de acordo com o ritmo da obra e, neste período, devemos estar atentos à evolução tecnológica para que, no término do empreendimento, tenhamos efetivamente instalações modernas e produtivas”, observa Almirante Newton.
“É importante que cada vez mais, empresas nacionais se capacitem para atender a esta demanda porque, no futuro, o Brasil será o único país da América Latina com capacitação e infraestrutura para exportar produtos e serviços de aplicação dual – militar e civil – e de alto valor agregado, assim como fazem os demais integrantes do seleto grupo de países detentores desta tecnologia nuclear naval.”
FONTE: Tecnonews – FOTOS: Odebretch
Uma pergunta, esse estaleiro em construção, será direcionado somente para a montagem de submarinos convencionais/Atômicos, ou poderá produzir navios de guerra?
só subs…
Durante muito tempo a maioria dos brasileiros foi ensinada a olhar para baixo para os próprios pés…A serem incapazes de estender o olhar na distancia, de estabelecer uma meta e ousar navegar para chegar lá!
Alguns sonhadores da MB ousaram levantar o olhar e acreditando que chegariam lá, se puseram a trabalhar e apesar das paradas impostas pela falta de apoio governamental , não perderam seu “ponto de destino”, até que chegasse alguém no governo que acreditasse neste projeto e o apoiasse…E este alguém foi o Presidente Lula…
Hoje, cada vez mais gente ergue o olhar em direção a meta distante sonhada por uns poucos no passado, meta que se concretiza diante dos nossos olhos, ensinando a um número cada vez maior de brasileiros a tirar o olhar do chão e ergue-lo para um horizonte maior, com pleno potencial de realizações futuras.
Certamente aqueles pioneiros da MB que estão vivos para ver o seu projeto se concretizando e também os que estão trabalhando hoje nele…Devem estar orgulhosos com esta realização, merecem…!
Acho que mencionar políticos só empobrece o debate deste site!
É seu direito ACHAR o que quiser, já eu por meu lado, ACHO que foi uma menção justa, ou falei alguma mentira?
Perfeito comentário Fred.
Alguns se doem por saber que este governo e o anterior foram os que mais investiram nas Forças Armadas.
O problema das nossas FFAA é o limitado orçamento, piorado pelos frequentes contingenciamentos. Isso porque o País, apesar do crescimento propiciado pela estabilidade econômica, ainda não atingiu o patamar econômico e produtivo suficientes para bancar FFAA à altura das necessidades, com meios adequados e aprestados, em que pese a qualidade excepcional do material humano que as compōem.
Todavia, creio que isso mudará.
Os projetos estão avançando e o desenvolvimento está se concretizando, não obstante a velocidade disso não ser a ideal…
E Oxalá tenhamos o “atrevimento desenvolvementista” de construir NAes, fragatas, corvetas, NaPaOc, NaPaFlu, submarinos convencionais e atômicos, helicópteros, caças de superioridade e navais, MBT, obuseiros, rifles, satélites, radares etc., pois assim teremos arrasto tecnológico suficiente para, com o uso dual de várias das tecnologias, desenvolvermos a nossa Academia e parque industrial, diminuindo a nossa dependência externa e trazendo divisas ao País.
Esta obra feita no Rio de Janeiro, toca em uma velha ferida brasileira: o bairrismo! É o barrismo que está por trás das cíticas ferozes ao emprego pela MB de um Porta-Aviões como se isto fosse um atrevimento desenvolvementista. Está também na crítica feroz e irracional ao submarino nuclear que encontramos por aí! Ele usam o partido político para esconder o bairrsmo tacanho e atrasado!
mas o submarino nuclear é uma ótima forma de esconder um projeto de bomba nuclear, dá para justificar grande numero de engenheiros e recursos alocados em um projeto sem chamar a atenção, já que que sem submarino os estrangeiros desconfiariam de vários engenheiros e maquinas sendo contratados pela MB. Ainda mais que os franceses não estão se envolvendo na parte nuclear em si, espero que o governo aproveite a chance
O Brasil não pode desenvolver armas nucleares porque é signatário do Tratado de Tlateloco. Temos que dar exemplos e respeitar os tratados internacionais!
Não, não tem porque não quis, seja em razão da vedação constitucional ao emprego da tecnologia atômica em artefatos, seja por força da ratificação ao TNP (tratado de não proliferação nuclear, que de fato só é cumprido pelos que não têm a bomba), seja porque o programa “secreto” da Serra do Cachimbo foi descoberto pelas potências estrangeiras, que exerceram enorme pressão, e o projeto foi literalmente enterrado.
Mas, no mundo conturbado e copioso de hoje, por garantia, talvez devesse tê-la…
e tivesse a bomba atomia não precisava nem de tanques, ninguém ia atacar mesmo….
Uma resposta direta: não!
Vou fazer uma pergunta aqui que tem haver com isso… O BRASIL TÊM OU NÃO A BOMBA ATÔMICA NUCLEAR?