Este texto foi escrito pelo Vice-Almirante David H. Buss, Comandante da Força Aeronaval, Contra-Almirante William F. Moran, Diretor do Guerra Aérea e Contra-Almirante Thomas J. Moore, Diretor Executivo do programa para porta-aviões.
Quando o Almirante Jonathan Greenert assumiu o cargo em setembro de 2011, como o 30° Chefe de Operações Navais (CNO), ele emitiu a “Rotas de Navegação”, que incluiu três princípios para orientar a forma com que a US Navy iria se organizar, treinar e equipar sua força no futuro: Combater, Operar à Frente e Estar Sempre Pronto.
Combinados, estes fornecem uma visão através da qual devemos ver importantes decisões operacionais e orçamentárias a frento do nosso serviço.
Diante da perspectiva de orçamentos menores da Defesa, a US Navy está às voltas com o desafio de manter um núcleo com suficiente capacidade bélica e capacitação em que ambos garantam que a Marinha permaneça “à frente” ou capaz de influenciar estrategicamente os eventos globais, mantendo a sua disponibilidade para responder a demanda.
Para a Aviação Naval, tornar realidade o príncipio !Operar à Frente” é fundamental para quem nós somos, como Força, e apoiar a orientação de defesa estratégica definida pela Casa Branca em 2012.
Para manter a liderança global, temos que possuir navios suficientes para uma presença naval permanente, capaz de operar em áreas de interesse para os Estados Unidos. Para ser eficaz, a nossa capacidade tem de ser crível e totalmente reconhecida por qualquer potencial adversário .
Como lidamos com orçamentos decrescentes, haverá pressão para buscar uma estratégia sugerida por alguns críticos (que são principalmente focados em custos a curto prazo e percepção de vulnerabilidade) para eliminar alguns dos nossos grandes porta-aviões de propulsão nuclear e converter esta “economia”, em compras de alguns meios de combate de superfície menores e navios anfíbios.
Em teoria, esta estratégia aumentaria a densidade da presença das forças navais dos EUA e atenderia a capacidade por demandas descritas na orientação estratégica de defesa atual. Mas, vamos examinar essa estratégia emergente um pouco mais de perto.
Números por si só não garantem a realização dos objetivos relacionas a presença naval, os quais incluem, como J. J. Widden observou, assistência, cooperação, segurança, influência, persuasão, dissuasão e coerção. A Marinha deve, como dito por Greenert nas suas “Rotas de Navegação”, fornecer “opções fora da costa para dissuadir, influenciar e ganhar em um era de incerteza .”
Analisando o valor qualitativo da presença naval oferecida por um porta-aviões e sua ala aérea embarcada, com relação ao valor quantitativo de um maior número de menores navios de combate de superfície, negligencia o fundamental propósito da presença naval: dissuadir, influenciar e ganhar em um ambiente incerto.
Existe um número de Marinhas em todo o mundo que possa sustentar uma força composta por navios de combate menores, mas nenhum pode igualar a presença global da US Navy. O que a distingue claramente das Marinhas do resto do mundo, são os seus porta-aviões de propulsão nuclear e a extrema eficiência (e cada vez maior) dos seus Grupos Aéreos.
Mas a força da US Navy não vem apenas hardware, e sim da capacidade de adaptação e flexibilidade desta equipe de combate que, ao longo dos últimos 70 anos, evoluiu para superar as capacidades dos seus potenciais adversários. De tempos em tempos, o caráter inovador e evolutivo da Aviação Naval provou o seu valor para deter e decisivamente contribuir nos maiores conflitos ao redor do mundo, proteger o livre comércio e, em última análise, contribuir para a segurança dos Estados Unidos.
Frotas de navios de guerra menores em todo o mundo são relativamente limitadas no que podem realizar, tanto no mar como em terra. Tiros navais são tradicionalmente eficazes próximos a costa e a evolução das armas de ataque de precisão, como o míssil Tomahawk, vem aumentando o seu alcance e precisão, além do poder explosivo e os seus efeitos cinéticos.
No entanto, estes efeitos, principalmente os cinéticos, limitado ao que nós chamamos de “lado direito da cadeia de destruição.” Um porta-aviões e seu Grupo Aéreo Embarcada, por sua vez, tem a capacidade de operar através de todo o espectro de uma guerra, incluindo o eletromagnético e o não-cinético ou o “lado esquerdo da cadeia de destruição”.
Além disso, uma ala aérea operando a partir de um porta-aviões é capaz de transcender a fronteira ar-terra com efeitos significativos (ataques de precisão), efeitos de nível médio (show de força não-cinéticos) e nível mais baixo com efeitos estratégicos significativos (cooperação de segurança ou assistência humanitária/socorro).
No final, a combinação porta-aviões/ala aérea é a única força marítima em qualquer lugar do mundo, capaz de cumprir sua missão ao longo do espectro inteiro, de assistência à coerção, com a capacidade de transição rapidamente em grandes operações de combate em larga escala se necessária.
Marinhas emergentes em todo o mundo entendem isso, e por esta razão que os países que aspiram ampliar sua influência estão construindo porta-aviões.
Como o Departamento de Defesa considera novas diretrizes para a Marinha, deve reconhecer que, em muitas situações, os Estados Unidos podem enviar uma combinação de porta-aviões/ala aérea no lugar de uma força naval maior, enquanto aproveitando ao máximo o espaço aéreo internacional e o mar, sem a necessidade de sobrevoo direitos.
O seu custo, principal argumento dos críticos dos porta-aviões, não considera que estas maravilhas de potência, eficiência e adaptabilidade evitam. Visto desta forma, o custo em dólar de um porta-aviões é uma barganha e as vantagens políticas são esmagadoras, especialmente para um país cansado da guerra e olhando para evitar compromissos prolongados em terras estrangeiras.
Mas, os Estados Unidos também está se esforçando para reparar a sua parte fiscal, e o porta-aviões é caro, sendo sem dúvida o mais complexo e tecnologicamente avançado sistema de armas na história de guerra. Mas isso tem que ser visto como um investimento através de uma lente de 50 anos de vida útil, que inclui atualizações de combate, modernização e manutenção, nesse sentido os porta-aviões tem de fato um retorno muito bom.
Considere a história do recém-aposentado USS Enterprise (CVN 65), depois de 51 anos de serviço. Projetado em uma época diferente, o lendário “Big E” estava pronto para o combate durante a Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962, assim como estava pronto para o combate durante a sua missão final, em apoio às operações no Afeganistão em 2012.
Hoje, a US Navy está construindo a classe Ford de porta-aviões. Muitos artigos recentes citam valores que vão de US$ 13 bilhões a US$15 bilhões, como sendo o custo para a construção do primeiro navio da classe, o USS Gerald R. Ford (CVN 78).
Esses números, no entanto, incluem não só o custo da construção do primeiro navio, mas também todos os custos de projeto e desenvolvimento para o toda a classe Ford, uma classe de navios que estará em serviço pelos próximos 94 anos.
Considerando o custo do projeto e desenvolvimento de toda a classe no custo do primeiro navio é como dizer que o primeiro iPhone custa 150 milhões de dólares, ou o primeiro Toyota Prius custará mais de US $ 1 bilhão. Quando o custos de concepção e desenvolvimento são removidos do inflado “valor de choque”, o custo do CVN 78, é apenas 18% mais caro do que o navio mais recente construído da Classe Nimitz.
Além disso, os investimentos na concepção e desenvolvimento da classe Ford entregarão um produto que é mais capaz e tem custos mais baixos de ciclo de vida (US $ 4 bilhões a menos) do que seus antecessores, e que continuará rendendo dividendos por quase um século.
Mesmo à luz do que o retorno sobre o investimento, os custos continuam a ser um elemento-chave, e a Marinha está aproveitando o aprendizado no CVN 78 para reduzir ainda mais os custos no USS John F. Kennedy (CVN 79). Em termos reais, o CVN 79 vai custar mais de US $ 1 bilhão a menos para ser construído que o CVN 78 e, exigirá menos homens-hora para ser construído que o último porta-aviões da classe atual.
No final, a Marinha está construindo um porta-aviões da Classe Ford a cada cinco anos, o que representa cerca de 0,4% do orçamento da defesa. Se pensarmos, ver isso a longo prazo é trazer um bom retorno sobre o investimento.
Finalmente, alguns críticos têm questionado se um porta-aviões pode permanecer relevante em um ambiente com as ameaças de amanhã. A resposta não se encontra apenas com o porta-aviões, mas também com a sua Ala Aérea. O USS Midway (CV 41), foi encomendado em 1945, com uma ala aérea composta por Corsários e Avengers. Durante o seu cruzeiro combate final na Operação Tempestade no Deserto em 1991, a sua ala área era composta de Intruders, Hornets, Prowlers e Hawkeyes.
Da mesma forma, a ala aérea da classe Ford, no final sua vida útil, será radicalmente diferente da ala aéra que CVN 78 terá no momento da sua incorporação. Ao contrário de outras classes de navios, os porta-aviões não precisam ser aposentados quando seu sistema de armas principal torna-se obsoleto. Da mesma forma, os sistemas defensivos são mais facilmente atualizado a bordo de um porta-aviões do que qualquer outro navio.
Por mais de 70 anos, o alcance incomparável, velocidade, resistência e flexibilidade da força de ataque de porta-aviões da US Navy têm apresentado aos Estados Unidos a liberdade de ação global, enquanto operacional, mesmo quando contestado, em águas internacionais e domínios aéreos.
Os porta-aviões e alas aérea permitem que os Estados Unidos ajam como elemento essencial da paz e da estabilidade no mundo. Tendo a capacidade de operar sem uma “permissão por escrito” para basear e ter acesso a sobrevoos, gerando a gama de efeitos necessários para dissuadir potenciais adversários, é mais do que um símbolo de poder. Ele é a essência do Poder.
FONTE: UT San Diego
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Defesa Aérea & Naval